quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O Juízo


Este ano foi especialmente bom para o cinema brasileiro. Produções incríveis chegaram a receber atenção nacional e internacional e a safra de 2019 veio diversa e para gostos diversos. Alguns ficaram no âmbito de adaptações de clássicos do teatro para as telas, ou se voltaram a comédia, mas vários filmes ampliaram os debates e foram atrás de gêneros e temas incomuns. Assim, não há desculpa para não estar aproveitando o cinema brasileiro e vivido toda a sua força, ainda que as politicas públicas que ajudam a estruturar o mercado estejam mancando.

Algo super notável e surpreendente durante o decorrer do ano é que o terror/suspense foi visto mais vezes nas salas de cinema comerciais - o que foge dos padrões, mas que nos faz recordar que atrás da comédia, o gênero é provavelmente o mais suscetível a ganhar boas divulgações marqueteiras. Claro, o terror brasileiro é bem distinto do norte-americano - casas nos subúrbios de classe média-alta são substituídas por moradias na periferia das grandes cidades, ademais, os conflitos entre os protagonistas e seres fantásticos viram quase sempre uma alegoria para problemas familiares, aind assim, os elementos do pavor ainda estão lá.

O Juízo, longa dirigido e produzido por Andrucha Waddington, é a mais recente produção com esta temática que vai do drama ao suspense e, por coincidência ou não, elenca elementos que aparecem constantemente nos filmes brasileiros do gênero, ainda assim, tem sabor e gosto que o diferenciam.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: O Juízo, 2019. Direção: Andrucha Waddington. Roteiro: Fernanda Torres. Elenco: Felipe Camargo, Fernanda Montenegro, Carol Castro, Kênia Bárbara, Lima Duarte, Fernando Eiras, Criolo, Joaquim Torres Waddington. Gênero: Drama, suspense. Nacionalidade: Brasil. Direção de fotografia: Azul Serra. Direção de arte: Rafael Targat. Figurinos: Marcelo Pies. Maquiagem: Marlene Alves de Moura. Montagem: Sergio Mekler. Supervisão de imagem: Sergio Pasqualino Jr. Música: Antonio Pinto Yaniel Matos Andre Namur. Som direto: José Moreau Louzeiro. Desenho de som e mixagem: Alessandro Laroca Eduardo Virmond Lima Renan Deodato. Supervisão de efeitos visuais: Claudio Peralta. Produção de elenco: Cibele Santa Cruz. Supervisão de pós-produção: Luiza Waddington Thiago Silva. Coordenação de lançamento: Paula Lima. Produtor delegado: Fernando Zagallo. Produtor associado: Carlos Diegues. Coprodutoras executivas: Tânia Pacheado Mirela Girardi Clarisse Goulart. Produtores executivos: Leonardo M Barros Maria Amélia Teixeira Renata Brandão. Produção: Eneide Maia. Produção: Conspiração. Coprodução: Globo Filmes. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h30min.
O longa segue os arcos de Augusto (Felipe Camargo), Tereza (Carol Castro) e Marinho (Joaquim Torres Waddington), uma família que, por razões financeiras, se vê obrigada a mudar para a casa abandonada dos avôs de Augusto e esta fica no meio de uma floresta.

Apesar da configuração do enredo, ou até do visual, nos recordamos de produções típicas onde “casas abandonadas na floresta” são aterrorizadas por algo maligno e vemos um terror ultra violento ou tosco,porém este filme vai em direção ao suspense psicológico, talvez não seja tão bom quanto A BRUXA, mas com breves relances que remetem ao filme. Afinal aqui, assistimos também o caminhar de uma família e esta acaba indo viver em uma casa longe de tudo. Por lá, certas forças estão tentando manipular os recém chegados.

Como dito pelo próprio diretor, Waddington, durante a coletiva da produção, a casa toma forma e pode ser vista como um personagem. Não há luz, parece morta e é bem antiga. Uma representação em si de toda a trama que se passa naquele ambiente. 


 O incomodo aqui é, sem sombra de dúvidas, a falta de tato para transmitir as sensações. As atuações até convencem, mas o filme nunca chega a fazer com que o espectador se sinta retraído ou amedrontado. Se lembrarmos do recente A Sombra do Pai, por exemplo, onde as cenas que envolvem fantasmas sempre provocam temores fortes, sentimos que O Juízo não atinge o mesmo nível e se parece mais com um drama - ainda que raso. 

Em suma, a produção não vem com um resultado redondinho e no ponto. Seu argumento é intrigante e todo seu aparato visual com ótima técnica, mas o longa esquece de divertir a platéia e quer ser sério demais. Em sua tentativa de assustar, acaba falhando, pois não instaura medo o suficiente e nem cria tensão com primor. Ainda assim, não chega a ser ridículo ou violento em excesso e não cai na linha de um terror mais cômico. Por fim, vale dizer que trazer elementos históricos brasileiros para uma produção de terror deixou ela mais atrativa. 

HOJE NOS CINEMAS 

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