Não é exatamente uma tradição o WBN fazer listinhas de fim de ano, mas vez ou outra, conseguimos nos motivar e listar algo do que vimos ao decorrer do ano que se passou e destacar por aqui. Sem Muitas delongas, ai vai o que nossa equipe de super colaboradores <3 escolheu para comentar.
FRAN
Na literatura, reli o roteiro da minissérie Anos Rebeldes, escrito por Gilberto
Braga, e lançado em 2010 pela editora Rocco (ver aqui). Além da história do casal formado por Maria Lúcia (Malu Mader) e João Alfredo (Cassio Gabus Mendes) que fez sucesso no folhetim da Rede Globo em 1992, o livro traz algumas memórias de Gilberto sobre o período
ditatorial que instaurou no nosso país durante 21 anos.
A minissérie conta a história de Maria Lúcia, uma jovem que
só queria viver longe da política e de todos os problemas do Brasil, isso
porque ela tem traumas com a história do pai, que é um jornalista conhecido no
Rio de Janeiro e membro do Partido Comunista que sempre colocou seus ideais
acima da realização pessoal. Quando ela conhece João Alfredo, percebe que ele
tem os mesmos ideais que os de seu pai, e por isso sente um medo constante de dar o
seu amor ao rapaz. João é um jovem extremamente preocupado com as lutas
sociais do país e está disposto a tudo para lutar pelo que acha correto. Ao se
apaixonar por Maria Lúcia, ele fica dividido entre o relacionamento afetivo e a
militância política.
No cinema, não vi tantos filmes como gostaria (se tudo der certo, até o dia 31/12 chego em 100 filmes assistidos no ano, muito pouco para o que costumo ver). Aproveitei o tempo para conferir sagas que nunca tinha visto, como Harry Potter e Crepúsculo (disponível no TELECINEPLAY). Adorei a experiência, pois assisti no auge dos 26 anos e achei gostoso, quebrei alguns preconceitos enraizados e só consegui pensar: "A Fran de 10/15 anos atrás, se tivesse a oportunidade de ter visto tudo isso, teria amado igual todos os amigos dela que hyparam na época, rs". Além dessas sagas, maratonei longas de alguns diretores e o meu favorito do ano é o senhor Spike Lee. Enquanto revisitava alguns filmes dele, assisti pela primeira vez o filme FAÇA A COISA CERTA (Do the Right Thing, 1989) e esse sem dúvidas foi o que mais marcou. O filme mostra o dia a dia da pizzaria italiana de Sal (Danny Aiello), no meio do Brooklyn, bairro que tem a maior concentração de negros e latinos, sendo considerada uma das áreas mais pobres de Nova York. Sal toca a pizzaria junto com seus filhos Vito (Richard Edson) e Pino (John Turturro), e para a entrega das pizzas contam com o officeboy Mookie (o próprio Spike Lee), morador do bairro. Dentro da pizzaria, Sal mantém em uma das paredes diversas fotos de estrelas ítalo-americanas do cinema, da música e do esporte. Um dos moradores e freguês assíduo da pizzaria, Buggin' Out (Giancarlo Esposito), ao notar essa "parede da fama" entra em atrito com Sal, pois não concorda com o mural ter apenas famosos brancos num local onde a maioria dos moradores são negros. A partir desse desentendimento, Buggin' Out tenta o resto do dia boicotar o estabelecimento. Esse desentendimento desencadeia uma série de atritos até chegar na cena clímax da produção. Com a confusão armada, a polícia chega e tenta prender um dos moradores, Radio Raheem (Bill Nunn) que se envolve em uma briga dentro da pizzaria, esses policiais, brancos, na tentativa inútil de imobilizá-lo, enforcam o morador que já nem estava na briga e afastado de todo o tumulto. Com o despreparo clássico, eles asfixiam Radio até a morte, o que acaba gerando uma grande revolta nos demais moradores que por fim acabam destruindo e botando fogo na pizzaria que foi o estopim de toda a confusão.
Seria muito clichê dizer que a vida imita a arte e vice-versa, mas quem lembra no mês de maio quando George Floyd foi assassinado em Minneapolis no dia 25 de maio de 2020 ao ser asfixiado por um policial? E após essa morte cruel, o movimento Black Lives Matter tomou força e muitos protestos foram feitos desde então? Pois bem, essa cena de Faça a Coisa Certa se correlaciona exatamente com este ocorrido cruel. Acredito que foi justamente por esse fato que o filme me marcou muito, Spike Lee é super cirúrgico em seus filmes, uma pena que a genialidade do seu trabalho foi ignorada pela academia na temporada de premiações daquele ano.
Na música, minha banda do ano foi o Interpol. Liderada por Paul Banks, a banda já é velha de estrada e não houve nenhum lançamento recente deles, então viajei no tempo e voltei para 2002 com o álbum de estreia Turn on the Bright Lights. Naquela época esse álbum abriu portas para uma sonoridade que hoje conhecemos como indie rock, de bandas como The Killers ou até os Strokes que já estavam na estrada desde 98. A banda pega algumas características pós-punk e é uma ótima pedida para quem ama um vocal em tom melódico e grave como os que Ian Curtis do Joy Division ou Robert Smith do The Cure trouxeram ao mundo. As músicas trazem reflexão, mas entregam uma sonoridade enérgica que eu chamo particularmente de "músicas para dançar chorando".
Principais hits: Obstacle 1, PDA
Músicas Favoritas: Obstacle 2, The New e Stella Was a Diver and
She Was Always Down
LEANDRO
Este ano foi cheio de momentos loucos para todo mundo, mas algumas coisas trouxeram acalento. Seja como leitura, música ou cinema, passar bastante tempo dentro de nossas residências fez com que consumíssemos muito mais mídia digital e, dessa maneira, aqui estão algumas das coisas que melhoraram meu humor e renovaram minhas energias neste desgastante 2020.
Além de Quarto de Despejo, como professor, tive a oportunidade de ler o Aprenda, Desaprenda e Reaprenda, da professora e pesquisadora Leila Ribeiro (ver aqui). Em um ano que foi necessário aprender conceitos novos, desaprender antigos ou reaprende-los, esse livro me fez pensar que, cada vez mais, a educação precisa ser animadora, motivadora e inclusiva.
É muito difícil me ver sem um fone de ouvido e, o principal álbum que posso indicar para este ano é o Ungodly Hour, da Chloe X Halle. Que álbum maravilhoso, meu deus. As meninas compõem, dançam, cantam super bem e apresentam um disco com várias nuances de musicalidade. Comece por Ungodly Hour, homônimo do álbum, passe por Do it e vá para Forgive Me. Tenho certeza que este álbum pode ter pelo menos uma música que vai te conquistar.
De filme, um que me aqueceu o coração e me fez chorar de alegria/orgulho foi o "3 idiotas" (2009). Que, aliás, é um título indiano e conta a história de dois amigos que partem em busca de um terceiro camarada desaparecido. Eles vão revivendo e relembrando histórias e a maneira ímpar com a qual um deles enxerga e busca mudar o mundo te emociona.
MARCELINO
(observação da editora: o Marcelino mandou as dicas dele com uma precisão de colunista exemplar, então curtam ai)Filme: Isso Não É um Enterro, É Uma Ressureição (This is not a burial, it’s a resurrection), de Lemohang Jeremiah Mosese
Série: A MALDIÇÃO DA MANSÃO BLY. Netflix. Criação: Mike Flanagan.
Acabei indo ao cinema até mais do que pensava que iria, mas três filmes que vi em casa, me deixaram bem feliz e com certeza não entram nos melhores do ano, mas se destacam pela emoção/diversão que me proporcionaram no período de pandemia. São eles, Summerland (trailer), Dating Amber (trailer) e A Pequena Morte (este último está disponível no TELECINEPLAY).
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