quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Babenco – Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou | Somente nos Cinemas

 
Talvez, para muitos jovens, a primeira vez que se ouviu falar em Hector Babenco foi em 2003 quando este lançava o estrondoso 'Carandiru'. Para outra parcela, e, obviamente, mais vivida, o diretor está na memória pela super conquista de uma indicação ao Oscar, no ano de 1986, pelo aclamado 'O Beijo da Mulher-Aranha', estrelado por Sônia Braga e William Hurt. Na ocasião, Babenco recebeu nomeação ao lado de outros grandes nomes da indústria e orgulhou não só os argentinos, seus compatriotas, mas também o Brasil, terra que escolheu para viver e trabalhar desde os anos 70. 

O cineasta, falecido em 2016, aos 70 anos, tem em seu currículo cerca de doze filmes e durante o desenvolvimento de muitos destes trabalhos viveu dias impossíveis de se imaginar. Babenco viveu com o câncer indo e voltando desde os 38 anos de idade e fez tratamentos e mais tratamentos durante os loucos dias de filmagem sem que ninguém percebesse suas dores mais profundas.

Alegre e com um astral sem igual, Babenco pensava e respirava cinema. Assim, sua poesia cinematográfica bem como todo o seu jeito sortudo de ser é personagem no documentário Babenco – Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz. A película que passou por mais de 20 festivais por todo o mundo chega hoje aos cinemas brasileiros e foi selecionada pela comissão julgadora para representar o país na próxima edição do Oscar. 

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Ficha Técnica


Título original e ano:  Babenco - . Direção: Bárbara Paz. Roteiro: Maria Camargo, Bárbara Paz. Elenco: Hector Babenco, Willem Dafoe, Bárbara Paz. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Direção de fotografia: Stefan Ciupek, Carolina Costa, Bárbara Paz. Montagem: Cao Guimarães e Bárbara Paz.  Consultoria de montagem: Yael Bitton e Karen Harley. Supervisão de Edição de Som: Miriam Biderman, ABC ; Rodrigo Ferrante. Trilha Sonora Original: O Grivo. Produtor associado: Willem Dafoe e Petra Costa. Produção: HB Filmes. Coprodução: Gullane e Ava Filmes, Lusco Fusco, Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil. Produzido por: Bárbara Paz. Coproduzido por: Caio Gullane e Fabiano Gullane. Produtora: HB Filmes - Myra  Babenco. Distribuição Brasil: Imovision. Duração: 01h11min.

A película é sentimental, bela, real e não foge do seu papel de recontar quem foi este homem tão único chamado Babenco. Poliglota, de mãe judia, múltiplas nacionalidades e atento a um Brasil cheio de desigualdades e diverso, ele era artístico e muito anarquista. 

Não vemos ao exato uma cronologia certinha dos acontecimentos de sua vida, mas temos imagens, vídeos de entrevistas do mesmo e de quem trabalhou com ele que remontam uma era de muita produtividade para o diretor. Sua doença também tem espaço na tela. Aliás, seus últimos dias são mostrados com muita delicadeza pela diretora e esposa. 

Paz vê em preto e branco um homem sonhador e que vivia arte em todo o seu ser. Até tenta a ensinar sobre os planos em certo momento e fica bravo se aluna não faz o que pede, mas esta entende seu anseio e sua acolhida e vai aos pouquinhos focando e abrindo o plano como ele a pedira. 

Alguns artistas e amigos aparecem aqui e revelam como Babenco era doce, detalhista e dedicado, a parte de ser um baita diretor. Aliás, com sua força de vida contagiante e imparável ele sequer pretendia morrer. Não mesmo. Ele é uma chama viva. Um coração que não para nunca.

Vale o ingresso, a emoção, a torcida e, sem dúvidas, a admiração.

Avaliação: Quatro doses de entrega, energia, trabalho e muita força  (4/5).


Site do filme: http://babencotellmewhenidie.com/


SOMENTE NOS CINEMAS

See Ya!

B-

Pacarrete | Somente nos Cinemas

 
Ser diferente do padrão quase sempre é motivo de desrespeito ou até abre espaço para que as pessoas sejam preconceituosas quando não deveriam o ser. E pode talvez ser relativo, mas o comportamento social das pessoas na cidade grande, muitas vezes, tem menos poder julgador que o mesmo comportamento mostrado no interior. Afinal, nas megalópoles o diferente é, no geral, tido como comum pelas inúmeras opções de estilo de vida que pode se levar ali.

Maria Araújo Lima ou melhor ''Pacarrete'' é um exemplo claro desta fala. Professora de Balé, dançarina e artista, a mulher viveu em Russas (CE), entre 1912 e 2005, e era chamada de 'maluca' por viver de uma certa forma fora do padrão em uma sociedade interiorana. Bailarina, de opinião e independente, Pacarrete, como gostava de ser chamada e que em francês significa 'Magarida', não teve o reconhecimento devido em vida, mas é agora lembrada na telona em longa que já chega premiadíssimo de festivais e aclamadíssimo pelo público. 

A produção tem direção de Allan Deberton, conterrâneo de Pacarrete, distribuição da Vitrine Filmes e no elenco estão Maria Cartaxo, João Miguel, Zezita Matos, Soia Lira, Samya de Lavor Débora Ingrid, Edneia tutti Quinto e Rodger Rogério. Foi exibida no Festival do Rio em 2019, na Mostra Sp, também de 2019, como em muitos outros Festivais nacionais e internacionais, e saiu ganhador de 8 kikitos no Festival de Gramado ano passado. Incluindo, Melhor Filme, Melhor Filme pelo Jurí Popular, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Marcelia Cartaxo), Melhor Atriz Coadjuvante (Soia Lira), Melhor Ator Coadjuvante (João Miguel) e Melhor Desenho Sonoro.

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Ficha Técnica

Título original e ano: Pacarrete, 2019. Direção: Allan Deberton. Roteiro: Allan Deberton, André Araújo, Samuel Brasileiro e Natália Maia. Elenco: Marcélia Cartaxo , Zezita Matos, Soia Lira, João Miguel, Samya de Lavor, Débora Ingrid, Edneia Tutti Quinto e Rodger Rogério. Gênero: Drama, comédia. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora: Fred SilveiraFotografia: Beto Martins. Edição de Imagem: Joana Collier. Edição de Som: Cauê Custódio e Rodrigo Ferrante. Mixagem: Rodrigo Ferrante. Som Direto: Márcio Câmara.Figurino: Chris Garrido. Direção de Arte: Rodrigo Frota. Maquiagem: Tayce Vale. Produção Executiva: Allan Deberton e Ariadne Mazzetti. Produção: César Teixeira e Clara Bastos. Preparação de elenco: Christian Duurvoort. Coreografia: Fauller e Wilemara Barros. Parceria: Telecine, Canal Brasil, Mistika, Mix Estúdios e Governo do Estado do Ceará. Distribuição: Vitrine Filmes. Agente de vendas: O2 Play. Duração: 97 min.

A película enaltece toda a cultura que esta mulher de fibra possuía. Amante da dança e da cultura francesa, Pacarrete (Maria Cartaxo) não esquece quem foi e faz questão de lembrar a toda a vizinhança quem é. Os anos de juventude se passaram, mas ela não deixou de ser vaidosa, de ter etiqueta e de praticar sua arte, ainda que os ossos já não sejam os mesmos. 

Sempre varrendo sua calçada e amaldiçoando até o vento que pisa nela, a mulher é sempre vista gritando e se irritando com àqueles que não a entendem, e sequer procuram o fazer. Ao saber então da festa de aniversário de Russas se programa a treinar todos os dias para performar um espetáculo de balé e fazer as pessoas engolirem seus olhares maldosos para com ela. Consegue uma reunião com a organizadora do evento, e, claro, parente do prefeito do município, mas a mesma só faz enrolar a bailarina. Ainda assim Pacarrete vai a costureira e solicita que faça um belo traje de dança. Daqueles que lembram as bailarinas de ''O Lagos dos Cisnes'' e durante a passagem de tempo fica visitando a mulher para ir ajustando a roupa.

A artista vive com a irmã já idosa e doente e mais uma amiga e está sempre falando de seus planos ou reeducando as mesmas. Vez ou outra também vai a mercearia de Miguel (João Miguel), seu único amigo nas redondezas, e pede para saber quanto está o preço do euro, pois quer ir a Paris em breve. O homem é sempre muito gentil com Pacarrete e cria um laço de amizade muito bonito. Isto porquê Miguel não só admira a doce cearense de voz forte, como também a respeita.


O filme é um dos mais belos que você verá neste ano, se der a chance merecida à ele. Abordando aspectos distintos como velhice, arte e respeito as diferenças ele ainda no faz perceber as dores do mundo feminino. Logo, Pacarrete encanta e derrete nossos corações. Também nos faz refletir por si só e é na certa é aquela sessão para se emocionar. 

Aos aspectos técnicos da película também há de se bater palmas. Figurino acertadíssimo e bem pensado aos personagens. Claro, principalmente, ao papel de Cartaxo. Vestidos bem cortados e chapeuzinhos à la moda francesa. Maquiagem é também outro detalhe super bem destacado nela. E a atuação de Maria faz o resto. Traz um trabalho de corpo particular e uma voz característica e marcante. O que torna uma mulher real em um personagem lendário e para ser eternamente louvado. Direção de Arte faz os olhos enxerem também.

Allan entrega ao público seu primeiro longa e um que nos faz ficar atentos ao que ele fará em seguida, afinal, é preciso muita delicadeza para capturar a força de uma mulher incompreendida e rejeitada pelos seus. 

Avaliação: Cinco cisnes encantadores no deserto cearense (5/5).

SOMENTE NOS CINEMAS

See Ya!

B-

Invasão Zumbi 2: Península

 

Em 2016, o diretor Sang-ho Yeon conquistou um baita recorde com seu filme 'Invasão Zumbi'. A película se tornou uma das maiores bilheterias na Coréia o Sul e faturou ao redor do mundo cerca de 93.1 milhões. O longa era o quarto filme a ser dirigido por ele que já tinha experiência em séries e curtas e contava como passageiros de um trem tentam sobreviver no percurso e Seoul a Busan, após um vírus mortal se proliferar. Algo similar foi visto no longa de 72 ''Expresso do Horror'', mas o trabalho de Yeon é fenomenal de bom. 

Ao ser questionado se traria uma continuação, o cineasta disse que era muito cedo para pensar nisso, mas que não tinha ao exato momento essa t, contudo, três anos mais tarde, o filme conseguiu sair do papel e em 2020 ele finalmente chegou as telas. A sequência vem com um subtítulo de 'Península' e não tem relação direta com os personagens do primeiro filme. É o famoso 'Stand alone', ou seja, pode ser assistido sozinho sem a necessidade do primeiro. 

Invasão Zumbi 2: Península mostra, em seus momentos iniciais, o oficial do exercito Jung Seok (Dong-Won Gang) fugindo com a irmã, o cunhado e o filho deles. O grupo precisa chegar até um navio que os levará a um lugar para ficarem isolados, porém no caminho não só veem pessoas se transformando em zumbis como alguns civis pedindo socorro. Um destes, é um homem que pede ajuda para retirar a filha pequena dali. A menina está nos braços da mãe e a mulher chega a bater no vidro do carro. Ainda assim, Jung acelera e vai em frente, afinal, eles podem estar contaminados. O militar e sua família conseguem então chegar a embarcação, como também outras pessoas, todavia, alguém ali estava contaminado e se transforma em zumbi. O ocorrido faz muitas pessoas se contaminarem e o militar e seu cunhado são alguns dos únicos que sobrevivem. Após o ataque dentro do navio ser noticiado, muitos países que iriam receber os refugiados sul-coreanos, se negam. E eles ficam ilhados em nas redondezas. Contudo, certo dia, certo dia, chega a notícia que existem um caminhão cheio de malas contendo dólares e eles precisam voltar a cidade para buscar, pois o dinheiro poderá os levar a outro país e recomeçar a vida. 

O que eles não sabem é que um grupo com suas próprias leis está caçando pessoas para alimentar os zumbis como forma de divertimento. E eles terão então não só que fugir dos comedores de cérebro como também de homens sem escrúpulos. A trama se passa quatro anos após o vírus se espalhar.

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O primeiro Invasão Zumbi tem um frescor e escolhas fenomenais para uma narrativa do gênero. Não é atoa o seu sucesso tremendo. Deste modo, vale dizer que a continuação do longa não traz em si tantas surpresas, mas convence bem e é enérgico. 

Assistimos os personagens centrais se preocuparem não só com os zumbis, mas também o egoísmo humano e sua forma mesquinha de lidar com situações apocalípticas. Quando começamos a observar Jung tentando salvar sua família, o próprio acaba pecando neste quesito também. A reflexão dele sobre o que fez chega anos mais tarde e com sua pele sendo salva por alguém que ele hesitou em resgatar.

quando Jung e seu cunhado saem da península para tentar recuperar as malas de dinheiro que podem os salvar eles traçam jornadas diferentes. Um tem a sorte de ser salvo por um grupo formado por duas meninas, a mãe e o avô. E o outro vai sofrer na mão de um conjunto de pessoas extremamente vis e maldosas. Portanto, se um deles tem tempo para repensar o que fez e até criar feição pelas mulheres fortes e o homem que o salvam, o outro começa a temer por sua vida constantemente. 

O filme tem não só diálogos em coreano como em inglês e entrega várias referências de filmes de ação e também de zumbi que já vimos antes, contudo, se sobressai no que propõem e faz valer a ida ao cinema.

A fotografia vem de acordo. Escura, esverdeada, com takes feitos por câmeras noturnas e muitas cenas com a câmera na mão. O design e a ambientação revelam um mundo sem vida. Contaminado, sujo, sucateado e totalmente perdido. 

Yeon é sem sombras de dúvidas muito criativo e traz muita dinamicidade em sua direção. Não deixa em nenhum momento o filme ter um tom parado e morto, pelo contrário, está sempre jogando a história pra frente e visualmente resolve conflitos de uma forma bem prática. Há sim clichês e obviedades aqui, mas não é de um todo algo que estraga a jornada dos personagens.

Com um elenco afiado, uma narrativa atraente e muitos, mas muitos zumbis famintos, Invasão Zumbi 2 é uma ótima pedida.

Avaliação: Dois corações valentes e meio (2,5/5)

SOMENTE NOS CINEMAS

See Ya


B-












quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Meu Querido Elfo


A comédia russa com toques de fantasia Meu Querido ElfoDomovoy  no original - é dirigida por Eugeniy Bedarev, que também assina o roteiro com Dmitriy Bedarev, está finalmente chegando aos cinemas nesta quinta-feira (26), após ter sido exibida a imprensa brasileira em março deste ano.

Os cinemas se adaptaram as novas normas de segurança e vem mantendo a higiene das salas para receberem o público. Logo, não esqueça de fazer a sua parte usando máscara e se comprometendo com o distanciamento social. 

Bem, voltando ao filme. 
Este é daqueles para se assistir em família e dar boas gargalhadas com as trapalhadas deste elfo tão cativante e que promete divertir as crianças bastante.

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Ficha Técnica
Título original e ano: Domovoy, 2019. Direção: Roteiro: Elenco: Ekaterina Guseva, Alexandra Politic, Pavel Derevyanko, Olga Ostroumova- Gutsshmidt e Sergey Chirkov. Gênero: Fantasia, Familia. Nacionalidade: Rússia. Distribuidora: A2 Filmes. Duração: 95min.
A história é a seguinte. A mãe Vika (Ekaterina Guseva), sua filha Alina (Alexandra Politic) e o gato (voz de Pavel Derevyanko) estão realizando o sonho do apartamento próprio. O que eles não imaginam é que o tão sonhado apê viria com um brinde surpresa e mágico:  um elfo doméstico! De cara pode ser que você se lembre do fiel escudeiro de Harry Poter, Dobby. Um elfo todo bonzinho e que fazia de tudo para agradar o amigo. Este não é o caso aqui.
 
O elfo em questão (Sergey Chirkov) está preso na casa há séculos por uma maldição que certa bruxa maligna o jogou e não quer dividir seu espaço com inquilinos. Via de regra, se fosse seguir o que diz a mitologia russa, o elfo doméstico, denominado "Domovói", seria um espírito protetor do lar, amistoso e tranquilo, que circula pela casa cuidando e protegendo seus habitantes, que até podem o percebe sutilmente. Além disso, amigo das crianças e dos animais e na sua, pois não interfere na rotina familiar. 
Mas, o nosso "querido" elfo é o oposto do que foi citado.


As atrapalhadas dele começam quando as duas tentam convencê-lo a fazerem amizade com elas e juntos se livrarem da bruxa Fima (Olga Ostroumova- Gutsshmidt). Fima, a princípio, fora contratada para exorcizar o elfo, mas se aliou a um agente imobiliário sem escrúpulos que quer lucrar com a venda do imóvel. No meio desta confusão surge algo inusitado: um tesouro escondido no lugar.

Quem rouba as cenas é o gato, único que vê o elfo e interage com ele dando o tom divertido da história.
A trama se desenrola praticamente o tempo todo dentro do apartamento. Logo, o roteiro é bem simples, visa atrair o público infanto-juvenil, apesar de ter algumas situações um pouco impróprias e mais adultas.

De que lado ficará o elfo? 
Será que ele vai terminar ficando amigo das novas inquilinas? Só assistindo para saber! E bem, o filme irá agradar os amantes do universo da fantasia e ainda diverti-los com muito bom humor embalados por uma trilha pop.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Convenção das Bruxas (2020)



O aclamado escritor Roald Dahl (A Fantástica Fábrica de Chocolates e Matilda) lançou o livro infantil ''As Bruxas'' em 1983. Em seu texto, conta como um garotinho norueguês que vivia se metendo em encrencas mal sabia que bruxas existiam até mexer com a mais poderosa entre elas. O livro foi adaptado para os cinemas em 1990 e deixou Dahl altamente insatisfeito, apesar de ter adorado que Angelica Huston foi escolhida para o papel da Grande Rainha Bruxa. Ademais, sabe-se que o autor deixou em seu testamento afirmação para que nenhuma de suas obras chegassem a ser adaptadas novamente e não se sabe se a família irá ou não cumprir o desejo deste, porém, como algumas já tiveram autorizações prévias a sua morte, os estúdios conseguem relançar remakes. 

Convenção das Bruxas, de Nicolas Roeg, ganha então nova roupagem com direção de Robert Zemeckis (O Expresso Polar e De Volta Para o Futuro) e apresenta as novas gerações um clássico da sessão da tarde com muita diversidade e até mais fidelidade ao livro de Dahl. Anne Hathaway, Stanley Tucci, Chris Rock e Octavia Spencer são os grandes nomes do elenco. 

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: The Wiches, 2020. Direção: Robert Zemeckis. Roteiro: Robert Zemeckis, Guillermo del Toro e Kenya Barris. Elenco: Octavia Spencer, Chris Rock, Anne Hathaway, Stanley Tucci, Jahzir BrunoBrian Bovell, Josette Simon, Orla O'Rourke, Charles Edwards, Codie-Lei Eastick. Gênero: Aventura. Nacionalidade: UK, EUA. Trilha Sonora Original: Alan Silvestri. Fotografia: Don Burgess. Edição: Ryan Chan e Jeremiah O'Driscoll. Figurino: Joanna Johnston. Supervisor de Efeitos Especiais: David Holt.  Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração: 01h47min.
Nesta nova releitura da história original, vemos um elenco menos caucasiano e ao invés de termos como palco a Noruega e a Inglaterra, somos levados a conhecer o Alabama nos Estados Unidos de outras décadas. O jovem garoto que foi uma vez chamado de 'Luke' aqui é descrito como no livro e não tem nome, é apenas o 'garoto herói'. Sua avó, papel de Spencer, o socorre após os pais falecerem e este vai morar com ela e até ganha um ratinho. Avós são ótimas contadoras de história e a do menino o revela como existem bruxas no mundo e como elas se parecem com pessoas comuns quando não o são. A mulher o dá todos os detalhes possíveis ''elas não tem mãos, usam luvas para esconder as garras, seus pés tem os dedos decepados e são todas carecas''. Também não esquece de dizer que as bruxas odeiam crianças, pois para elas as crianças fedem, e , por tal fator, gostam de as transformar em bichos. A avó do garoto sabe disto, pois teve uma amiguinha transformada em galinha quando tinha a idade do neto e se lembra bem como as bruxas chamavam as crianças para dar doces e enfeitiça-las.

Um dia, o garoto está brincando e uma mulher estranha se aproxima com várias das características que a avó mencionara e ele corre para contar a ela. A guardiã do pequeno sente o perigo e decide então viajar com ele para um hotel chic a quilômetros dali e consegue uma bom quarto por conhecer um dos funcionários. O que mal sabe é que chegando ao lugar irá encontrar ainda mais bruxas, pois elas marcaram uma reunião por ali para tramar o fim das crianças em todo o mundo.


O filme tem narração do personagem principal já com voz de adulto, parte que cabe ao fenomenal Chris Rock, e algo que este ganha, que o longa dos anos 90 não tem, são os 'backgrounds' de algumas das histórias da avó. O ato final do filme também é de acordo com o do livro e  toda a produção consegue ter um tom infantil engraçadinho e assustador ao mesmo tempo. 

As características das bruxas são quase as mesmas, exceto que aqui realmente foram interpretadas por mulheres e não por homens carecas como anteriormente. A Grande Bruxa Rainha de Anne Hathaway é tão sinistra como a de Angélica Huston, mas aqui ganha uma boca enorme ao invés de um corpo deformado e também usa uma peruca loura. Caso não se lembrem, a personagem possuía uma secretária, alteração para a tela que não entra aqui e no filme de Roeg tem valia para um fim mais alegre. 

Tucci, que aqui vive personagem que foi de Rowan Atkinson, aparece em poucas cenas, mas contracena tanto com Spencer como com Hathaway, com quem já trabalhou em 'O Diabo Veste Prada'. Se os atores adultos conseguem trilhar um bom caminho, as crianças fazem ainda melhor e são ótimas na dublagem já que acabam sendo transformadas em roedores. 

A nova era do cinema digital ajuda o filme a ter efeitos especiais totalmente manipulados no computador e estes se tornam altamente perceptíveis. Portanto, pode ser que para alguns espectadores, eles sejam um pouco grosseiros.  


O remake tem diferenças muito claras da primeira adaptação e se aquela nos ganha pelo ar noventista de sessão da tarde e todos os seus efeitos toscos, esta se mostra mais moderna e visualmente mais classuda, ainda que não seja memorável. 

HOJE NOS CINEMAS

See Ya!
B-

Enquanto Estivermos Juntos

 

A história de vida do cantor gospel Jeremy Camp chega as telas após ter sido contada em livro escrito pelo músico em parceria com David Thomas. A película faz um recorte especial da vida de Camp. O seu encontro de amor com a jovem Melissa que conhece um dia durante um concerto gospel nos tempos de faculdade, mas também revela seu foco para entrar no ramo da música e a relação familiar com os irmãos e os pais. Na produção Camp é vivido por K.J. Apa e Melissa por Britt Robertson. No elenco ainda estão a cantora Shania Twain e os atores Gary Sinise e Nathan Parsons. O filme tem direção dos irmãos Erwin, Jon e Andrew.

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A jornada do jovem Jeremy Camp se inicia quando sai de casa para adentrar o mundo universitário. A família comovida, o presenteia com uma nova guitarra para que ele consiga persistir e lutar por sua carreira musical. Jeremy demonstra ter um afeto grande pelo irmão que apresenta necessidades especiais e dá a ele acesso total para se comunicarem mesmo de longe, deixa o celular para que o menino o ligue quando quiser. O pai e a mãe, interpretados respectivamente por Gary Sinise e Shania Twain, ficam claramente orgulhosos e ainda mais emocionados com toda a dedicação de Jeremy. 

O garoto chega a universidade, mas não é esta parte que o filme decide recortar e sim seu encontro com um também jovem músico gospel chamado Jean-Luc (Nathan Parsons). Jean-Luc é uma inspiração para Jeremy e até o ajuda a subir no palco algumas vezes. Em um destes momentos, Jeremy conhece ali na multidão a linda e devota Melissa e se apaixona no ato. Os dois começam então a se encontrar aqui e ali e um sentimento honesto começa a surgir. Aos poucos, contudo, o rapaz percebe que Jean-Luc também tem uma paixão por Melissa, mas esta não corresponde e prefere que o lance com Jeremy fique escondido para não magoar o amigo. Claro, os planos dela não dão certo e a amizade do trio ou até mesmo o relacionamento com Jeremy estremece. Porém, nada disso importa quando a menina descobre estar doente.


Ficha Técnica
Título original e ano: I Still Believe, 2020. Direção: Jon Erwin, Andrew Erwin. Roteiro: Jon Gunn e Jonn Erwin. Elenco: Britt Robertson, K.J. Appa, Shania Twain , Gary Sinise , Nathan Parsons, Reuben Dodd, Melissa Roxburgh, Nicolas Bechtel, Terry Serpico, Cameron Arnett e Abigail Cowen. Gênero: Drama, Biografia, Música. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: John Debney. Edição: Parker Adams e Ben Smallbone. Fotografia: Kristopher Kimlin. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h56min.
A produção é demasiadamente voltada ao público gospel por demonstrar na tela como os princípios cristãos são ferramentas importantes para aguentar a cruz que cada um tem que carregar. Melissa acaba ficando ainda mais próxima de Jeremy e este, ainda que a família seja contra, decide ter uma vida com ela, ao se tornar seu marido. A carreira do rapaz começa a despontar cada vez mais e em suas letras o amor pela esposa e por Deus é a mensagem com maior destaque. A garota tem uma relação especial com a astronomia e o texto do filme enfatiza isto no primeiro encontro do casal, nos papos sobre a galáxia e até mesmo como Jeremy consegue entender os sinais da vida.


A trilha sonora do filme (escute aqui) é assinada por John Debney e a lista de canções por um super time especializado no mundo gospel. Não há em si letras ou melodias memoráveis, mas elas são tocantes e casam com as cenas em que tocam. Britt e K.J até soltam as vozes em uma delas, mas no geral, ouvimos muito mais o rapaz. 

Os cortes no filme tem a edição da dupla Parker Adams e Ben Smallbone e padece de errinhos aqui e ali pela rapidez com que pulam as cenas, mas em si o filme tem um ritmo acelerado para dizer muito do curto período que quer retratar. 


O elenco convence em sua maioria e faz um trabalho competente. Britt Robertson é sim o grande destaque, mas tem um bom parceiro para contracenar. Logo, a direção aqui, apesar de caminhar como varias películas do nicho gospel, se sai bem e consegue emocionar. 

Em suma, o filme vem para contar como todos nós temos encontros na vida que nos fazem melhor e nos fazem enxergar a vida de uma forma mais branda. Por fim, também fala como todo o processo de caminhada é importante para nos tornarmos quem realmente somos.

HOJE NOS CINEMAS

O Caso Collini | Somente nos Cinemas



O pequeno Caspar Leinen (Titus Flügel) foi criado pela mãe após seu pai (Peter Prager) sair de casa quando ele tinha apenas dois anos de idade. Recebido como filho pela família de Hans Meyer (Manfred Zapatka), um homem de posses e cultura, cresceu vendo fatos que para uma criança não faziam muito sentido. De origem turca, foi incentivado a estudar e almejar uma profissão. Quando jovem teve um pequeno affair com a neta de Hans, a bela Johanna Meyer (Alexandra Maria Lara), porém se afastaram após um incidente. 

Anos mais tarde, na Berlin 2001, recém formado em Direito, Caspar (Elyas M'Barek) vai encarar seu primeiro grande desafio na profissão ao ser designado como advogado de defesa no caso de assassinato de Jean- Baptiste Meyer, CEO da Meyer Maschinenfabrik. O advogado irá defender o italiano de 70 anos, Fabrizio Collini (Franco Nero) que, a primeira vista é culpado e se nega a dar detalhes do motivo do crime. Um caso simples e perdido para o jovem inexperiente. O que o ingênuo Caspar percebe só depois é que irá defender o homem que matou aquele que praticamente ocupa a figura paterna em sua vida e avô de sua grande paixão da juventude. Para completar, na acusação do réu está o experiente e bem sucedido Professor e Dr. Richard Mattinger (Heiner Lauterbach), este que em dado momento dos processos lhe diz: "o jogo é assim!" Mas Caspar não está disposto a entrar na história para perder e fará de tudo para compreender e ajudar aquele réu que se nega a falar.

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Baseado no famoso romance de Ferdinand von Schirach e dirigido por Marco Kreuzpaintner, ''O Caso Collini'' tem roteiro assinado por Robert Gold, Jens- Frederik Otto e Christian Zübert. A narrativa, a princípio, aparenta ser um drama comum de tribunal com enredo conhecido e desfecho previsível, mas, aguarde! Porque o mote do filme toma corpo e se torna interessante e envolvente, criando um suspense com idas e vindas no tempo, muito bem engendrado, explicando a lei e os códigos dos anos 40 e atuais e revelando uma terrível herança nazista.

O roteiro bem construído nos entrega uma produção emocionante, com algumas cenas bem pesadas e momentos que levam às lágrimas. Embora não seja baseado em fatos reais, a trama é bem verídica e plausível, valendo como um registro histórico de uma parte sombria da história alemã.


O jovem advogado se mostra extremamente profissional e ainda não envolvido no jogo sórdido das leis. Ele quer descobrir a verdade e parte por conta própria em busca de um passado de dor e sofrimento. O que ele irá descobrir mudará drasticamente o andamento dos processos e criará um imenso dilema judicial.

Elyas M'Barek segura muito bem o personagem, mas é o calado Franco Nero que rouba as cenas. A trilha sonora dá o clima dramático necessário. Bem ambientado, principalmente nos flash backs aos tempos de guerra e com algumas belas imagens da Toscana e seus tons terrosos. 

Mais detalhes podem quebrar as surpresas que o suspense que entregar. E a dica é não perder esta super estréia.

HOJE NOS CINEMAS! 

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Vem ai o Festival Varilux de Cinema Francês 2020

O ano de 2020 não foi fácil para ninguém, muito menos para o cinema, mas ainda assim a união de muita gente fez com que ele encontrasse palco em plataformas de streaming ou em pré-estreias exclusivas em canais da tevê fechada. Festivais também tiveram que se reinventar e muitos serão lembrados por sua resistência e perseverança.

O Varilux, festival voltado para a apresentação da produção francesa é um dos mais renomados no Brasil, e, durante a pandemia, disponibilizou cerca de cinquenta filmes para o público assistir na plataforma LOOKE sem cobrar nada e por um período de quatro meses. Com a reabertura das salas, a equipe organizadora conseguiu estabelecer a programação de 2020 e o evento que, geralmente, acontece ao meio do ano se dará então de 19 de novembro a 3 de dezembro com uma lista que contém o clássico ''Acossado'', de Jean Luc-Godard, em homenagem aos 60 anos da Nouvelle Vague, e também dezessete produções, lançadas em 2019 ou com lançamento para 2020.  Entre elas:

Verão de 85” (Eté 85), de François Ozon;

DNA” (Adn), de Maïwenn;

Minhas férias com Patrick” (Antoinette Dans Les Cévennes), de Caroline Vignal;

Slalom” (Slalom), de Charlène Favier, 

Gagarine” (Gagarine), de Fanny Liatard e Jérémy Trouilh.

Além de filmes que receberam prêmios em no Festival de Berlim, César (o Oscar francês) e na  Fondation Gan pour le Cinéma como:

Apagar o Histórico” (Effacer l'historique), de Benoît Delépine e Gustave Kervern;

“Belle Epoque” (La Belle Époque), de Nicolas Bedos,

A famosa invasão dos ursos na Sicília” (La fameuse invasion des ours en Sicile), de Lorenzo Mattotti.

Vinheta


Ah, e claro teremos também longas que foram sucesso de bilheteria na França. São Eles:

Sou Francês e Preto” (Tout Simplement Noir), de Jean-Pascal Zadi e John Wax;

“Minhas Férias com Patrick”, de Caroline Vignal, 

"Meu Primo" (Mon Cousin), de Jan Kounen.

Carinhas conhecidas também vão dar as caras no festival. A maravilhosa e necessária atriz Juliette Binoche estará no Varilux como protagonista de “A Boa Esposa”(La Bonne Épouse)de Martin Provost. Já o quase brasileiro Vincent Cassel poderá ser visto em Mais que Especiais” (Hors Normes) de Eric Toledano e Olivier Nakache, diretores dos aclamados “Os Intocáveis” e “Samba” que também estiveram em edições passadas do Festival.  Roschdy Zem, outro que volta e meia aparece na lista do Varilux estará em dois filmes: “Persona non grata” e “A Garota da Pulseira” (La fille au bracelet) O ator Jérémie Renier integra o elenco de Slalom, produção que acaba de estrear na França.


Para alegrar ainda mais a vida dos fãs do audiovisual francês, o evento trará como atividade paralela gratuita, uma mostra com oito filmes de cineastas integrantes da Nouvelle Vague e palestra on-line com Jean-Michel Frodon, crítico e ex-diretor do Cahiers du Cinéma, sobre o movimento francês que teve início no fim da década de 1950.

Outra boa iniciativa dentro do festival será a sessão online do filme “Sou Francês e Preto”, de Jean-Pascal Zadi e John Wax, que ocorre no próximo dia 20 de novembro (sexta-feira), às 18h para homenagear o dia a Consciência Negra. A exibição será gratuita e seguida de bate-papo, às 19h30m.  O cineasta e crítico de cinema Clementino Jr. media a conversa que conta com a participação do cineasta Joel Zito Araújo; da pesquisadora e coordenadora do FICNE (Fórum Itinerante de Cinema Negro) Janaína Oliveira e do ator, diretor e roteirista Alberto Pereira Jr..

Devido a pandemia, o debate ocorrerá de forma remota e terá transmissão simultânea no Facebook (link aqui) e no YouTube (link aqui). Não é preciso pagar nada ou se inscrever para assistir o bate-papo que será transmitido pelo YouTube e Facebook e o público poderá ainda enviar perguntas pelo chat ao vivo

Quer participar da sessão? se inscreva no link abaixo:

https://www.eventbrite.com.br/e/sessao-sou-frances-e-preto-festival-varilux-de-cinema-frances-2020-tickets-129484133529 

A exibição do filme será legendada e terá liberação aos primeiros 300 inscritos e os contemplados receberão, no dia 20/11, um link com senha para acesso pelo vimeo.



Sinopse: JP, um ator mal-sucedido de 40 anos, decide organizar o primeiro grande protesto pela causa negra na França, mas seus encontros, muitas vezes burlescos, com personalidades influentes da comunidade e o apoio entusiasta de Fary, o fazem hesitar entre o desejo de estar à frente dos palcos e seu engajamento enquanto militante.

Realizado pela produtora Bonfilm e com patrocínio principal da Essilor/Varilux, além do Ministério do Turismo, Secretaria Especial de Cultura; a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são a rede das Alianças Francesas em todo Brasil, a Embaixada da França no Brasil, as distribuidoras dos filmes - Bonfilm, Bretz/ MyMamma, California Filmes, Diamond Films, Vitrine Filmes e Zeta Filmes - e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial.

SERVIÇO

Festival Varilux de Cinema Francês 2020

Datas: 19 de novembro a 3 de dezembro

Os valores dos ingressos são os praticados por cada rede exibidora

Cidades confirmadas até 10.11:


Aracaju (SE), Araçatuba (SP), Balneário Camboriú (SC), Barueri (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Botucatu (SP), Brasília (DF), Campinas (SP), Campo Grande (MS), Caxias do Sul (RS), Cotia (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Indaiatuba (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), João Pessoa (PB), Jundiaí (SP), Londrina (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Maringá (PR), Natal (RN), Niterói (RJ), Pelotas (RS), Petrópolis (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Santos (SP), São Luís (MA), São José dos Campos (SP), São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Teresina (PI), Vitória (ES) e, Vitória da Conquista (BA).

 

Novas cidades e os cinemas participantes podem ser conferidos no site

http://variluxcinefrances.com/2020


See Ya!



B-

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Another Round | 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


''Garçom, aqui nessa mesa de bar”, citando o ilustre filosofo pernambucano de botequim Reginaldo Rossi, no começo de sua clássica canção dedicada aos bêbados em mesas de bar, começo a falar sobre o filme de encerramento da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que contou com exibição ao ar livre na última semana no Parque do Ibirapuera - claro, respeitado todos os protocolos de segurança. A película foi exibida logo após a cerimônia de premiações, por volta das 22 horas.

O álcool nos transforma e nos faz viver um segundo eu, onde fugimos do que somos e encenamos uma segunda existência, uma felicidade fugaz e um breve alívio da tristeza:

“E para matar a tristeza

Só mesa de bar

Quero tomar todas

Vou me embriagar”

Mads Mikkelsen, este ator brilhante e que merece todos os prêmios do mundo tal sua qualidade de interpretação, dá vida a Martin, professor entediado que é pai de dois adolescentes e vive uma crise no casamento com a bela esposa Anika (Maria Bonnevie). Uma noite, comemorando o aniversário de um amigo, ouve da boca dele a teoria de que álcool moderado melhora a vida de todos, deixando a pessoa mais relaxada, comunicativa e criativa. Martin resolve testar essa ideia e junto com seus três grandes amigos, professores da mesma escola, embarca numa rotina de bebedeiras, primeiro no nível moderado e depois aumentando a intensidade até ultrapassarem o limite do razoável.

O álcool realmente transforma a vida dos quatros amigos “mosqueteiros”. O relaxamento, a espontaneidade, o bom humor que a bebida provoca, torna-os melhores como pessoas e profissionais. Mas o abuso vai revelando os dissabores do vício e o caldo entorna. A vida deles entra numa espiral de destruição e decadência. Alguns se salvam, outros não. 


Ficha Técnica
Título original e ano: Druk, 2020. Direção: Thomas Vinterberg. Roteiro: Thomas Vinerberg, Tobias Lindholm. Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe Maria Bonnevie, Helene Reingaard Neumann. Gênero: Drama. Nacionalidade: Dinamarca, Suiça e Holanda. Supervisor Musical: Mikkel Maltha. Fotografia: Sturla Brandth Grøvlen. Edição: Janus Billeskov Jansen e Anne Østerud. Figurino: Ellen Lens e Manon  Rasmussen. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 116min. 
No decorrer de quase duas horas de filme, esta coprodução dinamarquesa, sueca e holandesa dirigida pelo diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, famosíssimo e aclamado por Festa de Família e A Caça, aproveitando o gancho no roteiro das aulas do professor de história Martin, expõe a história de vários bêbados famosos que lideraram grandes momentos da humanidade. E aí entram também citações de filósofos e pensadores sobre o tema, um vasto tratado sobre a bebida alcoólica e a humanidade.


O roteiro proporciona uma bela reflexão sobre fracasso, fragilidade, desespero e como o álcool e as bebedeiras podem nos fornecer um alívio de nós mesmos e de nossas crises existenciais. Obviamente as consequências podem ser funestas para alguns de nós. Mas pedimos outra rodada ou não? Garçom, veja aí a saideira...

A edição do filme é excelente. As cenas de bebedeiras filmadas são divertidas, excitantes e estarrecedoras. Tecnicamente, o filme é muito bem feito. Não está à altura das obras-primas citadas do diretor, é um filme menor na sua filmografia, mas que vale muito a pena assistir. O tema é polêmico, então ALERTA DE GATILHO para quem sofre com dependência química. Quem puder e se sentir confortável com a situação abordada, assista! 

Nota: 7,5/10.

O 3º Andar - Terror na Rua Malasaña

Senhoras e senhores, escondam suas crianças, separem os protetores auriculares e preparem suas orações, pois o medo chegará às telas dos cinemas brasileiro esta quinta-feira, 12 de novembro, com 3º Andar - Terror na Rua Malasaña (Malasaña 32, título em espanhol), película de Albert Pintó (Matar a Dios) distribuída pela Paris Filmes.

O filme apresenta a história de uma família que sai do interior da Espanha e vai para a capital em busca de uma vida melhor. Após investir todas as economias, Manolo (Iván Marcos), Candela (Bea Segura) junto dos filhos Pepe (Sergio Castellanos), Amparo (Begoña Vargas), Rafael (Iván Renedo) e do vovô Fermín (José Luis de Madariaga) instalam-se no amplo apartamento recém-comprado no 3º andar da Rua Malasaña, em Madri. Antigo lar de uma senhora solitária, a residência, que até então parecia ser um sonho, torna-se um pesadelo quando eventos estranhos começam a acontecer, pondo a família em risco e levando-os a beira da loucura.

De maneira misteriosa o espectador é introduzido na história pela apresentação da fachada interna de um apartamento, luzes em curto e crianças com medo absurdo de aproximar-se do lugar para buscar um brinquedo caído. Enfrentando o próprio pavor, eles avançam casa adentro e encontram uma senhora sentada em uma cadeira, de maneira imóvel.  Encontro este que não termina de maneira positiva. 

A história avança para quatro anos pós-morte da senhora e com a família entrando no local pela primeira vez. Já nos primeiros momentos pós instalação, o sobrenatural se manifesta. Antes mesmo de entrar no apartamento, ainda da rua, o vovô sente algo estranho e, olhando fixamente para a sacada diz que há uma mulher. Além disso, há fotos da antiga dona que agem no maior estilo Harry Potter e se movimentam, mas sem ninguém perceber, e, claro, as portas que batem sem nenhuma explicação.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Malasãna 32, 2020. Direção: Albert Pintó. Roteiro: Ramón Campos,  Gema R. Neira, David Orea, Salvador S. Molina. Elenco: Begoña Vargas, Iván Marcos, Bea Segura, Sergio Castellanos, José Luis de Madariaga, Iván Renedo, Concha Velasco, Javier Botet, María Ballestero, Rosa Àlvarez, Àlex Fuertes. Gênero: Terror. Nacionalidade: Espanha, França. Trilha Sonora Original: Frank Montasell. Fotografia: Daniel Sosa Segura. Figurino: Eva Camino. Edição: Andrés Federico González. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h44min.
backgroud da família não é revelado, ao menos não em profundidade. Sabe-se que Amparo tinha um namorado no interior e que ela sonha em ser aeromoça; que Pepe é gago e que o vovô tem problemas de saúde. Contudo, não se explica os motivos pelos quais Manolo trata Amparo de maneira tão rude e nem por qual motivo o grupo parece não ser uma família de verdade.

Apesar de 104 minutos de duração, a história consegue envolver o espectador suficiente para não ficar preocupado com o tempo sentado na cadeira, ainda que em alguns momentos decorra de maneira arrastada. A direção de Pintó buscou trabalhar com planos diferenciados e em primeira pessoa, close-ups, além dos planos mais fechados e os de sobreposição (o que proporcionou uns sustos interessantes).



Pode parecer contraditório, mas o roteiro escrito a quatro mãos por Ramón Campos, Gema R. Neira,David Orea e Salvador S. Molina, apesar de funcionar para boa parte da proposta, apresenta furos em sua essência. Sobretudo quando o filme tem em seu trailer a informação de que é inspirado em acontecimentos reais. Para evitar spoiler, mas revelando apenas um: por que cargas d’água a família inteira não retirou os antigos pertences da velha?! Além disso, o filme está recheado de sound scare. Ou seja, prepare os ouvidos quando for ao cinema porque a quantidade de gritos aleatórios e sem propósito concreto soará só para assustar por assustar e em muitos casos, falha.


Em resumo: 3º Andar - Terror na Rua Malasaña é um filme de terror até curioso, mas que não causa tanto medo assim. Sobretudo se você tirar os Sound/Jump Scares descontextualizados. A produção entretém, mas pode te perder em alguns momentos e, caso você não se agarre a nossa senhora da suspensão de descrença, vai achar o filme perdido por conta de umas bobagens cometidas pelos personagens (típicas de todo filme do gênero)... mas a reviravolta ao final consegue ser convincente.


Nota: 2/5

 

12 DE NOVEMBRO NOS CINEMAS