O trabalho do velho guerreiro é, sem dúvidas, um marco para o rádio e para a tv brasileira. Um que inspira até hoje apresentadores e comunicadores e não deixa de ser representativo a uma era onde o politicamente correto ainda não era manifestado.
Um homem que nasceu como Abelardo Barbosa e se tornou Chacrinha. O entertainer brega e fanfarrão começou a trabalhar em rádios por volta dos anos 30 e 40. Ali, ganhou programa em horário que deveria ajudar as pessoas a dormir e fez o contrário. Criou um cassino. Um show animado e criativo que chamou atenção da tevê e que o fez chegar lá pelo ótimo comunicador que se encaminhava para se tornar. Quase como um palhaço em um baile de carnaval, Chacrinha incrementava suas apresentações com marchinhas, buzinas e roupas sempre espalhafatosas. Algo que mudou a televisão nos anos 50 pela super personalidade que revelou ter. Aliás, foi nesse momento que o velho guerreiro descobriu um câncer e acabou perdendo um dos pulmões na guerra pela sobrevivência.
Passou pela TV TUPI, TV GLOBO, TV RECORD e tantas outras e soube usar seu poder comercial como ninguém para vender bandas, cantores e artistas em inicio de carreira. Ao fazer concursos nacionais, brincadeiras com a plateia, onde jogava arroz ou farinha, ou distribuia frutas, fez dos presentes participantes do espetáculo. Ainda criou bordões que se tornaram clássicos e também vendeu produtos como ninguém vide a vez que ajudou os comerciantes de bacalhau quando estes estavam com o produto encalhado e precisavam ser usados - outra marca do apresentador. Sua atitude no palco surpreendia até mesmo seus convidados e com os shows e apresentações alavancou a profissão dos jurados e muitos deles ficaram famosíssimos, vulgo a sempre vibrante Elke Maravilha.
Sobre a sua ida para a Globo, ele trouxe toda sua popularidade e criatividade, algo que a emissora queria por demais e conseguiu, apesar de ter um nariz empinado e se mostrar preocupada em exibir bom gosto em suas produções. E essa parceria conseguiu quebrar tal paradigma, sendo um sucesso para ambos. Com o passar dos anos, Chacrinha enfrentou censura, devido a exposição constante dos corpos de suas ''chacretes'', mas conseguiu se tornar um ícone e levou muita alegria ao povo brasileiro. Teve também seus pontos baixos na carreira (o troca-a-troca de emissora) e conseguiu dar a volta por cima quando sublinhou o horário do sábado a tarde e atingiu um ibope inigualável na época.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Eu Vim Para Confundir e Não Para Explicar, 2020. Direção: Claudio Manoel e Micael Langer. Pesquisa e Colaboração roteiro: Julia Schnoor. Entrevistados: Boni, Chico Anysio, Gugu Liberato, Luciano Hulk, João Kléber, Wanderléa, Rita Cadilac, Leleco Barbosa, Dona Florinda, Jorge Barbosa, Elke Maravilha, Angélica, Agnaldo Timóteo, Evandro Mesquita, Helmar Sérgio, Silvinho Blaublau, Stepan Necerssian, Pedro Bial, Michael Sulivan, Toni Belloto. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Fotografia: Paulo Santos. Produtor Executivo: Fernando Zagallo. Produção: Media Bridge. Diretora de Produção: Rose Soares. Montagem: Rafael Paiva. Equipe de Produção Media Bridge: Lupa Mendes, Emerson Rodrigues, Lúcia Burmeister, Victor Restel, Weverton Campos. Produtores: Cosimo Valerio e Angelo Salvetti. Produtor Associado: Vitor Brasil. Coprodução: Globo Filmes, Globonews e Canal Brasil. Distribuição: Bretz Filmes. Duração: 88 minutos. Classificação: 12 anos
O documentário do casseta Cláudio Manoel e seu parça Micael Langer repassa a jornada do velho guerreiro com muita eloquência e faz o espectador se lembrar do que viu, ou para as novas gerações, conhecer um passado riquíssimo do maior apresentador brasileiro que já existiu. A dupla traz no filme ótimas entrevistas. Dentre estes, Pedro Bial, Toni Belloto, Gugu Liberato, Angelica, Luciano Hulk e pessoas próximas como Rita Cadillac, o ex câmera-man do programa Helmar Sérgio, e os filhos Jorje e Leleco Barbosa, além da esposa, Dona Florinda.
A vida pessoal de Abelardo também é comentada aqui. O acidente do filho, que até se relacionava com a cantora Wanderléa na época, a morte do netinho, e, claro, a segunda vez que ele veio a ter câncer e o deixou mais debilitado para apresentar. O quão o troca-troca de emissora o fez perder dinheiro também é um dos temas, ademais sua relação com os artistas e o suposto caso-amoroso que manteve com a cantora Clara Nunes, mesmo sendo casado.
Para os amantes da tevê e seu dito 'tempo incríveis', vale a pena assistir pela relevância da história não só de Abelardo como da televisão brasileira. Afinal, foi com Chacrinha que programas caóticos e sensacionalistas apresentam a se movimentar. Uma essência que foi levada para milhares de shows dos anos 90 e 2000 (Pânico na TV, O Último Programa no Mundo, Não é um Talk Show e etc).
Chacrinha ganhou, em 2018, um filme que contava a sua história com o ator Stepan Necerssian, que até aparece entre os entrevistados, vivendo o apresentador na fase de sucesso e Edu Sterblich ainda jovem e iniciando no rádio (ler comentários aqui).
SOMENTE NOS CINEMAS
See Ya!
B-
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