Abel Ferrara é um diretor cult, conhecidíssimo de festivais de cinema mundo afora, tão famoso nos cinemas de arte que nem precisa ser apresentado para os frequentadores da Mostra. Quando ele se junta a um dos seus atores fetiche, Willem Dafoe, prepare-se para a explosão de criatividade! E que festa de cinema ele consegue conceber! Sequências oníricas de tirar o fòlego, roteiro intrincado, cenas malditas, filme que vai assombrar gerações de cinéfilos por décadas!
É praticamente a vivissecção de um estado-unidense branco hetero de meia idade, com camadas e mais camadas de sua alma sendo expostas à curiosidade do espectador, em sequências cruéis de desconstrução e reconstrução de masculinidade.
As cenas são belíssimas. A fotografia do filme de 92 minutos é um trabalho primoroso. As vastidões geladas da Sibéria, os desertos do Oriente Médio, os corpos nus das mulheres de várias etnias e idades, os cães huskies siberianos, as cenas de violência, sangue e assassinato, os indígenas inuit, a tudo a câmera ama e voyeuriza, revelando um mundo primevo e fascinante.
Título original e ano: Sibéria, 2020. Direção: Abel Ferrara. Roteiro: Abel Ferrara e Christ Zois. Elenco: Willem Dafoe, Dounia Sichov, Simon Mcburney, Cristina Chiriac, Daniel Giménez Cacho, Fabio Pagano, Anna Ferrara, Phil Neilson. Gênero: Drama, Fantasia, Horror. Nacionalidade: Alemanha. Trilha Sonora Original: Joe Delia. Fotografia: Stefano Falivene. Edição: Leonardo Daniel Bianchi e Fabio Nunziata. Direção de Arte: Luiz Antonio Ordoñez e Laura Pozzaglio. Duração: 92min.
Roteiro inteligente, as sequências oníricas têm um encadeamento lógico. Elas revelam a alma por trás do homem interpretado brilhantemente pelo ator Willem Dafoe. Não espere uma estória comum, é um compilado de idéias e sentimentos. Conhecemos deste personagem seu relacionamento com o pai, sua interação com as mulheres e com o filho, sua busca por conhecimento e compreensão, sua propensão à violência, sua visão do Mal, sua fé na Ressurreição. Nada fácil, tudo escondido nas entrelinhas dos sonhos e das sequências mágicas. É o tipo de filme em que cada um vai ter uma visão própria e ver um significado único.
Filme cabeça, um Hemingway com muito LSD, nunca a masculinidade foi mostrada de uma maneira tão divertida, bela e cruel! O site do IMDB explica que esta película se enquadra em drama, fantasia e horror. Precisa falar mais o quê?
Nota: 9/10.
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