Ele não consegue pegar no sono. Ela não consegue parar de dormir. Rémi e Mélanie são inerentemente diferentes - como todas as pessoas têm suas particularidades - mas estão ligados por sua solidão e ansiedade.
Muito comparado a Medianeras (2011), Encontros, do diretor Cédric Klapisch, na verdade não é uma cópia do filme argentino, mas da vida contemporânea, que é cheia de Rémi e Mélanies. As redes sociais tão presentes no longa-metragem argentino aqui têm seu papel executado por dois terapeutas que atendem os protagonistas. As angústias que estes depositam nos profissionais servem de ferramenta do roteiro para revelar os traumas e cicatrizes dos personagens.
Esse romance de tom melancólico alimenta uma espécie de expectativa durante todo o seu decorrer, enquanto como público, esperamos nervosamente que os protagonistas - que compartilham os mesmos sentimentos, a mesma rua, o mesmo mercado preferido e o mesmo gato - se encontrem por fim.
Ao final, fica uma sensação de que esse encontro era desnecessário. Embora ele venha para assumir uma mensagem mais positiva, entende-se que Rémi e Mélanie não precisam necessariamente um do outro. Eles não são almas gêmeas. São pessoas comuns. São eu e você. Cidadãos que necessitam de companhia e cuidados, mas que não estão predestinados a se encontrar. O que o filme mostra não é destino, é coincidência. Não é eternidade, é cotidiano.
Vale destacar que a obra desempenha um importante papel ao desmistificar o atendimento psicológico. Além de mostrar a importância do tratamento sob a ótica de um personagem preconceituoso e desacreditado em relação aos efeitos, Encontros apresenta psicólogos que fogem da representação estereotípica que geralmente ganham nas obras de ficção. Eles não são gênios e não herdaram o poder de dedução de Sherlock Holmes. São humanos. Se cansam, festejam, se aposentam, têm dias melhores que outros. Eles também são um pouco Rémi e Mélanie.
O calcanhar de aquiles está no ritmo da produção, que com sua cotidianidade e ausência de rompantes, sofre para engatar um clímax que leve à conclusão.
03 DE OUTUBRO NOS CINEMAS
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Ficha Técnica
Título original e ano: Deux Moi, 2018. Direção e Roteiro: Cedric Klapisch. Elenco: François Civil, Ana Girardot, Camille Cottin, François Berléand, Eye Haidara. Gênero: Drama, Romance. Nacionalidade: França. Direção de Fotografia: Élodie. Montagem: Valentin Féron. Distribuição: Imovision. Duração: 01h50mim.
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