Os diretores e roteiristas Eric Toledano e Olivier Nakache (Os Intocáveis, Assim é a Vida e A Incrivel Jornada de Jacqueline) tem levado emoção e sensibilidade aos cinemas e deixado o mundo mais leve e emocionado. Mais que Especiais, um dos mais recentes filmes do duo francês, chega hoje aos cinemas nacionais, mas já passou por diversos festivais ao redor do mundo. Cannes foi um deles, aliás. No Brasil, a produção que conta a história de dois amigos que voltam suas vidas para cuidar de crianças autistas e carentes, esteve na seleção do bombado Festival Varilux de Cinema Francês, em 2019, e também na edição de 2020 do Festival de Cinema Judaico.
Estrelado por Vincent Cassel e Reda Kateb, o longa se inspira na vida de Stéphane Benhamou e Daoud Tatou. Ambos profissionais dedicados a assistência social na França e responsáveis por crianças que são desprezadas por um sistema de saúde omisso.
Bruno Haroche (Cassel) e Malik (Toledano) administram uma organização que atende a muitas crianças autistas. Sem muitos recursos financeiros, mas com muita vontade de fazer a diferença na vida delas, a dupla também propõe que adolescentes e jovens adultos de comunidades carentes aprendam a cuidar do público que a organização acolhe e assim se tornem pessoas mais responsáveis.
A iniciativa acaba sendo intuitiva, mas dá muito certo, afinal, Bruno e Malik trabalham com atividades que humanizam e chegam aos sentidos daqueles que precisam. Casos como o de Joseph (Lesieur) e Valetin (Locatelli), exibem o cuidado e atenção que ambos tem com a organização e as vidas que passam por ela. O primeiro jovem, reside com a mãe e Bruno está o ajudando a arrumar um emprego e também a andar sozinho no metrô, porém, vez ou outra, ele se descontrola e aperta os alarmes do transporte público, o que acaba causando alguns transtornos para ele e para Bruno. Já o segundo, é um adolescente extremamente violento consigo mesmo e que Bruno e Malik recebem o pedido de um hospital para ajudar a acalmar para que este não se machuque. Desta maneira, o menino é levado para ações com cavalos, ou fazer exercícios em quadras de esporte e patinação. Seu tutor é o iniciante Dylan (Mialoundama) e os dois ainda tem de começar a se acostumar um ao outro para que tudo vá bem.
Meio a tudo isto, a organização ainda está passando por uma avaliação do Ministério da Saúde francês para então poder se manter aberta. E o processo exige que não só os funcionários sejam ouvidos, como também seus familiares e os hospitais com o qual trabalham. Malik também tem percebido que Bruno só corre de um lado para o outro e ajuda aos outros e tem falado aqui e ali para que o parceiro tenha encontros e arrume uma namorada, mas, obviamente, o tempo para isso não aparece.
Mais que Especiais revela uma situação real que ocorre na França, mas que, sem sombras de dúvidas, aflige o mundo inteiro. Crianças que exigem cuidados especiais de pais e cuidadores muitas vezes precisam de organizações especificas para que continuem bem e consigam se desenvolver de forma apropriada.
O trabalho de Benhamou e Tatou é um baita exemplo e um modelo a ser seguido. Não é atoa os diretores passaram quase dois anos os acompanhando para assim colocar na tela um terço do amontoado de situações por quais eles tem de passar diariamente sem qualquer ajuda do Estado. Logo, o filme é engraçado, caloroso, simbólico e devotado a causa dessas pessoas que se doam tanto para quem com certeza precisa e merece.
Toledano e Nakache, aliás, dirigem um elenco especial e super talentoso. Obviamente, temos o foco voltado para o personagem de Vincent Cassel, mas os atores Reda Kateb, Bryan Mialoundama, e Benjamin Lesieur aparecem em subplano e tem arcos muito redondinhos.
Não há o que dizer do trabalho de Eric Toledano e Olivier Nakache, a não ser é que se prepare para ser invadido de muita delicadeza e amor.
Avaliação: Três corações vibrantes e amorosos (3/5)
Adaptar uma série de videogame para as telas nem sempre dá certo, vide as tentativas insossas Warcraft (comentários aqui) e Assassin's Creed (comentários aqui), mas desde que o mundo geek ganhou espaço e virou um produto comercial rentável, o gênero começou a se mostrar cada vez mais forte nas telas do cinema. E a estreia desta semana no Brasil é a adaptação da série da Capcom 'Monster Hunter' (2004), criada para playstation. A produção é estrelada por Milla Jovovich, Tony Jaa e Ron Perlman e ainda conta com participação da atriz brasileira Nanda Costa. A direção é de Paul W.S. Anderson (Resident Evil).
Na trama, a equipe de soldados do grupo Alfa, liderados pela capitã Artemis (Jovovich) está em busca de outra equipe de soldados, a Bravo. O grupo desapareceu no deserto do Afeganistão e não deu mais notícias. Durante a missão, uma nuvem de raios os atinge e ele acabam encontrando os colegas, mas estão todos mortos e ao caminhar pelo lugar, se deparam com monstros gigantescos e nem todos ali estão seguros. Isto porque os monstros estão brotando do solo e são extremamente difíceis de se atacar.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Monster Hunter, 2021. Direção: Paul W.S. Anderson. Roteiro: Paul W.S. Anderson - adaptação da série de video game criada por Kaname Fujioka para a CAPCOM no Playstation. Elenco: Milla Jovovich, Ron Perlman, Tony Jaa, T.I., Diego Boneta, Meagan Good, Josh Helman, Jin Au-Yeuang, Nanda Costa, Nic Rasenti, Clyde Berning, Paul Hampshire, Hirona Yamazaki, Jannik Schümann. Gênero: Aventura, . Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Paul Haslinger. Fotografia: Glen Macpherson. Edição: Doobie White. Figurino: Danielle Know. Design de Produção: Edward Thomas. Distribuição: Sony Pictures Brasil. Duração: 01h43min.
Ao passo que a equipe Alfa tenta se salvar dos monstros gigantescos que se assemelham a dinossauros, chegam a um lugar montanhesco cheio de grutas e se escondem, mas ali outro tipo de monstro esta a espreita, aranhas venenosas enormes. Assim, quase todo o time é atingido e a capitã Artemis é pega por um jovem caçador (Jaa). O rapaz se perdeu de sua embarcação terrestre em um outro ataque dos monstros ocorridos anterior ao time de Alfa e esta escondido para que as aranhas não o devorem.
Com o passar dos dias, os dois entram em conflito e Artemis se põe em perigo até que novamente tenha que retornar para o lugar secreto onde o caçador se esconde das aranhas. A dupla, apesar de não falar a mesma língua, consegue se comunicar por linguagem corporal e entendem que precisam sair dali com urgência, pois eles são presas fáceis. Começam então um treinamento específico para não só atraírem as aranhas como conseguirem seu veneno e atingirem os monstros no deserto e partirem dali para um terreno mais seguro.
Nesta caminhada, os dois conseguem encontrar a embarcação que o caçador fazia parte e mais lutas os aguardam com monstros ainda maiores.
O filme é uma baita produção e, na certa, teria uma bilheteria extensa não fosse a questão da pandemia. Talvez não pela qualidade, mas pelo público que sempre é atraído ao gênero e é enorme. De qualquer forma, 'Caçadores de Monstro', tradução literal para o título, entrega um resultado divertido e que prefere ser clichê ao construir de forma mais convincente toda a história.
Milla novamente é a mulher forte e guerreira e entrega sua capitã muito embasada em treinamentos e lutas, já que é o que faz a maior parte do tempo. A conexão que a personagem estabelece com esse novo mundo pré-histórico ou até pós apocalíptico dá a entender que pode haver sequências ao filme, visto que o game tem inúmeras. Ron Perlman aparece em cenas cruciais do filme e é onde o espectador começa a entender que a viagem no tempo feita através dos raios no deserto tem acontecido pela abertura de um portal e este até diz ser entendido da cultura de onde a capitã vem. O caçador vivido por Tony Jaa é esperto e até engraçado. O personagem apresenta um background para o que aconteceu a sua família meio ao caos que é viver com os monstros e temos uma noção de sua história.
Com um tom de aventura que sim pode divertir, Monster Hunter, se visto sem expectativas, até que rende bons momentos.
Avaliação: Duas aranhas e meio pode de veneno (2,5/5)
A história do movimento negro norte-americano é permeada por muita luta e toda essa jornada vem manchada por opressores que derramaram o sangue de muitos nomes importantes do movimento, a começar pelo ilustre Martin Luther King. Claro, não esquecendo o dia histórico em que Rosa Parks decidiu dizer não a segregação racial, durante os anos 50, e negou-se a ceder seu lugar no ônibus para um branco, iniciando uma onda de protestos por toda a terra do tio Sam. Anos mais tarde, já em meados da década de sessenta, surgiu então o partido dos Panteras Negras com o intuito de defender a autodeterminação dos negros no país.
O movimento começou a crescer e guiado por um programa de dez pontos no qual defendia direito a liberdade, educação, emprego pleno, isenção de serviço militar para todos os jovens, justiça ao irmãos presos equivocadamente e muito mais, capitou mentes e as colocou para trabalhar pela causa. Uma delas foi a do jovem Fred Hampton. Fred era organizador do Comitê de Estudantes que lutavam contra a violência e com sua entrada para o partido, fez aliados com outros movimentos de resistência e conquistou o respeito da comunidade local em Chicago. O jovem de fala assertiva e ideais bem direcionados se tornou então presidente do partido na cidade.
Para o FBI, toda a luta dos Panteras representava perigo a nação, e nesse momento, os detetives e investigadores forão incentivados por seus superiores a conter tais ações. Assim, eles conseguiram infiltrar um homem negro no partido e este auxiliou de forma aterrorizante a morte de Hampton aos 21 anos de idade, em 1969. O ocorrido se deu somente dois anos depois de Fred ter entrado para os Panteras.
O drama histórico apresentado pelo roteirista e diretor Shaka King faz uma ótima analogia aos momentos finais do lider cristão mais conhecido do universo. Não deixando a jornada se tornar frágil, mas trabalhando passo a passo a construção desta.
Conhecemos Hampton, papel de Daniel Kaluuya, falando ao povo e os incentivando a buscar dias melhores e uma vida melhor. Os fazendo revolucionários e plantando palavras de poder em seus inconscientes. E também conhecemos William O'Neal, vivido por Lakeith Stanfield, um homem que busca sobreviver e para isso não mede esforços. Um dia, O'Neal tenta roubar um carro e é preso em flagrante. Além das punições físicas que recebe, o rapaz é chantageado pelo agente Roy Mitchel, interpretado por Jesse Plemmons, e a partir daquele dia recebe uma missão: se infiltrar no partido dos Panteras Negras e repassar toda informação que eles precisem para acabar com o mesmo e com seu lider.
Aos poucos, O'Neal vai ganhando a confiança dos membros dos Panteras e fazendo uma coisa ou outra. Começa como motorista, opção ficcional para a dramatização, e termina como segurança pessoal do alvo em questão, Fred Hampton, o que segue a linha real da história. Como plano de fundo a toda a situação de vermos mentiras sendo espalhadas para derrubar o partido ou até mesmo prisões orquestradas de Fred para deixa-lo mais fraco, assistimos o nascimento da história dele com a militante e poeta Deborah Johnson, vivida por Dominique Fishback. Uma relação que é simbolo de amizade, companheirismo e força.
Na primeira imagem, Fred Hampton à esquerda e William O'Neal a direita. Na segunda, seus interpretes no filmes. Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield.
King nos entrega um resultado extremamente consistente e que desenvolve não só a relevância de um lider para um movimento como as falhas daquele que o traiu. Retrata ainda com veemência o qual chamativo Hampton era e o quão camaleão O'Neal também era. Claro, faz uso ao inicio e ao fim de dados e entrevistas, mas dramatiza com propriedade e criatividade a cruel caminhada final de um super homem. Seu elenco, está além do que se pode imaginar. Kaluuya e Stanfield trabalham juntos pela segunda vez e se você não sabe disso, precisa acelerar o passo e assistir Corra! (ler comentários aqui).
Aqui os atores tem uma troca equilibrada, contudo, o foco da câmera segue mais aquele que movimenta a trama. Assim, Lakeith tem a vez e quando seu personagem traiçoeiro age da forma como precisa agir, o faz de forma convincente e uma que deve se aproximar bastante ao que rolou no passado. Há o momento em que ele também tem suas dúvidas, seus medos e inseguranças, mas continua a missão e a conlcui como o FBI queria e para se ver livre deste. Se sente culpa, esta é minima, afinal, ele não exatamente estava ali por vontade própria e nem de longe parecia ser o tipo de cara que se envolveria em movimentos que lutassem pelo coletivo. Kaluuya tem muita força também e são suas falas corajosas e encorajadoras que nos deixam ligados na performance dele. Seu par romântico, Dominique Fishback também deixa sua marca no filme, pois ilustra a inteligência das mulheres no movimento, contudo, há também aquelas que pegam em armas e ajudam os outros panteras a se defenderem em momentos de ataque. Jesse Plemmons nos revela um diabo cheio de lábia e amigo e não só suas cenas com Lakeith são muito boas como as que seu personagem parece estar sempre um passo atrás das ações dos superiores.
A produção passou pelo Sundance Filme Festival deste ano e também está indicada ao Globo de Ouro nas categorias de 'Melhor Ator Coadjuvante' para Daniel Kaluuya e 'Melhor Canção Original' para H.E.R, Thiara Thomas e D'Mile.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Judas and the Black Messiah, 2021. Direção: Shaka King. Roteiro: Will Berson e Shaka King, com argumentos de Kenneth Lucas e Keith Lucas. Elenco: Daniel Kaluuya, Lakeith Stanfield, Jesse Plemmons, Dominique Fishback, Ashton Sander, Algee Smith, Darrell Brit-Gibson, Lil Rel Rowery, Martin Sheen, Dominique Thorne. Gênero: Biografia, Histórico, Drama. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Craig Harris e Mark Isham. Fotografia: Sean Bobbitt. Edição: Kristan Sprague. Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração: 02h06min.
Um grupo de forasteiros adentra uma floresta para investigar misteriosos desaparecimentos que podem ter envolvimento com a antiga lenda de uma bruxa que assombra a comunidade local. O uso de câmeras manuais é fator vital para registrar os acontecimentos que se desenrolam durante a busca, mesmo que não seja fácil entender ao certo o que é captado pelas lentes. Mas é bastante improvável que a equipe saia da mata com vida.
Esta descrição poderia ser sobre A Bruxa de Blair, blockbuster do fim dos anos 1990 que popularizou a técnica found-footage na Cultura Pop, mas não é. Trata-se do terror russo A Viúva das Sombras, que pega emprestado de seu primo estadunidense escolhas narrativas e estéticas, como a técnica de simular filmagens com câmeras amadoras (ainda que a use apenas pontualmente).
Na história, centenas de pessoas têm desaparecido nas florestas de São Petersburgo todos os anos. Residentes evitam a mata fechada, temendo se tornarem mais uma vítima. Atribui-se a responsabilidade por estas mortes a uma lenda urbana, a viúva do título do filme. Segundo a fábula, uma jovem filha de camponeses foi vítima de um linchamento por ter assassinado seu marido. Torturada e abandonada nua numa vala, jurou vingar-se de todos que cruzassem seu caminho. Quando, nos dias atuais, uma equipe de resgate invade inadvertidamente o território amaldiçoado em busca de uma criança desaparecida, pouco a pouco vão todos sendo tragados pela fúria do espírito rancoroso.
A produção estabelece inicialmente um clima de exploração, construindo um primeiro ato razoavelmente sólido e condizente com a sua proposta, utilizando de câmeras tremidas e closes que diminuem a sensação de se tratar de um filme profissional, mas deixando claro que a técnica found-footage será usada em apenas poucas cenas (o que diverge do que era prometido no trailer de divulgação do filme). O clima de tensão e mistério vai se intensificando conforme a trama avança, porém o uso preguiçoso de sua trilha sonora previsível para potencializar sustos fáceis e desnecessários faz com que a produção perca sua credibilidade com truques baratos. Infelizmente, o folclore no qual o filme é baseado (seu diferencial) não ganha o destaque que deveria, e acaba por ser diluído num mar de clichês óbvios que parecem mais querer tornar o produto final mais palatável para públicos internacionais do que em valorizar a história que se propõe a contar. Ainda que tenha alguns bons momentos, A Viúva das Sombras sacrifica seu potencial pra se tornar algo genérico, menor.
Criado pela equipe responsável por outros títulos inspirados em lendas aterrorizantes, como A Sereia: Lago dos Mortos e o ainda inédito no Brasil Baba Yaga, o terror dá continuidade à proposta de levar às telas figuras mitológicas tradicionais do folclore europeu. Um projeto bastante ambicioso e louvável. Mas que não necessariamente se reflete em excelência cinematográfica, diminuindo-se injustamente e resultando em obras esquecíveis.
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Ficha Técnica
Título original e ano: The Widow, 2020. Direção: Ivan Minin. Roteiro: Natalya Dubovaya, Ivan Kapitonov e Ivan Minin. Elenco: Viktotiya Potemina, Anastasiya Gribova, Margarita Bychkova, Ilya Agapov, Aleksey Aniskin, Konstantin Nesterenko, Oleg Chugunov. Gênero: Terror, Suspense. Nacionalidade: Russia. Trilha Sonora Original: Nick Skachkov. Fotografia: Maksim Mikhanyuk. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h20min.
A romancista, contista, cronista e roteirista brasileira Tati Bernardi já trabalhava com a diretora Julia Rezende quando estava escrevendo o livro ''Depois a Louca sou eu'' (ver aqui) e a idéia para o filme surgiu. Rezende até conta que a trama não vinha totalmente definida, com um fio narrativo contendo inicio, meio e fim, mas que sentia a potência da personagem e que a adaptação poderia ser sim realizada por tocar fundo em feridas sensíveis do mundo atual, os dramas de ansiedade e ataques de pânicos.
Rezende e a produtora Mariza Leão encararam o desafio de levar às telas o universo interno, caótico e intenso de uma personagem disfuncional e suas relações familiares e afetivas. O roteiro é assinado por Gustavo Lipsztein e este criou uma linha narrativa contínua e sagaz, que aborda um assunto dramático com leveza e pitadas de humor. Seguindo a premissa que, à medida que um fato, antes tenso e doloroso, é visto com distanciamento, é possível rir do mesmo e analisá-lo sob outro prisma, teremos uma história com idas e vindas e lembranças, como uma análise ou terapia.
A personagem central é vivida por três atrizes, Duda Batista, Beatriz Oblasser, Débora Falabella, e uma conexão perfeita se estabelece entre elas ao nos apresentar a vida de Dani, desde pequena enfrentando seus monstros interiores até os dias nebulosos da vida adulta. Dani se descreve como um frágil saco de bolinhas de gude, que pode se romper a qualquer momento, se perder ou se quebrar. A partir daí, temos um excelente trabalho de toda equipe, utilizando uma estética rica em cores, lentes especiais que se aproximam da face como se entrassem na mente da personagem e uma linguagem gráfica com detalhes primorosos. Teremos como resultado final uma obra que traz excelência e qualidade nos muitos detalhes que compõe as micro cenas da história.
Para entender como a fotografia trabalha no longa, basta percerber como o vermelho (momentos de crise) e o verde (momentos mais suaves) aparecem por todo filme e codificam as mensagens. O figurino bem pensado e estiloso da personagem traz uma mulher moderna e fashion, a trilha sonora bem como os efeitos de sonoros e as transposições feitas com animações nos transmitem o ritmo frenético das emoções de Dani. A edição tem um papel crucial para nos fazer imergir no fluxo de consciência e viagens da vida desta mulher tão fascinante.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Depois a Louca sou Eu, 2021. Direção: Julia Rezende. Roteiro: Gustavo Lipsezin - adaptação do livro homônimo de Tati Bernardi. Elenco: Debora Falabella, Yara Novaes, Gustavo Vaz, Debora Lamm, Beatriz Oblasser, Cristina Pereira, Romulo Arantes Neto, Evandro Mesquita, Duda Batista. Gênero: Comédia, Drama. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Berna Ceppas. Técnico de Som: Felipe Machado. Fotografia: Pablo Baião. Edição: Maria Rezende. Figurino: Mel Akerman. Direção de arte: Fabiana Egrejas. Coprodução: Miravista e Globo Filmes. Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes. Duração: 01h26min. Classificação: 16 anos.
Na trama temos a pequena Dani que desde criança demonstrava pequenas crises que não eram levadas à sério pela família. A mãe Silvia (Yara de Novaes), super protetora e também com questões pessoais não resolvidas, tentava amenizar as crises e resolvê-las com terapias alternativas, que só traumatizavam mais a criança. A Nona, numa bela participação especial de Cristina Pereira, achava que era bobeira. Por aí já se via na relação avó-mãe-filha as raízes da dependência e controle emocional tóxico. Uma família disfuncional gerando uma personalidade ansiosa.
Dani e Silvia carregaram pela vida essa relação de amor/não amor, com chantagens emocionais e dependência. Dani cresceu sem saber definir ao certo quando suas crises começaram. Mas o fato é que elas se intensificaram no decorrer dos anos e a constante busca por soluções milagrosas não surtiram efeito. O resultado foram relações amorosas problemáticas e sofridas. No campo profissional também se viam os efeitos da ansiedade.
O humor traz para a discussão um assunto que precisa ser encarado com seriedade. Logo, se torna difícil ver o filme e não se identificar ou lembrar de alguém em alguma situação. O fundo do poço chega com uma simples receita médica de uma pílula mágica. A primeira é pura euforia e felicidade, mas o excesso levará ao caos. Assim, durante as quase uma hora e trinta minutos de filme, acompanhamos a trajetória de uma escritora de talento tentando vencer seus fantasmas de estimação que a acompanham pela vida afora. Certamente o filme fará o público repensar relações, sentir como os momentos absurdos fazem sentido e refletir a partir dai sobre uma doença séria e verdadeira, que muitas vezes é sub valorizada.
Depois a Louca Sou Eu teve sua estreia adiada devido à Pandemia, mas chega aos cinemas em um momento bem importante, onde o distanciamento social favoreceu o surgimento de novos casos e crises deste tipo.
Assista, reflita, converse a respeito e, se preciso, procure ajuda especializada.
Berlin Alexanderplatz é um dos patrimônios máximos da Alemanha. Tal afirmação vale tanto para a praça Alexanderplatz, marco geográfico localizado no centro de Berlim, quanto para o romance Berlin Alexanderplatz, de Alfred Döblin. O livro, cujo enredo ocorre ao redor da praça que dá nome à história, é protagonizado por Franz, um ex-presidiário em busca de redenção e de um meio de vida honrado num mundo repleto de atalhos e becos sem-saída. Considerado um dos maiores expoentes da literatura expressionista alemã, foi adaptado para o Cinema em 1931 e posteriormente para a TV, em 1980, na influente minissérie roteirizada e dirigida por Rainer Werner Fassbinder. Devido ao legado que o nome “Alexanderplatz” carrega na cultura alemã, uma nova adaptação para as telas era inevitável.
Com a missão de atualizar a trama, o diretor de origem afegã, Burhan Qurbani, situa na Berlim do século XXI o roteiro da nova versão (também co-roteirizada por ele). Nesta releitura, o papel de protagonista é ocupado por Francis (Welket Bungué), um imigrante ilegal da Guiné-Bissau e único sobrevivente de um naufrágio no Mediterrâneo. Quando é desovado pelo mar na costa da Alemanha, Francis não está totalmente sozinho. Demônios de seu passado o acompanham. A busca pela redenção, característica herdada da obra de Döblin, é um dos sentimentos que conduzem o personagem, fato constantemente reforçado pela voz lírica, quase etérea, que narra em off as desventuras do homem. Esta voz relembra durante os 5 capítulos (e um epílogo) nos quais o longa se divide o compromisso que Francis fez consigo mesmo de se tornar uma pessoa melhor e conquistar uma vida digna. Contudo, as degradantes condições de trabalho para um imigrante clandestino acabam fazendo com que ele seja cooptado pelo crime organizado, representado por meio do imprevisível Reinhold (Dascha Dauenhauer).
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Ficha Técnica
Título original e ano: Berlin Alexanderplatz, 2020. Direção: Burhan Qurbani. Roteiro: Martin Behnke e Burhan Qurbani - adaptado da obra de Alfred Döblin. Elenco: Welket Bungué, Albrecht Schuch, Jelia Haase, Annabelle Mandeng, Joachim Król, Richard Fouofié Djimeli, Mira Elisa Goeres, Rufina Neumann, Lena Schmidtke, Michael Davies, Faris Saleh, Nils Verkooijen. Gênero: Drama. Nacionalidade: Alemanha, Países Baixos, França e Canadá. Trilha Sonora Original: Dascha Dauenhauer. Fotografia: Yoshi Heimrath. Edição: Alexandra Koknat, Suse Marquardt. Figurino: Anna Wüber. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 03h3min.
Esta não é uma história de superação. É a história da ascensão e queda de um apátrida lutando contra as probabilidades, para conquistar uma vida respeitável. É bastante sintomático que, a despeito de todas as promessas meritocráticas que uma metrópole como Berlim parece oferecer, Francis precise recorrer ao submundo da criminalidade para encontrar pertencimento e algum conforto, sendo acolhido e nutrindo fidelidade por pessoas em quem não deveria confiar. É assim que Francis (agora, sim, conhecido como “Franz”) passa a ser tratado devidamente como um ser humano pela sociedade e, como consequência, passa a considerar a si próprio um alemão legítimo. “Posso afirmar que eu sou o sonho alemão”, diz ele a outros imigrantes ilegais que seduz com as mesmas miragens que foram mostradas a ele. É um triste ciclo sem fim.
Dentre as promessas tentadoras que o crime oferece, estão mulheres. Este é um ponto bastante delicado do longa que é impossível de ser ignorado. Para uma obra cuja proposta é se passar no mundo atual, a forma como as personagens femininas são tratadas não soa nada diferente do respeito oferecido a elas nos velhos filmes de gângster. São personas decorativas cuja existência no roteiro é justificada quase sempre para serem acessórios. Todas elas são tratadas como mercadorias sexuais, ou mero interesse amoroso do protagonista. Neste último caso, o cargo é ocupado por Mieze (Jella Haase). A construção dramática da personagem abre espaço para o velho chavão da mulher que funciona como elo do protagonista com o que restou de bondade na alma dele (é ela, a narradora que relembra que Franz é uma boa pessoa) e inevitavelmente será usada pelos vilões como ponto fraco do herói. Ainda que conte com boas atuações femininas, é uma pena que um filme que se propõe a ser tão inovador em relação ao material no qual é inspirado, escolha abraçar clichês misóginos tão ultrapassados.
A nova versão de Berlin Alexanderplatz impressiona por sua excelência técnica. A direção de fotografia de Yoshi Heimrath é muito bem-sucedida em relação a forma como ilumina e captura a pele negra em câmera, combinando com contrastes marcados e luzes neon que dão ares de sonho dentro de um filme tão dolorosamente real. Além disso, o senso de profundidade alcançado pelas lentes traz um senso de imersão que torna a Berlim do título uma personagem em si. A trilha sonora de Dascha Dauenhauer, que mistura orquestra tradicional e elementos eletrônicos, emula os sentimentos de isolamento e desconforto do protagonista em seu novo mundo e escalona a um grande crescendo quando Franz conquista este mundo (antes de sua derrocada).
A epopeia de 3 horas de duração pode intimidar por ser tão longa, mas merece atenção por sua ousadia ambiciosa e seu apelo universal ao ecoar temas clássicos e sentimentos tão humanos.
Essa comédia francesa, de aproximadamente uma hora e meia, é uma verdadeira tour de force de Valérie Donzelli. Acumulando os cargos de diretora e atriz principal, ela dá vida à simpática e estabanada arquiteta Maud Crayon. A mulher trabalha em uma agência onde não tem contrato, é mãe divorciada de duas crianças, ainda está imensamente ligada ao ex-marido Martial (Thomas Scimeca), de quem acaba engravidando do terceiro filho, e reside numa Paris belíssima, fantasiosa e caótica, onde a Catedral de Notre Dame é simbólica e histórica.
Por causa da lendária Catedral, sua vida começa a mudar. Numa noite de muito vento, sua maquete criada para um parquinho é levada por ventos fortes e bondosos para a prefeitura de Paris, onde está sendo realizado um concurso entre arquitetos para a reforma da praça da igreja medieval. Sem muita lógica, afinal, temos aqui uma comédia fantasiosa, Maud acaba vencendo o concurso e, de repente, conhece a prefeita da capital. Logo, encabeça um projeto de milhões de euros e reencontra o jornalista Bacchus (Pierre Delandonchamps), antigo namoradinho de sua juventude.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Notre Dame, 2019. Direção: Valérie Donzelli. Roteiro: Valperie Donzelli e Bejanmin Charbit. Elenco: Valérie Donzelli, Pierre Deladonchamps, Thomas Scimeca. Gênero: Comédia. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original : Philippe Jakko. Fotografia: Lazare Pedron. Edição: Pauline Gaillard. Figurino: Elisabeth Mehu. Direção de Arte: Charlotte Luneau. Distribuição: Califórinia Filmes. Duração: 90 min.
Mas será que o azar sumiu da vida de Maud? Claro que não. Os parisienses odeiam seu projeto fálico para a praça da Notre Dame e ela se vê em um apuro atrás do outro, até o inevitável final feliz. As cenas parecem ter saído do mundo da imaginação e se mostram surrealistas, desde a epidemias de tapas na cara a ataques terroristas de nuvens cor de rosa ou ainda canções cantadas em momentos inusitados, dancinhas divertidas e personagens histriônicos.
Esse é o grande problema do roteiro. Esta Paris charmosa e fantástica lembra muito O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, do diretor francês Jean-Pierre Jeunet, de 2001. A angústia da influência se manifesta com força aí; faz-se de imediato o paralelismo entre os dois filmes. E graças a isso, tira-se muito do encanto da descoberta de Notre Dame. A comédia é interessante, mas a comparação com a obra prima de Jeunet o empalidece e descaracteriza.
Para quem gostou de Amélie Poulain, aconselho fortemente a assistir Notre Dame. Os estilos parecidos vão fazê-lo reviver uma Paris de sonhos, bela, fantástica, com personagens adoráveis. Aproveite e reassista a obra-prima estrelada por Audrey Tattou e tenha uma overdose da cidade luz!
Pode-se questionar muitas coisas sobre as comédias-blockbuster do Cinema brasileiro. Suas qualidades, a falta de coesão de seu roteiro, a quantidade de estereótipos que reproduz. Sim, este gênero realmente não é muito querido entre os cinéfilos. Mas algo que não se pode questionar é o seu apelo com o público. O alcance destes filmes com as massas é imenso, sempre rendendo vertiginosas cifras em bilheteria e boa audiência em suas reprises na TV. Trata-se do bom e velho entretenimento descompromissado. O escapismo que proporciona o conforto necessário para tantas almas que só querem desligar a mente por uma hora e meia ao lado da família.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Um Tio Quase Perfeito 2, 2021. Direção: Pedro Antonio. Roteiro e Argumento:Leandro Muniz, Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Pedro Antonio. Elenco: Marcus Majella, Danton Mello, Letícia Isnard, Júlia Svacinna, Soffia Monteiro, João Barreto, Ana Lucia Torre, Fhelipe Gomes, Noemia Oliveira, Eduardo Galvão e Diego Becker. Produção: Erica Iootty. Coprodução: Mariza Leão. Produção Executiva: Tathiana Mourão, UPEX. Produção e Finalização: Thiago Pimentel. Produtor Associado: Jorge Peregrino. Distribuição: Sony Pictures Home Entertainment. Duração: 100min. Classificação Indicativa: LIVRE
Esta é a proposta de Um Tio Quase Perfeito 2, num momento em que as pessoas precisam urgentemente fugir um pouco da realidade. E, sendo assim, o filme não decepciona. Trambiqueiro incorrigível no primeiro filme, Tony (Marcus Majella) agora tem emprego fixo como professor e recreador. Seu jeito brincalhão e extrovertido faz sucesso na escola onde trabalha e é amado por todos, em especial seus 3 sobrinhos, Patricia (Julia Svacinna), Valentina (Soffia Monteiro) e João (João Barreto). Mas a calmaria de Tony é ameaçada quando sua irmã, Angela (Letícia Isnard), apresenta para a família seu novo amor, Beto (Danton Mello). Beto também é uma unanimidade, mas sendo justamente o oposto de Tony. Saudável, prudente e certinho, Beto intimida Tony com seu perfil de bom moço. Mas Tony não faz ideia do que um tio ciumento é capaz de fazer pra continuar sendo o preferido de seus sobrinhos.
O longa aprofunda a construção dos personagens e traz mais nuances para suas personalidades. O protagonista vivido por Majella é um show à parte. Conhecido pelo humor, ele empresta seu carisma a Tony e conquista o público até mesmo quando o personagem, cego pela insegurança, chega ao ponto de tentar sabotar o casamento da própria irmã para evitar que o cunhado usurpe tudo aquilo que ele construiu ao lado de sua família. Destacam-se no elenco, também, a sempre incrível Ana Lúcia Torre, como a matriarca Cecília, Danton Mello, irritantemente icônico em seu papel, e Eduardo Galvão, no derradeiro trabalho de sua carreira. Menção honrosa para Julia Svacinna, que rouba a cena como a sobrinha cheia de personalidade de Tony, Patricia.
Quem se permitir embarcar no humor despretensioso e acertadamente previsível dessa comédia para a família, pode até não ficar mais inteligente, mas talvez dê boas risadas.
Disponível nas Plataformas digitais de Aluguel e Compra: Apple TV (iTunes), Google Play, Microsoft Films &TV (Xbox) e PlayStation Store. Ou Plataformas digitais exclusivamente para aluguel: Looke, NOW e SKY. (clique aqui).
Tom & Jerry, personagens clássicos de William Hanna e Joseph Barbera, nasceram durante os anos 40 na MGM e são aclamados no mundo inteiro desde então. A narrativa que quase sempre mostra o gato Tom sendo ludibriado pelo ratinho esperto Jerry chegou aos cinemas em 1993 e ganha agora um live-action, mas à moda Space Jam, onde somente os personagens da série da duplitcha são animados. E sim, a eterna luta entre os dois são palco aqui também.
O filme da Warner Bros Pictures e da Warner Animation Group tem direção de Tim Story (Quarteto Fantástico, 2005) e roteiro de Kevin Costello. No elenco, Chloe Grace Moretz, Michael Peña, Colin Jost, Ken Jeong, Rob Delaney e Pallavi Sharda.
Trailer
Ficha Técnica
Titulo original e ano: Tom and Jerry, 2021. Direção: Tim Story. Roteiro: Kevin Costello - baseado nos personagens de Hanna Barbera para a MGM. Elenco: Chloë Grace Moretz, Michael Peña. Colin Jost, Ken Jeong, Rob Delaney, Jordan Bolger, Bobby Cannavale, Patsy Ferra, Lil Rey Howery, Nicky Jam e Pallavi Sharda.Gênero: Animação, aventura, comédia. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Christopher Lennetz. Fotografia: Ala Stewart. Edição: Peter S. Elliot. Supervisor de Efeitos Especiais : Dave Roddham. Direção de Arte: Phil Sims. Figurino: Alison McCosh. Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração: 01h41min.
Quando a tela se abre seguimos Jerry e sua busca por uma nova casa pelas ruas de Nova Iorque. Seu velho arqui-inimigo, o gato Tom, também está pelas redondezas e, claro, não demora e os dois se encontram para mais uma perseguição daquelas. Contudo, ao passo que eles estão se digladiando se deparam com a jovem Kayla (Moretz) e a derrubam de uma bicicleta. Kayla está indo em busca de trabalho em um grande hotel do bairro, o Royal Gate. Cheia de lábia e expertise, a moça consegue ser contratada pelo gerente DuBros (Delaney) e será auxiliar do braço direito deste último, Terrence (Peña), mas a moça esconde um segredinho que pode acabar com a carreira dela e teme por isto. Enquanto isso, Jerry está se acomodando nos interiores do lugar e Tom começa a fazer de um tudo para entrar por lá.
Kayla então recebe a missão de ajudar em um super evento, o casamento de duas celebridades, Preeta (Sharda) e Dwayne (Jost) e a presença do ratinho Jerry causa incômodo na cozinha do chef Jackie (Jeong) e pode abalar as estruturas do tão sonhado dia de Dwayne. Assim, Tom consegue um emprego para finalmente pegar seu adversário e toda a confusão está armada. Ainda mais quando chegam também ao hotel, acompanhando os noivos, o cachorro Butch e a gatinha Toots e muitos outros bichos.
O filme tem um tom super família e vem abordando temas como amizade, trabalho, amor e sucesso. Não entrega, como um todo, um resultado eficiente, mas tem seus momentos divertidos e, com certeza, é cheio de homenagens aos criadores dos clássicos personagens. Isto porquê as gravações originais dessa turma foram inseridas aqui.
Este é o primeiro filme que ambos não tem fala, já que se trata de um filme hibrido, porém em certa cena assistimos Tom cantar uma música ao piano. Ele vem todo artista, aliás. Mas Jerry sempre arruma um jeito do gatinho se dar mal, o que muda com a entrega do terceiro ato onde ambos precisam agir juntos para ajudar a amiga.
Com trilha sonora de Christopher Lennertz, o filme é super agitado e seu colorido é soberbo. As atuações não são exatamente aquele louvor de performances, mas vem como se pede, modestas. O personagem de Michael Peña ganha em certo momento um teor de vilão e, apesar desta fase, também tem sua redenção.
Para um momento leve em família, a produção pode ser uma boa pedida.