O Charlatão | 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

 

Para retratar a vida do curandeiro tcheco Jan Mikolásek, O Charlatão alterna entre tempo passado e presente - os flashbacks do protagonista funcionando como uma clássica cinebiografia e o presente, um típico filme de tribunal.

Jan (Ivan Trojan) mistura seu conhecimento técnico como herbalista com uma fé cega em seus supostos dons divinos para atender pacientes através de um único método: a análise de suas urinas, diagnóstico e prescrição do respectivo medicamento natural. Desse modo o personagem histórico adquire renome e uma fortuna, chegando a atender centenas de pessoas diariamente. Por mais que seja retratado em alguns momentos partindo de um lugar de altruísmo - chegando a ser mostrado dando dinheiro para que uma mãe tenha condições de cuidar de seu filho enfermo - Jan pratica sua “medicina” também por narcisismo e suas ações extremamente egoístas são expostas.

No entanto, essas contradições não são exploradas e se Mikolásek fosse um personagem meramente ficcional, poderia ser chamado de mal escrito. Aqui vamos chamar de mal apresentado. O longa-metragem tenciona complexidade ao exibir um personagem paradoxal e vê-se que a diretora (Agnieszka Holland) lhe é empática. Mas o carisma deste homem real é tão pequeno diante das câmeras e o roteiro constrói a história de tal maneira que tendemos a concordar com a alcunha que dá título ao filme. Afinal, todas as evidências de que sua medicina funcionava vêm através de memórias do próprio protagonista ou visões subjetivas do mesmo. Também o exercício de sua profissão é exposto sem nenhum contraponto do ponto de vista de seus pacientes ou das consequências - felizes ou não - na vida destes.

Ficha Técnica

Título original e ano:  Charlatan, 2020. Direção: Agnieszka Holland. Roteiro: Marek Epstein. Elenco: Jan Vlasák, Juraj Loj, Joachim Paul Assböck, Josef Trojan, Ivan Trojan, Jana Kvantiková, Martin Mysicka, Marek Epstein, Jan Budar, Claudia Vaseková   Gênero: Drama histórico. Nacionalidade: República Tcheca, Irlanda, Eslováquia e Polônia. Trilha Sonora Original: Antoni Lazarkiewicz. Fotografia: Marin Strba. Direção de Arte: Jiri Karasek. Edição: Pavel Hrdlicka. Duração:  01h58min.

O favoritismo da diretora parece ser em prol de Jan contra o próprio filme, visto que a forma rasa como ele é retratado prejudica em grande escala a qualidade da obra. Principalmente quando a perseguição política sofrida pelo herbalista (que também cometia o “crime” de manter uma relação homossexual) se torna uma caricatura maniqueísta de um confesso anticomunismo.

Tudo isso é uma pena. Se a filmografia pregressa de Holland já não deixasse expectativas para O Charlatão, seu primor técnico o faz nos primeiros minutos de exibição, criando um deslumbramento que logo será frustrado. Inclusive no âmbito cinético, pois  há trechos que beiram a pieguice, como por exemplo o que uma câmera subjetiva (POV) de Mikolásek mostra o personagem fitando as próprias mãos após curar a gangrena de sua irmã com ervas, como se o jovem herbalista encantado ao descobrir seu próprio dom fosse uma espécie de bruxo usando a magia pela primeira vez.

Sessão: Perspectiva Internacional

SERVIÇO

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Ingressos a R$6,00

Exibições DRIVE IN

BELAS ARTES DRIVE-IN |Memorial da América Latina – Entrada pela Rua Tagipuru s/no. – Portão 2. Valores de Ingresso: R$60,00 para carro com até 4 pessoas Capacidade: 100 carros Horários e Classificação indicativa: consulte a programação. Valores de Ingresso: R$65,00 para carro com até 4 pessoas

CINESESC DRIVE-IN | Sesc Parque Dom Pedro II Unidade Sesc Parque Dom Pedro II – Praça São Vito s/n | Centro Valores de Ingresso: R$40,00 para carro com até 4 pessoas Capacidade: 30 carros Horários e Classificação indicativa: consulte a programação.

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Escrito por Luana Rosa