Em uma ilha isolada na região da França conhecida como Bretanha, no final do século XVIII, vive Héloise (Adele Haenel) e sua mãe, a Condessa (Valeria Golino). Héloise acabou de sair de um convento e está prometida em casamento a um homem de Milão. O casamento será oficializado quando este último receber seu retrato pintado por um artista. Como era costume na época, os casamentos eram arranjados entre as famílias à distância e a única maneira dos noivos se "conhecerem" era através de pinturas. Os noivos eram apenas imagens sem sentimentos.
A artista plástica Marianne (Noêmie Merlant) acaba sendo contratada para pintar o retrato e chega à ilha para executar o trabalho. Por não aceitar o casamento com o desconhecido, Héloise se recusa a posar para o tal retrato e já havia rejeitado outros artistas. A Condessa então pede à artista que se passe por dama de companhia, capture os traços da moça na memória e pinte o retrato às escondidas em seu quarto.
Quando a mãe de Héloise precisa viajar deixa então a residência à cargo da criada Sophie (Luana Bajrami) - que deveria servir à filha e a pintora. A amizade entre as três se estreita e elas passam a ter uma intimidade velada. A criada está em um momento delicado e Marianne e Héloise a ajudam em sua decisão. Héloise e a artista começam a se envolver em um romance proibido.
Quando a mãe de Héloise precisa viajar deixa então a residência à cargo da criada Sophie (Luana Bajrami) - que deveria servir à filha e a pintora. A amizade entre as três se estreita e elas passam a ter uma intimidade velada. A criada está em um momento delicado e Marianne e Héloise a ajudam em sua decisão. Héloise e a artista começam a se envolver em um romance proibido.
A obra recria o mito de 'Orpheu e Eurídice' quando a pessoa amada é simbolicamente resgatada do inferno interior, mas aquele sentimento não pode se concretizar. Assim, ao olhar para trás e constatar a realidade, o amor eterno e romântico é destruído.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Portrait de la jeune fille en feu, 2019. Direção e roteiro: Céline Sciamma. Elenco: Noémie Merlant, Adèle Haenel, Luàna Bajrami e Valeria Golino. Gênero: Drama/Romance. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Jean-Baptiste de Laubier e Arthur Simonini. Fotografia: Claire Mathon. Edição: Julien Lacheray. Distribuição Supo Mungam Films. Duração: 121 minutos.
A história toda gira em torno de mulheres e em uma época que as mesmas não tinham voz ou autonomia. Uma artista jamais exporia suas obras com seu próprio nome, geralmente se passavam por homens, maridos ou pais. Nem mesmo estudar a anatomia masculina era permitido e as modelos eram sempre mulheres.
O universo feminino explorado na narrativa é invadido por um homem uma única vez como que para lembrar e deixar bem claro que existiam regras, limites que deveriam ser respeitados. A liberdade para viver o amor não é total.
O fogo presente em algumas cenas é um símbolo forte, representa o feminino e esse simbolismo é muito bem trabalhado pela diretora e roteirista Celine Sciamma. O fogo não pode ser domado, como os sentimentos. O instinto feminino, a atração pelo desconhecido, as diferentes formas de prazer e o auto conhecimento. Tudo é mostrado de maneira bem natural, a amizade, o romance, a decisão de ter ou não um filho e até mesmo o dia a dia de ausência da matriarca da casa. O filme aborda de maneira natural o apoio ao aborto sem julgamentos ou condenação. Uma criança ao lado chama atenção, enquanto o ato é consumado.
O universo feminino explorado na narrativa é invadido por um homem uma única vez como que para lembrar e deixar bem claro que existiam regras, limites que deveriam ser respeitados. A liberdade para viver o amor não é total.
O fogo presente em algumas cenas é um símbolo forte, representa o feminino e esse simbolismo é muito bem trabalhado pela diretora e roteirista Celine Sciamma. O fogo não pode ser domado, como os sentimentos. O instinto feminino, a atração pelo desconhecido, as diferentes formas de prazer e o auto conhecimento. Tudo é mostrado de maneira bem natural, a amizade, o romance, a decisão de ter ou não um filho e até mesmo o dia a dia de ausência da matriarca da casa. O filme aborda de maneira natural o apoio ao aborto sem julgamentos ou condenação. Uma criança ao lado chama atenção, enquanto o ato é consumado.
O amor entre as jovens arde como o fogo que queima as vestes em um encontro no vilarejo. As mulheres dançam manifestando o poder feminino. Esse fogo simbólico arderá por poucos dias, mas marcará a vida delas para sempre e será lembrado sempre que olharem para aquele retrato.
A fotografia de Claire Mathon é belíssima e mostra de forma impecável o talento da jovem artista em cenas contemplativas, plácidas, porém que escondem o turbilhão de sentimentos que une as duas amantes. Logo, o romantismo se faz presente na fotografia e a abrilhanta. As cores delineiam as personalidades - Marianne é vermelho, intensa, enquanto Héloise é verde, contida e, por vezes, azul.
O romance entre as mulheres parece bem atual, apesar de se passar no século XVIII. O relacionamento surge espontâneo, fruto da curiosidade enquanto Marianne procura ver os detalhes da musa que serão transferidos para a tela e Héloise vai se soltando, deixando seu semblante sério, incapaz de sorrir e se entregando ao amor.
O dilema da separação, o casamento que resultará do quadro terminado e a certeza que sempre haverá a lembrança do amor vivido. Por fim, o quadro será uma joia de valor inestimável que simbolizará esse amor ainda que a moral e os costumes da época seja avassaladores.
A fotografia de Claire Mathon é belíssima e mostra de forma impecável o talento da jovem artista em cenas contemplativas, plácidas, porém que escondem o turbilhão de sentimentos que une as duas amantes. Logo, o romantismo se faz presente na fotografia e a abrilhanta. As cores delineiam as personalidades - Marianne é vermelho, intensa, enquanto Héloise é verde, contida e, por vezes, azul.
O romance entre as mulheres parece bem atual, apesar de se passar no século XVIII. O relacionamento surge espontâneo, fruto da curiosidade enquanto Marianne procura ver os detalhes da musa que serão transferidos para a tela e Héloise vai se soltando, deixando seu semblante sério, incapaz de sorrir e se entregando ao amor.
O dilema da separação, o casamento que resultará do quadro terminado e a certeza que sempre haverá a lembrança do amor vivido. Por fim, o quadro será uma joia de valor inestimável que simbolizará esse amor ainda que a moral e os costumes da época seja avassaladores.
As cenas finais são de uma beleza delicada e sutil tão quão todo o longa.
HOJE NOS CINEMAS
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