domingo, 24 de novembro de 2019

52º Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - 1º Dia de Mostra Competitiva


A primeira noite de Festival começou com a noticia de que todos os ingressos haviam se esgotados e muita gente que queria conferir os filmes em competição no horário de estréia, não conseguiu, mas para aqueles que estão ligados na programação fica a dica: não conseguiu ver no dia, no próximo, rola reprise no museu nacional da república

Bem, vamos aos comentários dos CURTAS e do LONGA em competição exibidos na PRIMEIRA NOITE DE MOSTRA COMPETITIVA da 52º Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Curtas-metragens


Filme: Alfazema (Ficção, 24 min)
Apresentação da equipe do filme


Diretor: Sabrina Fidalgo

Estado: RJ
Classificação indicativa: 14 anos
Exibição: 23/11, às 21h, no Cine Brasília; 23/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 24/11, às 18h, Museu Nacional (Reprise)


Alfazema é uma graça. Primeiro, causa estranhamento. Depois, diverte. Por duas vezes arrancou palmas da plateia no meio de seus vinte e quatro minutos. Palmas catárticas. É uma obra sobre diversidade, sobre metalinguagem e sobre linguagem cinematográfica. E mistura seus objetos temáticos com uma fluidez invejável, trazendo quebras em seu roteiro apenas de forma proposital e com função narrativa. O filme consegue militar e trazer assuntos sérios de forma sutil e fazendo humor do jeito certo. Deus é uma mulher negra.E a diretora de tal obra, é claro, só podia ser também. 

Filme: Carne (Animação, 12 min)
Apresentação do filme pela equipe

Diretora: Camila Kater
Estado: SP
Classificação indicativa: 14 anos
Exibição: 23/11, às 21h, no Cine Brasília; 23/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 24/11, às 18h, Museu Nacional (Reprise).

Estamos apenas no primeiro dia de festival, mas arrisco dizer que o melhor curta deste ano novamente será uma animação dirigida por uma mulher, repetindo o feito que Guaxuma (ver teaser aqui) obteve no ano passado (não falo aqui do resultado que as premiações tiveram, mas do que deveriam ter tido). E também como Guaxuma, Carne traz uma animação extremamente competente e uma narrativa construída de forma doce, embora fale de algo doloroso. Mas ao contrário de Guaxuma, pasmem, Carne é um documentário. E faz aquilo que os bons documentários devem fazer: não só retrata algo verídico, como polvilha a realidade de sentimentos, trazendo a arte e a subjetividade para o aspecto jornalístico. Primoroso, foi longamente ovacionado na sessão.


Longa-metragem


Filme: Piedade (Ficção, 85 min)
Apresentação do filme pela equipe

Diretor: Claudio Assis
Estado: RJ
Classificação indicativa: 16 anos
Exibição: 23/11, às 21h, no Cine Brasília; 23/11, às 20h30, em Planaltina, Samambaia e Recanto das Emas; e 24/11, às 18h, no Museu Nacional (Reprise)

Após apresentar seu filme Big Jato (2015) na 48ª edição do Festival de Brasília e levar o prêmio de melhor longa para casa com esta obra mediana, Cláudio Assis volta ao palco brasiliense mais maduro. Em 2015, Cláudio protagonizou um escabroso episódio de machismo junto a Lírio Ferreira e Anna Muylaerte na Fundação Joaquim Nabuco em Recife. A atitude lhe rendeu vaias no Cine Brasília na ocasião da exibição de seu filme e da premiação. Portanto, não pude deixar de notar que na noite deste sábado (23), Cláudio se emocionou ao apresentar Piedade, sua mais recente obra. Arrisco pensar que ao subir no palco, o diretor foi transportado a 2015 e lembrou-se da ocorrência das vaias que não o deixaram falar, fazendo com que Matheus Nachtergaele tivesse que assumir o microfone. E gosto também de pensar que o público do Festival não repetiu a manifestação não por não se lembrar do ocorrido, mas por dar uma segunda chance ao homem, transformando assim a represália de 2015 em um castigo corretivo, não em uma sanha punitivista.

Acredito que valeu a pena dar uma segunda chance ao realizador pernambucano. 2015 ficou para trás e Piedade é infinitamente superior a Big Jato. A obra fala de muitas coisas, mas tem um roteiro coeso e que é uma delícia de ir desvendando pouco a pouco em seus primeiros minutos. Com uma duração que nos faz desejar ver mais, o filme retorna ao multiprotagonismo de Amarelo Manga e traz com cada um de seus personagens uma questão. Ambientalismo, identidade, memórias, libertação, dominação e sexualidade. Há espaço para tudo e nada sobra. Se o oscar não dependesse de políticas, repercussão internacional e normas de exibição, Fernanda Montenegro deveria concorrer por seu papel aqui como Carminha e não pela ponta que faz como Eurídice no incrível A Vida Invisível, como os realizadores do filme desejam. O restante do elenco está à altura e o clima dramático é balanceado com momentos de humor muito bem construídos.

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