O longa 1917, do diretor Sam Mendes (Beleza Americana), faz seu debut nos cinemas brasileiros hoje e com toda a experiência cinematográfica que este traz, não há dúvidas, do porquê ele é o favorito ao Oscar 2020. Aliás, foi indicado nas categorias de “Melhor Filme”, “Melhor Trilha”, “Melhor Diretor”, “Melhor Roteiro Original”, “Melhor Fotografia”, “Melhor Mixagem de Som”, “Melhores Efeitos Visuais”, “Melhor Direção de Arte”, “Melhor Montagem” e “Melhor Cabelo e Maquiagem”. Ganhou prêmios na grande maioria das premiações, nos Globos de Ouro recebeu o prêmio de “Melhor Filme” na categoria “ Drama” e sua produção também foi ovacionada no sindicato de produtores.
Filmado em plano sequência para trazer mais veracidade aos acontecimentos, 1917 segue a jornada, quase como uma missão de vídeo game, dos cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), jovens soldados britânicos, ao tentarem evitar um massacre durante a Primeira Guerra Mundial. A dupla recebe a tarefa de levar uma mensagem ao batalhão que já está a caminho do confronto. Para tanto, precisam atravessar território inimigo, se atentar ao tempo que têm, que é curto, e cumprir a ordem. Blake mais que tudo necessita o fazer, pois o irmão é um dos soldados ali.
A trama é a primeira que o cineasta Sam Mendes assina como roteirista e vem com encargo biográfico, pois reconta as memórias de seu avô detalhadas no copilado de cartas e artigos ''WWI: "The Autobiography", de Alfred H. Mendes, entre os anos de 1897-1991, (ver aqui). O elenco conta com Colin Firth, Mark Strong, Andrew Scott, Daniel Mays, Richard Madden e Benedict Cumberbatch.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: 1917, 2019. Direção: Sam Mendes. Roteiro: Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns - baseado nos aritgos e cartas do copilado WWI: "The Autobiography de Alfred H. Mendes (1897-1991). Elenco: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong, Daniel Mays, Richard Madden, Andrew Scott, Colin Firth, Benedict Cumberbatch. Gênero: Guerra, Drama. Nacionalidade: Eua, UK. Trilha Sonora Original: Thomas Newman. Fotografia: Roger Deakins. Edição: Lee Smith. Figurino: Jacqueline Durran.Distribuição: Universal Pictures. Duração: 01h59min.
O filme não toma tempo para entregar o perfil prévio dos soldados e é reto e direto. Aliás, do momento que acordam ao momento que recebem a missão, ou até mesmo ao desenvolvimento da mesma, Schoefield e Blake são seguidos pela câmera e sua edição vem como um episódio inteiro sem cortes - percebe-se que o tempo real tem um corte apenas na cena em que Schoefield sofre uma queda e o dia que estava claro, não mais está.
Os atores levaram cerca de seis meses ensaiando até o dia das filmagens e o último em cena, Cumberbatch, foi requisitado para estar todos os dias no set caso a filmagem se desse de forma rápida e chegasse até a sua entrada.
Schoefield e Blake tem personalidade distinta e se o primeiro é sério no que faz e um pouco tímido, o segundo é doce e falastrão. Em seus momentos juntos, fica claro como Blake passa a ser admirado pelo colega e este usa dessa inspiração para continuar seguindo e não entrar em pânico com toda a loucura da Guerra.
Os dois, muito jovens e claramente se mantendo em pé sem saber muito o que acontece, não são tão cautelosos quanto o deveriam e talvez pela inexperiência ao momento terrível que passam - a primeira guerra mundial durou de julho de 1914 a novembro de 1918 - agem como devem agir. E fecham sim uma parceria camarada.
A atuação de MacKay e Chapman é pontual, há um espaço ou outro em que vemos um destaque, mas o filme não se vale exatamente por isto. O primeiro você deverá lembrar do emocionante e necessário 'Capitão Fantástico' (2016) e o segundo da série de sucesso Game of Thrones. As participações dos atores consagrados Firth, Strong e Cumberbatch caem nos personagens perfeitos e estes tem suas deixas nos momentos exatos. Madden (que também esteve em Game of Thrones) tem a entrega mais emocional, devido a certo ocorrido, mas nada exagerado.
Sem sombras de dúvidas, a chegada ao terceiro ato e a consequência que se aguarda dá todo um motivo maior a trama, mas também não deixa de nos balancear pelo encontro de Schofield com uma mulher e um bebê escondidos de todo aquele terror, ou ainda quando este se põe em imenso perigo ao descer por um rio de águas incontroláveis.
A direção de Sam aqui é de um primor incrível, mas mais que isso um desafio que o próprio conseguiu se sair gloriosamente muito bem, pois a técnica usada de 'cortes mínimos e escondidos' (algo primeiro usado em Festim Diabólico de Hitchcock ) não se vê tanto hoje em dia.
Thomas Newman assina uma das trilhas mais fantásticas de sua carreira (escute aqui) - se atente ao momento em que Schoefield está nas ruínas e toda a tensão é construída pela composição de Newman. A fotografia de Deakins é algo que faz qualquer cinéfilo ficar maravilhado, imagina o olhar mais apurado (talvez seja oscar garantido, hein?!).
Thomas Newman assina uma das trilhas mais fantásticas de sua carreira (escute aqui) - se atente ao momento em que Schoefield está nas ruínas e toda a tensão é construída pela composição de Newman. A fotografia de Deakins é algo que faz qualquer cinéfilo ficar maravilhado, imagina o olhar mais apurado (talvez seja oscar garantido, hein?!).
O público acostumado as pipocas lançadas talvez demore um pouco para perceber a grandiosidade do filme, afinal, ele não apresenta grandes acontecimentos, ele todo é o acontecimento. Ainda assim, Mendes fará com que todos saiam da sala repensando o nosso passado de guerras e tudo aquilo que nos faz humanos.
Avaliação: Quatro fardas estreladas (4/5)
HOJE NOS CINEMAS
See Ya!
B-
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