Eleanor Marx, a Miss Marx do título, é uma figura histórica, filha caçula da prole sobrevivente de Karl Marx, filósofo e pensador alemão que ditou com seus livros, principalmente O Capital, boa parte da história dos séculos XIX, XX e XXI. O longa começa com o enterro de Marx e o lindo discurso de despedida de Miss Marx à beira do túmulo, ouvida atentamente por Friedrich Engels (John Gordon Sinclair), amigo rico e provedor da família, e Edward Aveling, futuro amante.
Entramos então sorrateiramente na vida doméstica da família de Eleanor Marx. Andamos por sua casa burguesa em Londres, conhecemos a empregada, o sobrinho, o cunhado viúvo de uma das irmãs, a única irmã ainda viva, a amizade com o rico Engels. E descobrimos uma mulher magnífica, muito a frente do seu tempo, intelectual, feminista, ativista, belissimamente interpretada por Romola Garai.
Esse desejo de liberdade, de viver uma vida completa, faz com que ela afronte a Inglaterra vitoriana e vá viver como casada com o dramaturgo Edward Aveling, vivido pelo ator Patrick Kennedy. União infeliz, de muitas traições por parte do esposo, dilapidador da renda da família, e que mostra o lado conservador de Eleanor, libertária na política, no feminismo e na defesa do socialismo, mas presa a um pseudo casamento burguês malsucedido e cheio de amarras. Até que se chega a um final trágico...
Título original e ano: Miss Marx, 2020. Direção e roteiro: Susanna Nicciarelli. Elenco: Romola Garai, Patrick Kennedy, John Gordon Sinclair, Karina Fernandez, Felicity Montagu, Emma Cunniffe, Philip Gröning, Oliver Chris, George Arrendell. Nacionalidade: Bélgica, Itália. Gênero: Biografia. Trilha Sonora Original: Gatto Ciliegia Contro il Grande Freddo. Fotografia: Crystel Fournier. Edição: Stefano Cravero. Figurino: Massimo Cantini Parrini. Direção de arte: Marc'Antonio Brandolini. Duração: 01h47min.
A diretora italiana Susanna Nicciarelli põe pitadas estilosas nesse drama biográfico do século XIX, com uma trilha sonora anacrônica de hard rock, conversas de Romola Garai diretamente com o espectador, a famosa quarta parede, e alucinações da personagem principal com os trabalhadores paupérrimos de uma Londres cruel, que ela defendia arduamente.
Prestem atenção na fotografia, figurino e cenografia do filme, como se tomou cuidado em cada cena com as estampas, texturas, objetos, formando contrastes visuais elegantes e de extrema beleza. Os atores estão soberbos, principalmente Romola Garai, e o roteiro, a partir do ponto de vista feminino, mostra um ângulo interessante da luta feminista.
Nota: 7,5/10
Sessão Perspectiva Internacional
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