As cinebiografias têm se consolidado como um dos gêneros cinematográficos mais populares no Brasil. Ainda que as comédias continuem sendo as responsáveis por lotarem as sessões de filmes nacionais, produções cujos roteiros são inspirados na vida de personalidades reais continuam chamando bastante atenção do público e rendendo boas cifras em bilheteria. Ou, pelo menos, é o que sugere a grande quantidade de filmes deste tipo que estreiam nos cinemas brasileiros ano após ano, sem que se note um esgotamento da fórmula.
A Globo Filmes é responsável por coproduzir boa parte das cinebiografias do cinema nacional, tendo levado para as telonas adaptações da vida de celebridades como Elis Regina, Cazuza e Chico Xavier. Denominador comum a estes longas, opinião de parte do público e da mídia especializada, é uma suposta superficialidade dos fatos retratados, uma vez que a estrutura fílmica de cerca de duas horas nem sempre é suficiente para cobrir de forma satisfatória (ou justa) décadas de acontecimentos na vida de uma pessoa pública.
É nesse momento que o longa ganha um tom mais sério. Entre dramas familiares, mudanças de emissoras, censura pela Ditadura Militar e problemas de saúde que o afastaram da TV, a má fase da vida de Chacrinha é retratada sem que se aprofunde em nenhum destes acontecimentos ou personagens. A peça central é realmente o protagonista, Chacrinha. Com muita simpatia e sagacidade quando jovem, interpretado por Eduardo Sterblitch, e como o Velho Guerreiro da TV, interpretado magistralmente por Stephan Nercessian. Por vezes é possível se esquecer de que não se trata do verdadeiro Chacrinha em tela. Parte desta magia também se deve ao ótimo trabalho de reconstituição da época, que reproduz tanto a ambientação do Rio de Janeiro nos anos 1930 e 1940 quanto dos programas de auditório apresentados pelo artista na TV.
A abordagem um tanto simplista do roteiro não chega a ser um demérito, uma vez que o filme visa mais homenagear o comunicador e entreter do que em ser uma obra com profunda fidelidade histórica. Esta é uma responsabilidade do documentário Chacrinha – Eu Vim para Confundir e Não para Explicar (ler os comentários aqui), um ótimo complemento para quem quer conhecer mais da história desta figura imortal da cultura brasileira. Se depender destas duas obras, o legado de Abelardo Barbosa ainda será lembrado com carinho pelo público por várias gerações.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Chacrinha, O Velho Guerreiro, 2018. Direção: Andrucha Wadington. Roteiro: Carla Faour, Cláudia Paiva, Júlia Spadaccini. Elenco: Stepan Nercessian, Eduardo Sterblitch, Carla Ribas, Rodrigo Pandolfo, Criolo, Ney Matrogrosso, Gianne Albertoni, Marcelo Serrado, Antônio Grassi. Gênero: Drama, Ficção. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Gabriel Ferreira, Felipe Kim e Antonio Pinto. Fotografia: Fernado Young. Direção de Arte: Rafael Targat. Edição: Thiago Lima e Sérgio Mekler. Figurino: Marcelo Pies. Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes. Duração: 01h54min.
DISPONÍVEL NO TELECINE.
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