Antonia: Uma Sinfonia


A música geralmente consegue quebrar muitas barreiras, mas quando se fala em 'música clássica', sentimos que o gênero tem um alicerce elitizado e, diria ainda, extremamente conservador. Algo que chama também a atenção e, que aparenta ser o seu ''teto de vidro'', está no tocante a quantidade de Maestros conduzindo Orquestras Sinfônicas ao redor do mundo e o número quase sempre existente de musicistas mulheres que foram e são ignoradas para tal cargo. Inclusive, quando estas atingem reconhecimento de seus talentos, nem sempre basta para que consigam conduzir uma Orquestra de modo permanente. 

Maria Peters e seu filme 'Antonia: Uma Sinfonia' entregam a cinebiografia da figura interessantissima que foi a Maestrina Antonia Brisco e que aborda o assunto quase que didaticamente e mais dramatizado do que o documentário 'Antonia: A Portrait of a Woman, de 1974. Conhecemos aqui toda a luta da pianista não só para estudar o instrumento, pois suas origens humildes não permitiam a ela pagar aulas ou adquirir um de qualidade, mas também o desafio de ir contra a corrente e aprender a ser uma condutora de renome em um universo masculino. 

O filme, que já está disponível em diversas plataformas como: Now, Claro Vídeo, Vivo Play, iTunes, Apple TV, Google Play, YouTube Filmes e Sky Play, pode ser a boa pedida do seu fim de semana e um momento de reflexão sobre as lutas femininas que precisam de apoio.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: De dirigent, 2018. Direção e Roteiro: Maria Peters. Elenco: Christanne de Bruijn, Benjamim Wainwright, Scott Turner Schofield, Seumas F. Sargent, Annet Malherbe, Raymond Thiry, Gijs Scholten van Ashat, Richard Sammel, Sian Thomas, Tim Ahern, Sara Visser, Michael Watson-Gray, James Sobol Kelly, Kok-Hwa Lie. Nacionalidade: Holanda, Bélgica. Gênero: Drama, Biografia. Trilha Sonora Original: Quintem Schram e Bob Zimmerman. Fotografia: Rolf Dekens. Edição: Robin de Jong. Figurino: Linda Bogers. Distribuidora. Duração: 02h17.
A película segue a jornada de Antonia (Christanne de Bruijn) por toda a sua ambição de se tornar uma Maestrina e conseguir conduzir concertos fora ou dentro dos Estados Unidos. A moça, previamente a descobrir seu nome de batismo, é chamada de 'Willy'. Isto porquê acaba sabendo que suas raizes estão na Holanda já que a lida diária com a mãe e o pai é permeada por conflitos. Não conhecemos exatamente tudo de forma linear e a todo momento sua movimentação geográfica parece confusa, mas vamos nos achando no enredo a partir do momento em que os anos vão passando e ela vai batalhando para ter seu espaço. 

Ao inicio ela tem um trabalho verificando ingressos nos concertos, onde chega a conhecer o investidor Frank Thomsen (Benjamin Wainwright), e parte para tocar na noite com o músico Robin Jones (Scott Turner Schofield). Começa a estudar piano arduamente para entrar no conservatório de música e até chega a ter aulas com o maestro Mark Goldsmith (Seumas F. Sargent), mas nem tudo vai como o planejado. Dos dias trabalhando para Frank conhece o Maestro Willem Mengelberg (Gijs Scholten van Ashat) e insiste que tem um sonho e quer ser Maestra, mas o envolvimento amoroso com Frank atrapalha seus pedidos de ajuda a Mengelberg. 

Ao retornar a Holanda, conhece sua história de verdade e segue para Berlim, onde insiste em ser ensinada pelo renomado Karl Muck (Richard Sammel). É quando Antonia consegue ser aceita para estudar no país que ganha a chance de conduzir a filamônica de Berlin e assim inicia uma mini tour pela europa chegando a ficar famosa. 


Temos aqui a apresentação de uma mulher fenomenal e todo seu amor pela música se transparece na interpretação regular de Christanne de Bruijn. É destacado o quão triste e dificil o background de Antonia foi, mas o que mais impressiona mesmo é a força com a qual ela lida com a pouca fé dos outros nela ou no que ela poderia se tornar. As pessoas viam sua força, mas talvez pelas origens humildes não queriam arriscar fichas que 'uma pobre coitada' como Antonia pudesse realmente conduzir um grupo de músicos e a maioria homens. 

O clichê do filme fica por conta de seu envolvimento com o investidor/produtor Frank, interpretação mediana e até sem graça do ator Benjamin Wainwright. Há aquele conhecido jogo do ódio que se transforma em 'amor' e, mais para o fim do segundo ato, a separação entre eles, devido Antonia querer mais para sua vida do que somente casar e ter filhos. Bem, todo o melodrama entre eles, chega a ser cansativo, quando não bobo.

A persongem tem momento para se redimir com a família e até para conhecer melhor os colegas -  arcos LGBTQ+ são introduzidos e acabam nos tocando e trazendo outro sabor a trama. Há uma leve contextualização da crise de 1929 e outros ocorridos históricos e isso nos situa da temporalidade junto com as escritas de ano a ano que são inseridas. 

E sim, o grande feito de Antonia chega ao fim do longa, conduzir uma Orquestra com apenas musicistas, e ganhamos uma alfinetada enorme, ou melhor, um momento para refletir, já que, apesar dp crescente e existente número de mulheres competentes no ramo, zero são reconhecidas entre os 10, 20 melhores e Antonia com todo o sucesso que teve não conseguiu sequer ser uma condutora fixa como hoje algumas já o são ou ter uma agenda digna de trabalho e oportunidades.


Maria não dirige ou escreve uma obra prima, mas seu filme tem efeito e causa em nós admiração a alguém que sequer sabiamos da existência. O emocional de Antonia é bastante esmiuçado e vez ou outra as intenções em cena são exageradas. O elenco não é primoroso, mas tem seu valor. A fotografia nos leva aos anos 20 facilmente e toda a estilização e ambientação colaboram com a construção da história. 

Avaliação: Dois pianos velhos e setenta kilos de intensidade musical (2,70/5)


Dispopnível nas plataformas: Now, Claro Vídeo, Vivo Play, iTunes, Apple TV, Google Play, YouTube Filmes e Sky Play.

See Ya!

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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