Se existe uma coisa garantida no mundo dos filmes, é que tudo que é mundano e trivial um dia será o vilão em um filme de terror. Tomates, pneus e miojos assassinos, o gênero engloba as idéias mais ridículas e sem sentido ever e cria produções estúpidas que se tornam divertidas de se assistir.
É surpreendente, mas até agora não existem muitas produções que usam como 'personagens assombrados' os aplicativos de celular. A Hora da Sua Morte, porém, vem para tentar remediar esta grande falta e coloca como protagonista para tocar o terror uma ferramenta tecnológica usada em smartphones. Logo, assim que a pessoa faz o download do app, o mesmo marca a data que o sujeito deverá morrer.
E isto ocorre a Courtney (Anne Winters), uma enfermeira cheia de problemas familiares. Ao conhecer a ferramenta, a moça descobre que têm menos de uma semana de vida e seu mundo bem abaixo já que a informação altera os seus planos. Para se proteger, ela tenta fugir do que acredita que será a causa da sua morte e ao fazer isto, acaba quebrando os termos de usuário do aplicativo e gerando então o inicio dos trabalhos de uma entidade assombrosa.
O filme é ridículo. Se dá com uma mistura de Premonição (2000) e todos os lançados na franquia Ouija, todavia, ao invés das mortes absurdas, como ocorre no primeiro longa citado, nós temos apenas cenas cheias de jumpscares e um espírito que não é lá muito assustador.
As atuações também são parecidas com o filme dos anos 2000. Não são de mau gosto, mas também não se destacam. Em geral, têm se a impressão que o script é desleixado. Os protagonistas Courtney e Matt (Jordan Calloway) apresentam personalidades fracas e com poucas dimensões. Coincidementente, A Hora da Sua Morte compartilha do mesmo elemento que A Maldição da Chorona (ler comentários aqui), ambos os filmes, por alguma razão inexplicável, têm um exorcista completamente fora do personagem e tal característica é de longe a melhor parte do filme.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Countdown, 2019. Direção e Roteiro: Justin Dec. Elenco: Anne Winters, Elizabeth Lail, Peter Facinelli, Austin Zajur. Gênero: Terror. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Danny Bensi e Saunder Jurriaans. Fotografia: Maxime Alexandre. Distribuição: Diamond Films Br. Duração: 01h30min.
E mesmo que a produção não seja muito bem realizada, a diversão que ela traz, faz toda a diferença. Dá até para dizer que aquele grupo seleto de pessoas que gostam de assistir um tipo de terror mais toscão vão apreciar bastante este aqui, principalmente, por conta do clímax da história. E se você se assusta fácil, o filme também faz um bom trabalho, apesar de ser provável que o tédio apareça no que se refere a trama e seus personagens.
Baseado em fatos reais, Meu Nome é Sara, conta a história de sobrevivência e os efeitos colaterais oriundos do Holocausto da garota Sara Góralnik (Zuzanna Sukowy), polonesa, judia, que viu toda sua família ser morta pelos nazistas quando tinha apenas 13 anos de idade. Em um último contato com sua mãe, esta lhe falou para lutar por sua vida e continuar o legado da família como uma última vingança contra os ratos que se afirmavam arianos. Estas palavras marcaram a vida da jovem e o espírito de resistência a acompanhou em toda trajetória.
Sara então foge para a Ucrânia e, muito perspicaz, assume a identidade de uma amiga cristã. Também muda seu nome, negando sua origem. A garota é acolhida por um casal de fazendeiros, vivido por Eryk Lubos, como Pavlo, e Michalina Olszanska, como Nadya, para cuidar dos filhos pequenos e tratar dos afazeres domésticos em troca de um lugar para dormir e comida.
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Sara não teve tempo para ser adolescente, inclusive, nem sabia sobre as mudanças que estavam ocorrendo em seu corpo. Ela era uma criança e os horrores da guerra a transformaram em uma adulta.
A pobre garota é obrigada a mentir e conviver com uma família estranha que testa suas origens lhe oferecendo carne de porco (refeição proibida aos judeus). Ela, muito perspicaz, se comporta como cristã, nega sua religião e adota os costumes da família. Porém, intimamente, guarda suas origens e tradições.
Se a família soubesse sobre sua origem judaica, talvez jamais a tivesse abrigado, uma vez que correria o risco de ser morta também. A cena com as pessoas enforcadas e a placa "Eu escondi judeus" mostra tal perigo. A mulher ainda necessita conviver com um segredo que descobre por acaso envolvendo Nadya e um outro elemento da família.
Ficha Técnica
Título Original e ano: My Name is Sara, 2019. Direção: Steven Oritt. Roteiro: David Himmelstein. Elenco: Zuzanna Surowy, Konrad Cichon, Pawel Królikowski. Gênero: Drama, Histórico. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Lukasz Targosz. Fotografia: Marian Prokop. Edição: Agnieszka Glinska. Figurino: Emilia Czartoryska. Distribuição: A2 Filmes. Classificação: 16 anos. Duração: 111 min.
Apesar de ser seu primeiro papel em um longa com tanto peso e dramaticidade, Zuzanna Surowy dá conta do recado e nos transmite toda carga emocional que a personagem exige. É torturante sentir o desafio da garota em não revelar suas origens, nem mesmo enquanto dorme com panos na boca para evitar que fale em sonhos ou pesadelos.
O filme, apesar do baixo orçamento, consegue alcançar um padrão bastante bom e apresenta ambientação e figurinos bem convincentes e corretos historicamente falando. A locação na Polônia traz veracidade às cenas.
O elenco tem uma boa química entre eles e entregam personagens bem reais, que nos colocam frente à frente com um período terrível da história mundial, trazendo informações ricas em detalhes. A película, que foi apresentada na 43º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é o primeiro trabalho de ficção, baseado em fatos reais, dirigido por Steven Oritt, conhecido por dirigir documentários.
O fato do longa ter como produtor executivo o próprio filho de Sara, Mickey Shapiro, traz veracidade à narrativa. Mickey cresceu sabendo pouco sobre as origens de sua mãe e da luta para sobreviver, porém nos últimos 10 anos, quando tomou conhecimento dos fatos, decidiu fazer o filme e dividir com o público essa história comovente.
Os contos de fadas europeus, tendo os Irmãos Grimm como grandes expoentes, têm uma profícua história na cultura popular do século XIX até aqui. A fome e as doenças que acometiam grande parte das famílias, e que se instalavam nas crianças com mais facilidade, eram material fértil para histórias mágicas com personagens sombrios e encantados. Walt Disney teve um grande papel na reestruturação desses contos para o imaginário infantil, mas a riqueza de elementos fantásticos e a ausência de direitos sobre as obras originais facilitaram todo tipo de reencenação dessas histórias. O terror, com razão, soube se aproveitar desses universos que acolhiam elementos sobrenaturais tão bem.
Na versão de Osgood Perkins, a primeira mudança vem logo no título. A troca de ordem dos nomes, "Maria e João", deixa claro o protagonismo da garota em relação ao irmão. No filme de 2020, Maria (Sophia Lillis, a Beverly da franquia It) é uma adolescente que precisa cuidar do irmão João (o ótimo Samuel Leakey em seu primeiro papel no cinema), ainda uma criança, pela jornada na floresta. Depois da morte do pai, Maria precisa encontrar trabalho para ajudar em casa, mas logo percebe que ser criada em casa de nobres é um sinônimo de vulnerabilidade sexual. Sua mãe decide expulsá-los ao perceber que não haveria comida para todos nessa situação. Depois de alguns percalços e encontros com zumbis (isso mesmo), cogumelos mágicos e o Caçador (Charles Babalola), eles encontram a casa da bruxa Holda (Alice Krige) e a invadem quando percebem o banquete servido à mesa.
Ao contrário do perigo que se espera logo de cara do encontro entre Holda e as crianças, os três criam um sentimento de cumplicidade. O filme, então, foca-se na criação de uma aura de estranheza e mistério. Mais do que sustos, Perkins tenta trabalhar com a investigação de Maria sobre os acontecimentos estranhos na casa a partir de sua intuição afiada e desconfiança constantes.
Mas, infelizmente, o roteiro não acompanha as pretensões do diretor. Apesar de Maria ser uma personagem construída com firmeza e precisão desde o início do filme, sua jornada e os perigos que passa não fazem jus a tudo isso. Ao tentar desvendar os mistérios, o terror fica de lado. Mas os mistérios não são bons: são sempre óbvios e, mesmo assim, confusos por exigirem reações contraditórias de Maria para que a trama siga. Desse modo, sem o clima de descoberta que nos empolgue, a sensação de medo é forçada de volta à trama, mas sem muito sucesso — justamente por soar como tapa-buraco.
Perkins, então, joga suas fichas numa fotografia bem trabalhada e em enquadramentos requintados. A tentativa, aqui, parece ser a de uma ambientação visual para uma história já conhecida. Uma modernização temática — por reestruturar a bruxaria em filmes desse tipo e para esse público — e visual também ao se colocar como deleite visual "chic" para uma narrativa que não se sustenta sozinha. Tal performance é válida (Drive, de Nicolas Winding Refn, é um bom exemplo), mas apenas quando o visual possui algum pensamento sobre o cinema ou sobre o objeto retratado que se sobressaia, que funcione perto da perfeição. O filme de Perkins não consegue ir até o fim nessa missão. Assim como no roteiro que fica em cima do muro quanto ao terror e ao suspense, as imagens vão só até onde o público do tumblr as reconheceria. Talvez a culpa nem seja apenas dele, já que todos esses remendos soam como intromissões de estúdio em um filme adolescente, mas a realidade é que este é o filme que foi finalizado.
Maria e João - Conto das Bruxas é um filme que até diverte, de vez em quando assusta, e tem alguns momentos de deleite visual. Mas às vezes também aparenta uma falta de criatividade (de referências, na verdade) que enfraquece a pretensão de recontar a famosa história dos Irmãos Grimm. Ao tentar modernizá-la sem ir até o fim, tudo o que recebemos são boas atuações, enquadramentos com algumas sacadinhas e uma fotografia de papel de parede saído do Pinterest (ou seja, não é feio, mas também acaba sendo meio vazio).
Baseado no livro Sur la route des invisibles – Femmes dans la rue, de Claire Lajeunie, o longa dirigido e roteirizado por Louis-Julien Petit ''Les invisibles'', As Invisíveis na tradução, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira(20) com distribuição da Supo Mungam Films.
O filme, construído da mescla de generosas doses de humor e ironia com um drama reflexivo, retrata um recorte da história de mulheres sem teto e imigrantes que viviam no abrigo municipal L’Envol - apesar do regulamento, o qual permitia apenas assistência diurna básica, incluindo banho, comida e orientação para uma possível recolocação no mercado de trabalho.
Após uma decisão governamental, o abrigo L’Envol recebe o prazo de três meses para recolocar profissionalmente todas as mulheres que frequentavam o local e, após esse período, será fechado. As quatro assistentes sociais responsáveis pelo local, um tanto desesperadas com a situação e com grande desejo de ajudar àquelas mulheres em situação de rua, iniciam um trabalho coletivo admirável. Elas realizam entrevistas, conversam para descobrir quais eram as habilidades daquelas mulheres antes de suas situações atuais, montam currículos, criam workshops para ensiná-las novas habilidades e até tentam ocultar algumas verdades para ajuda-las, como no caso de Chantal (Adolpha Van Meerhaeghe) que aprendeu a consertar diversas coisas na prisão. As “abrigadas”, por sua vez, trabalham em conjunto entre si e com as assistentes sociais e, cada vez mais, mostram-se confiantes e determinadas.
É interessante que o diretor do filme optou por mulheres que realmente moraram nas ruas francesas para interpretarem suas personagens “invisíveis”.
Apesar do filme não enaltecer protagonistas, a personagem Audrey Scapio, interpretada por Audrey Lamy, é uma daquelas que nos “salta aos olhos”. A assistente social demonstra uma empatia singular e, muitas vezes, deixa de viver a própria vida em prol de ajudar às outras mulheres ao seu redor. Não apenas por ser seu trabalho, mas por se importar genuinamente com a situação daquelas mulheres. É profundamente tocante, por exemplo, quando em uma das cenas, Audrey sente-se impotente e, apesar de todos os seus feitos por aquelas mulheres, ela questiona seu próprio valor como pessoa.
De maneira muito bonita, por vezes intensa, por vezes leve e engraçada, o filme trata questões sociais latentes da contemporaneidade ligadas não apenas às questões de gênero, como também à etnia, velhice e desemprego. Além de, claro, a questão da assistência - humanamente um tanto questionável - dada pelos funcionários de outros abrigos, por exemplo.
Com certeza é uma produção engajada, com grande valorização da presença feminina, do protagonismo coletivo, do empoderamento e da empatia. Vale a pena sorrir – e refletir – com este longa francês.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Les invisibles, 2019. Direção: Louis-Julien Petit. Roteiro: Louis-Julien Petit e Marion Dussout - baseado no livro de Claire Lajeunie. Elenco: Audrey Lamy, Corinne Masiero, Noémie Lvovsky e Déborah Lukumuena. Nacionalidade: França. Gênero: Comédia. Trilha Sonora Original: Laurent Perez Del Ma. Fotografia: David Chambille. Edição: Nathan Delannoy Antoine Vareille. Distribuição: Supo Mungam Films. Duração: 102 minutos.
No Brasil não existe pena de morte. Mas em abril de 2019, o músico Evaldo Rosa morreu quando o carro de sua família foi alvejado pelo Exército Brasileiro (ver referência aqui). Em fevereiro de 2015, Vitor Santiago também estava num carro alvejado pelo Exército e ficou paraplégico. Um tribunal militar inocentou o cabo que efetuou os disparos em nome de uma "legítima defesa imaginária" (ver referência aqui). O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo com mais de 800 mil presos e 40% deles não possui condenação ainda (ver referência aqui). Esses são apenas alguns dos fatos que apontam a falência do sistema prisional no Brasil e no mundo.
Luta por Justiça é um filme preocupado em discutir uma parte dos problemas do cárcere nos Estados Unidos. É baseado na história real de Bryan Stevenson (interpretado por Michael B. Jordan), um advogado negro formado em Harvard que se muda para o interior do Alabama para defender presos no corredor da morte. A premissa é simples e deixa clara a narrativa que se desenrolará: uma crítica à pena capital e os percalços de Stevenson em seu caso.
O caso: Walter "Johnny D." McMillian (JamieFoxx) é um lenhador, negro, preso pelo assassinato de uma jovem branca de 18 anos dentro da própria casa. Depois de um julgamento relâmpago e com poucas testemunhas, McMillian é condenado ao corredor da morte. O filme se inicia com McMillian trabalhando e sendo abordado em sua caminhonete a caminho de casa. Sabemos que algo estranho está acontecendo. Depois que Stevenson assume Johnny D. como seu cliente e analisa os autos com um mínimo de atenção, a falta de provas contra o homem deixa evidente duas coisas: a falência e o racismo do sistema judiciário americano e a inocência de McMillian.
A inclusão desses fatos no texto não configuram spoiler uma vez que a inocência em que Cretton filma Jamie Foxx no primeiro plano do filme e o racismo que Stevenson e seus clientes sofrem nas primeiras cenas deixa clara a intenção do filme: expor o horror de um sistema que prende pessoas negras enquanto método de controle populacional. Ao adentrar o Alabama, Stevenson cruza com presidiários trabalhando em uma estrada como nos filmes que se passam durante a Lei Seca. Pior, deixa óbvia o papel de escravidão moderna nos presídios norte-americanos. (Nesse ponto, a cena da execução em cadeira elétrica é forte e bastante respeitosa). Mas a história que assistimos mal fez 30 anos. Esse anacronismo que o longa sugere expõe ao espectador, especialmente o Yankee, a reflexão: que barbaridade está sendo cometida até os dias de hoje legalmente pelo Estado? Pela maior democracia do mundo?
É nesse ponto que a película de Cretton se destaca. Narrativamente, entendemos quem são os heróis, os vilões e as vítimas. Então o filme os assume como tais, mas apenas para focar na verdadeira luta de Stevenson. Não é sobre defender McMillian de um erro grotesco, é sobre batalhas diárias para expor que o problema é estrutural. Nessa toada, fica difícil se falar de spoilers em Luta por Justiça. O trabalho de formiguinha de Stevenson e sua ajudante Eva Ansley (Brie Larson) e o olho no olho com indivíduos marginalizados são o chamado à dissolução do terror impetrado pelo Estado, não a um McMillian beatificado, mas a toda uma comunidade. Não é sobre a boa vontade do advogado Stevenson, é sobre a tentativa de destruição de um sistema.
Surge, então, a necessidade de trazer uma produção recente em comparação. O Caso de Richard Jewell, de Clint Eastwood (ler aqui), lançado em 2019, trabalha pontos muito parecidos ao filme de Cretton. Nele, também baseado numa história real, Jewell é um segurança particular obcecado pela polícia e pelo senso de justiça a que julga fazer parte do ofício policial. Depois de descobrir uma mochila com explosivos num evento das Olimpíadas de Atlanta, Jewell é tratado como um herói para logo virar o principal suspeito de plantar as bombas ali. Temos nos dois trabalhos desconfianças parecidas com o aparato estatal e com o status quo (o inocente acusado, a imprensa que corrobora), mas que operam de modos muito diferentes. Se em Luta por Justiça, Stevenson briga por mudanças estruturais (ou seja, além dos indivíduos envolvidos), em Richard Jewell, Eastwood quer destruir tudo por achar que está podre. A postura radical de Eastwood, no entanto, não põe nada no lugar a não ser a figura do herói. Eastwood quer construir um mundo utópico em que todos sejam puros e morais contra um governo que usa quem precisa usar.
Stevenson e o filme de Cretton estão mais com os pés no chão. É óbvio que ele não se isenta de construir uma imagem heroica do advogado, mas esse heroísmo se dá na prática política. Richard Jewell, então, se pauta na discussão dessa figura exemplar e na injustiça que cai sobre ela, mas apenas para encontrar o verdadeiro Sonho Americano: homens brancos com armas. É de uma iconoclastia construída em volta do indivíduo branco que precisa se reerguer depois das rasteiras que o mundo lhe deu. É revolucionário na tentativa de derrubada do sistema político, mas apenas para se mostrar reacionário na página seguinte ao se voltar para as mesmas bases que elaboraram o Estado.
Luta por Justiça sabe que a mesma liberdade não existe para as comunidades negras já que qualquer tentativa de revolta seria realmente revolucionária começando no mínimo com o fim das prisões (como era uma das metas dos Panteras Negras) e terminando com o fim do capitalismo americano.
A vilania dos racistas pode parecer exagerada, contudo, o filme faz uso das notas nos créditos que nos explicam onde as personagens estão hoje, algo comum em tramas baseadas em histórias reais, mas que aqui funcionam para mostrar que as pessoas são racistas nesse nível de verdade. Elas só precisam da oportunidade. Os casos brasileiros citados no início do texto são uma tentativa de evocar nossa memória recente para o lugar que as comunidades marginalizadas se encontram. É 2020 no Brasil, mas é 1992 em Monroe, Alabama também.
Luta por Justiça é muito tocante e respeitoso que consegue colocar onde precisa os momentos de tensão e emoção junto aos de questionamento direto à pena de morte nos EUA.
O ouriço azul dos video games da Sega é figura carimbada na cultura pop americana desde o início dos anos 90. O jogo de plataforma ganhou o amor do público e ultrapassou o mundo gamer e virou um personagem reconhecido pelo público em geral. A Sega, agora fora do mercado de consoles, usa dos personagens que têm das maneiras que lhe são possíveis: primeiro com parcerias em jogos para consoles da Sony, Nintendo e Microsoft; e recentemente com o mercado cinematográfico.
É correto que Sonic e seus amigos frequentem o audiovisual com séries animadas e filmes infantis há algum tempo, mas o filme que estreia este ano, sob a direção de Jeff Fowler, vem com a intenção de sair do nicho infantil (home vídeo ou TV) e encarar a missão dos blockbusters dos últimos 10 anos: virar uma franquia com universo compartilhado. Deste modo, a fórmula mágica do sucesso Marvel é utilizada sem qualquer cerimônia. A produção inteira corre (sem intenção de trocadilho) para as cenas importantes. Por exemplo, quando Sonic (com a voz original de Ben Schwartz) encontra o policial Tom Wachowsky (James Marsden), eles passam pelo constrangimento de se conhecerem, enfrentam o primeiro perigo do vilão Robotnik (Jim Carrey) e duas cenas depois já são melhores amigos em missão. A história pregressa de Sonic, que nos introduz a magia do mundo em que é nascido, é apresentada como justificativa para sua chegada na Terra, mas o filme se basta nessa exposição. Funciona apenas como dica de que mais elementos existem, mas não são utilizadas de maneira muito eficaz ao longo da narrativa no globo terrestre. A exceção são os famosos anéis dourados.
O longa, então, se pauta no carisma das personagens e nisso tem algum sucesso. Sonic é o herói engraçado que se espera, mas com problemas pessoais a serem enfrentados. A amizade com o xerife Wachowski e sua esposa Maddie (Tika Sumpter) é importante nesse processo, coisa comum em filmes de aventura/infantis, e o casal é simpático e bondoso o suficiente para que gostemos deles. Tudo caminha como deve ser, inclusive na vilania extrema de Robotnik que não se preocupa em se aprofundar, mas em divertir com a persona extravagante de Jim Carrey. Talvez a melhor escolha para o tipo de história e público a que a produção se dirige.
Sonic é um filme que beira o genérico e existe apenas para que os próximos existam. Um ponto de partida que nem finge nascer para ser uma aventura solo, já que antes mesmo de acabar realmente já somos apresentados ao futuro do vilão. Além da cena pós-créditos que busca expandir o universo.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Sonic The Hedgehog, 2020. Diretor: Jeff Fowler. Roteiro: Patrick Casey e Josh Miller - personagem criado por Yuji Naka, Naoto Oshima, Hirokazu Yasuhara. Elenco: Jim Carrey, James Marsden, Ben Schwartz, Tika Sumpter, Neal McDonough. Gênero: Aventura, Família, . Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Junkie XL. Fotografia: Stephen F. Windon. Edição: Debra Neil-Fisher e Stacey Schroeder. Supervisor de efeitos especiais: Alex Burdett. Distribuidora: Paramount Pictures Brasil. Duração: 01h39min.
Ano passado, no Torneio de Xadrez, anualmente realizado em Nova York, um garoto de 8 anos ficou em primeiro lugar na sua faixa etária. Não é incomum ver tal acontecimento, mas o que não acontece com normalidade é que o vencedor seja um garoto nigeriano e morador de um abrigo para pessoas em situação de rua. O que torna tal vitória ainda mais tocante e distinta das que vemos por ai sobre um professor que apostou em seu aluno, após notar o talento que ele possuía.
Interessantemente, esta não é também a primeira vez que algo assim acontece. Em 2012, na França, um cenário muito similar ocorreu e é exatamente tal história que A Chance de Fahim escolhe contar.
O filme segue Fahim (Assad Ahmad), um garoto de Bangladesh que é subitamente obrigado pela sua família a abandonar sua mãe e acompanhar seu pai em uma viagem para França, onde eles vão tentar procurar asilo. Sem saber o idioma, sem muito dinheiro, os dois se encontram perdidos em um lugar completamente diferente. Logo depois, Fahim, conhecido em sua cidade natal como um ótimo jogador de Xadrez, acaba entrando em uma escola de Xadrez, onde ele conhece o professor, Sylvain Charpentier (Gérard Depardieu).
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Ficha Técnica
Título Original e ano: Fahim, 2019. Direção: Pierre François Martin-Laval. Roteiro: Pierre-François Martin-Laval, Thibault Vanhulle, Philippe Elno. Elenco: Gérard Depardieu, Ahmed Assad, Mizanur Rahaman, Isabelle Nanty. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Música: Pascal Lengagne. Fotografia: Régis Blondeau. Figurino: Brigitte Calvet. Edição: Reynald Bertrand. Produção: Patrick Godeau. Distribuição: IMOVISION. Duração: 107 Min.
Com uma mistura bem feita entre drama e comédia, A Chance de Fahim entrega uma história comovente e divertida. Ao mesmo tempo que a película não têm medo de fazer piadas com o pai de Fahim, e o fato deste não entender francês tão bem, também humaniza muito seus protagonistas, mostrando a vida de um imigrante em um ambiente completamente nova.
Ah, e este não é aquele tipo de filme que o espectador necessita saber ou gostar de xadrez para apreciar já que o grande foco do enredo são as pessoas e os problemas porque elas passam. Mas é recomendável também ver como uma produção que toma o tempo que precisa para mostrar um cadinho a mais sobre o jogo graças principalmente a Sylvain (Depardieu). O professor, que tenta domar o estilo agressivo e arriscado de jogar de Fahim sugere exemplos de jogadores famosos como Garry Kasparov e Bobby Fisher, o mostrando casos práticos de jogos que realmente aconteceram. É algo extremamente pequeno, mas mostra também a paixão pela matemática que o jogo evoca.
Entre atuações maravilhosas e uma trama emocionante, A Chance de Fahim é mais um ótimo drama francês que envolve a gritante situação dos imigrantes e da pessoas que vivem em periferias. E que bom que cada vez mais nós temos visto produções deste nível - Os Miseráveis, que está na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional este ano, também é outro bom exemplo. Filmes que realmente impressionam.
Programação de 06/02 à 12/02:
Brasília: Cine Cultura Liberty Mall Campinas: Cinépolis Galleria Niterói: Reserva Cultural Niterói Porto Alegre: GNC – Moinhos Ribeirão Preto: Cinépolis Santa Úrsula Rio de Janeiro: Estação Net Gávea • Estação Net Rio • Cine Star Laura Alvim • Cinecarioca Jóia Salvador: Espaço Itaú Glauber Rocha • Sala de Arte Cine Daten Paseo • Sala de Arte Cinema do Museu São Paulo: Reserva Cultural • Cinépolis Pamplona • Espaço Itaú Frei Caneca Visite também: https://imovision.com.br/a-chance-de-fahim/ HOJE NOS CINEMAS
Aos fãs de comédias românticas fica a dica da estreia desta quinta-feira (06), "Quem Me Ama, Me Segue!". A mais recente leve e divertida película de José Alcala (Coup d'éclat).
No filme, o casal aposentado Gilbert (Daniel Auteuil) e Simone (Catherine Frot) mantem uma vida agitada em uma aldeia no sul da França. Simone mantem uma relação fora do casamento com o vizinho Étienne (Bernard Le Coq) e este vai embora. Ela então olha para o lado e percebe que o pouco dinheiro que tem, e, especialmente o fato de seu marido ser rabugento o tempo todo, são bons motivos para também deixar o lugar. Gilbert fica perdido com a decisão da esposa, mas sabe o que quer e com certeza é o retorno de seu grande amora.
Étienne é um ciclista amigável e boa praça, cheio de vida, ativo e ainda bem bonitão. Simone, pode ser descrita como uma mulher forte, decidida e que ainda carrega os sonhos da juventude de abrir uma pizzaria e a paixão por seus homens. Já Gilbert foi belo na juventude e queria mudar o mundo, mas ao contrário disto, se transformou em um velho reclamão e rabugento que não se preocupa com a aparência desleixada e trata sua mulher com indiferença. Um triângulo amoroso formado por amigos que se conhecem desde a juventude e moram em casas próximas.
A harmonia é quebrada pelo conflito central da partida de Étienne e a nova realidade sem Simone para Gilbert.
A juventude já vai longe, mas estes três ainda desejam viver plenamente, valorizando o amor e a amizade como sendo sentimentos eternos. As perdas da velhice os afetam de modo distintos.
- Onde foi parar aquele homem que queria mudar o mundo e pelo qual me apaixonei?* (Simone)
Gibert é um perdedor e isso o torna mal humorado, mas ele tenta de todas as maneiras reconquistar a esposa que é o grande amor de sua vida. Os dois amigos são unidos pelo amor que sentem pela mesma mulher. E Simone? Ah! Simone...como tantas outras mulheres reais, vive em silêncio o amor pelos dois.
Simone, Gilbert e Étienne certamente existem na vida real, não são apenas personagens imaginários.
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Ficha Técnica
Titulo original e ano: Qui m'aime me suive!, 2019. Direção: José Alcala. Roteiro: José Alcala e Agnès Caffin. Elenco: Daniel Auteuil, Catherine Frot, Bernanrd Le Coq. Gênero: Comédia, Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Fred Avril. Fotografia: Philippe Guilbert. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 90 min.
A bela fotografia e trilha sonora completam a história.
Quem me ama, me segue! é uma delícia de comédia. Romântica na medida certa.
A combinação de Holocausto e nazismo com humor pode parecer polêmico à primeira vista, mas diversas produções já chegaram a realizar uma versão mais lúdica do trágico ocorrido. Em ''A Vida é Bela'(1997), Roberto Benigni ousou ao exibir a visão de uma criança para o universo de terror daquela época, sem alteração de fatos, pois a realidade ficaria rondando entre os personagens como um monstro constante. Já em Bastardo Inglórios, Quentin Tarantino subverte os fatos para mostrar uma vingança de valor histórico. Nos anos 40, O Grande Ditador, de Charlie Chaplin foi cirúrgico em sua caricatura de Hitler. E agora no inicio de uma nova década, ou fim para alguns, a trama da vez é Jojo Rabbit, de Taika Waititi. A película mostra um garoto de 10 anos completamente dedicado ao nazismo, visto que seu amigo imaginário é Hitler.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Jojo Rabbit, 2019. Direção: Taika Waititi. Roteiro: Taika Waititi - adaptação do livro ''O Céu que nos oprime'' de Christine Leunens. Elenco: Roman Griffin Davis, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Taika Waititi. Nacionalidade: EUA. Gênero: Comédia, Guerra, Drama. Fotografia: Mihai Malaimare Jr.. Trilha Sonora Original: Michael Giacchino. Edição: Tom Eagles. Distribuidora: FOX FILM DO BRASIL. Duração: 108 min.
Inspirado no livro de Christine Leunens 'O Céu que nos oprime' (ver aqui), sobre um menino alemão (Roman Griffin Davis) que busca se encaixar em seu mundo. Um dia o pequeno descobre Elza, uma menina judia, escondida dentro de casa. Sua mãe, Rosie (Scarlett Johansson, que concorre ao Oscar na categoria de atriz coadjuvante), faz parte da resistência aos nazistas, cuida de Jojo sozinha e protege Elza (Thomasin Mckensie).
A abertura do longa é essencial para entender a proposta da fixação de Jojo com o nazismo. Apesar dessa premissa, o neozelandês Waititi, responsável pela direção e roteiro, entrega um filme hilário que comove e surpreende. Sua atuação como o próprio Hitler é de uma provocação incrível e uma resposta do mesmo ao abominável personagem real. Waititi é de descendência Maori/Judia.
Por fim, a partir da visão de Jojo a trama exemplifica a prisão mental daqueles que vivem e mantêm a mente sob o comando de um regime e daqueles que podem ser livres. Aprendemos com o pequeno nazista, Jojo, que amadurecer dói.
“Though nothing, nothing will keep us together. We can beat them, for ever and ever”.
(Embora nada, nada nos manterá juntos. Nós podemos vencê-los, para todo o sempre)
David Bowie, ''Heroes''.
JOJO RABBIT levou o prêmio do sindicatos do roteiristas na última semana e já é o predileto a ganhar o oscar de 'melhor roteiro adaptado'. O filme recebeu ao total seis indicações da academia, entre as que não foram citadas, 'melhor filme, figurino, edição e design de produção.
Harleen Frances Quinzel, ou melhor Arlequina (tradução para Harley Quinn), chegou ao mundo cinematográfico, interpretada pela atriz de sucesso Margot Robbie, lá em 2016, no zoado 'Esquadrão Suicida' (ler comentáriosaqui). A vilã, criada por Paul Dini e Bruce Timm, apareceu pela primeira vez na série animada do homem morcego (1992) com motivação e razão de existência clara: ser o bibelô do arqui-inimigo do protagonista, Coringa. Desde então muitas e muitas versões da personagem foram surgindo e ela pôde ser vista figurando video-games, séries de tv e filmes de animação.
Com caráter esquizofrênico e roupas sensuais, a anti-heroína e ex-psicologa de seu 'pudimzinho' ganha agora um filme só seu e em live-action com a reprise de Robbie no papel. A produção, considerada um possível start de trilogia, vem com a direção de Cathy Yan e roteiro de Christina Hodson.
Na trama, o 'relacionamento' de Arlequina (Robbie) e Coringa chega ao fim e a moça, em um primeiro momento, não aceita muito bem e decide fingir que nada aconteceu - muito por apego e outrora por conta da proteção que Coringa mantinha sobre ela. Mas não demora muito e todos ficam sabendo que eles não são mais uma dupla e Arlequina começa a ter que se virar para escapar das mãos dos bandidos e quaisquer pessoa na face da terra que tenha atormentado. O chefão de Gotham no momento, Roman Sionis/Máscara Negra (Ewan McGregor) é um dos primeiros a querer a cabeça de Quinn, mas assim que este e seu comparsa, Victor Zsasz (Chris Messina), põem as mãos nela, esta arruma uma maneira para tentar escapar.
Arlequina fica sabendo que Sionis está a procura de um diamante perdido e faz um desafio aos dois que consegue recupera-lo e assim eles a deixariam em paz e vice-versa. O que ela mal sabe é que uma pequena ladra chamada Cassandra Cain (Ella Jay Basco) está com a pedra e pode não ser que em um lugar muito acessível, já que a menina foi levada pela polícia e esta aguardando ajuda na cadeia. Harley precisa então invadir o lugar, pegar a garota e o diamante, além de fugir de todos que já a estão perseguindo.
As duas se encontram e logo, logo, por necessidade, também vão precisar da auxilio da cantora e motorista de Saonis, Dinah Lance/Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), da orfã vingativa Helena Bertinelli/Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) e da policial suspensa Renee Montoya (Rosie Perez) para fugir de uma cambada de comparsas do Máscara Negra e do próprio.
Apesar do enredo ser simples, a narrativa caminha de um jeito caótico, contudo, leve em conta que a protagonista tem a mente da mesma forma, e a escolha de tornar o filme assim, fará sentido. Bem, Quinn é extremamente cômica, abusa de um lado sexy seu, mas não deixa de ser infantil e boba como esperado. Ela mesma narra alguns dos acontecimentos aqui - como um pouco da sua infância e a jornada até o momento em que se separou do Sr. C, como carinhosamente chama Coringa. Para tal ação, usa-se animação, cenas de flashback e por ai vai. Claro, há uma leve quebra da quarta parede e tal opção se encaixa bem na produção, porém, rola um pouquinho de exagero quando Arlequina tem de explicar detalhadamente o background de todas as outras personagens que se aliam à ela - se prepare para inúmeros momentos de volta no tempo - talvez, de certa forma, uma ferramenta que peça ao espectador para manter o foco em Harley, mas não exatamente realizada com maestria. O resultado pode chegar a incomodar sim.
No entanto, o filme consegue sair do problema e resolver seus conflitos de forma consistente. Sim, haverá conveniências e o legal aqui é que o próprio fará disso algo engraçado - se atente a cena em que Harley 'troca de sapatos'.
Outro momento muito digno são os das referências não só aos quadrinhos, quando ela adota uma hiena, anda de patins na hyppada competição ''Roller Derby'' ou também quando usa adereços incríveis para botar seus planos em prática. Fora os sonhos que evocam o aclamado filme de Marilyn Monroe ''Os Homens Preferem As Loiras'' (1953).
As cenas de lutas estão tão bem coreografadas que o trabalho de Margot e suas dublês está em sintonia. E quando a moça está nos patins é outro show a parte! (Bem, ela interpretou Tonya Harding então já era esperado).
Os fãs das HQs vão perceber a baita mistureba que fizeram no longa - juntar vilões e heróis de uma mesma série e etc e tal. Talvez odeiem a idéia, mas talvez acreditem na força da trama como entretenimento.
Em tese, não soa forçado ''o girl power'' que começa aparecer sorrateiramente e logo toma conta da da produção. Isto porquê jogam-se detalhes que muito diz da causa feminista lutando por mais respeito no mundo. E quando se para pensar percebe-se que Harlequina vivia em um relacionamento abusivo e não queria sair dele - não enxergava que precisava. Quando tem sua então emancipação daquele é perseguida por todos aqueles que a detestavam, em grande maioria, homens. É inocente dos crimes que cometeu? não. Afinal, atormentou uma cidade inteira com seu pudimzinho. Ainda assim, quando se junta as #AvesdeRapina, que tem formação diferente aqui já que a Batgirl não aparece no filme, cria uma aliança de defesa 'momentânea' - e que nos quadrinhos se dá de uma forma bem distinta - onde todas entendem que devem trabalhar juntas para se proteger ainda que não concordem com a escolha de vida de cada uma ali.
As atuações são a força do filme e o destaque na certa é para a atriz Margot Robbie, mas também Jurnee e Ella. As três fazem valer seus papéis. Margot faz um sotaque à la personagens mafiosos que se encaixa muito com Quinn. Jurnee tem personalidade e Ella é de uma doçura que encanta. Ewan e Chris encarnam vilões sem limites e com sede de sangue. Sionis vem com um detalhe de figurino 'ousado' e amante de arte. Já Zsasz é assombroso e lunático.
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa traz piadas e mais piadas, uma lista de músicas marcada por bandas femininas e cantoras (Joan Jett, Heart, The Three Degrees, Patsy Cline, Kesha e etc), uma trilha sonora não tão presente, mas um design de produção de encher os olhos. Cenários e tudo o mais de uma grandiosidade que só os estúdios Warner conseguem muitas vezes apresentar. Fora esse figurino coloridíssimo e digno de passarelas.
Bem, para quem esperava algo muito bem desenvolto e uma super construção de personagens, não é aqui que verá isso, mas aos que querem se divertir com uma pipoca do universo estendido da DC talvez seja uma boa escolha no leque de estreias.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Birds of Prey: And The Fabulous Emancipation Of Harley Quinn, 2020. Direção: Cathy Yan. Roteiro: Christina Hodson. Elenco: Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Ewan McGregor, Ella Jay Basco, Chris Messina, Ali Wong, David Ury, Daniel Bernhardt, François Keo, Dana Lee e Jurnee Smollett-Bell. Nacionalidade: Eua. Gênero: Ação, Aventura, Crime. Trilha Sonora Original: Daniel Pemberton. Fotografia: Matthew Labatique. Edição: Jay Cassidye Evan Schiff. Direção de arte: Kasra Farahani e Julien Pougnier. Figurino: Erin Benach. Distribuição:Warner Bros Pictures. Duração: 01h49min.
Vá sem expectativas! Avaliação: Três sanduíches de ovos e meio (3,5/5) HOJE NOS CINEMAS See Ya!