Zimba, apelido do ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski, revela ao público quem foi esse homem tão aclamado para as artes e para o teatro brasileiro falecido no ano de 1978. Inclusive, sua ida para o hospital e sua derradeira partida é narrada com emoção ao inicio do filme, por Camila Amado, ao passo que esta se dá de forma bastante teatral. O documentário de Joel Pizzini não só homenageia o artista como exibe imagens de seu trabalho e Zimba aparece conversando com o espectador por meio de áudios e entrevistas que vão se mesclando no filme.
Narrado não só por Amado, mas ainda por Natália Timberg e Nicette Bruno, o filme traz uma importante pesquisa dos primórdios do teatro e também da tevê no Brasil. Logo que começamos a ouvir a voz de Zimba, este nos conta que sua vinda ao Brasil foi concedida pelo embaixador Souza Dantas que estava em exercício na França a época em que este fugiu para lá. Assim, ele inicia sua demorada viagem para bananaland em 1941.
O polonês saiu de seu país, obviamente, devido aos acontecimentos de guerra. Uma que assolava a Europa e deixou a todos assustados. Diz ele que certo dia, já em Varsóvia, o radio define que os homens devem sair dali e ele que ainda tinha espetáculos na surdina, mesmo meio as bombas sendo jogadas, deixa a família para trás e segue um novo rumo.
A atriz Natalia Timberg comenta sobre o último papel dele ainda na Polônia e afirma que a peça ridicularizava Hitler, Mussolini e Franco, em obra de Bernard Shaw. Assim, com a prisão do ator que dava vida ao líder alemão pela gestapo, as chances de vida de artista continuar estavam mínimas.
Ficha Técnica
Título original: Zimba, 2021. Direção: Joel Pizzini. Roteiro: Joel Pizzini, Henrry Grazinoli e Reinaldo Amaro Mesquita. Com: Zbigniew Ziembinski. Narração: Camila Amado, Nicette Bruno, Natalia Timberg. Participações: Jardel Filho, Walmor Chagas, Paulo José, Paulo Autran, Domingos de Oliveira, Krzysztof Ziembinski, Luiza Barreto Leite. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Idiomas: português, polonês. Montagem: Idê Lacreta. Assistente de Montagem: Sofia Guimarães. Fotografia: Luis Abramo. Trilha Sonora Original: Livio Tragtenberg. Edição de Som e Mixagem: Ricardo Reia Chuí e Miram Biderman. Produção: Vera Haddad e Urszula Groska (in memorian). Produção Executiva: Vera Haddad, Marina Couto e Clarice Laus. Produção polonesa: Zbigniew Domagalski. Cordenadora de Produção na Polônia: Monika Blachnio. Pesquisa: Antonio Venâncio. Consultoria Biografica: Aleksandra Pluta. Produção em Londres: Mia Groska. Duração: 78 min. Classificação indicativa: livre
Para o Brasil, Zimba trouxe toda a sua formação e experiência que obteve na escola de Drama da Cracóvia. Sua mãe foi clara que ele necessitava terminar os estudos e como seu pai já havia falecido, devido a ter pego uma doença de um paciente, não optou por Medicina como achava que faria. No entanto, julga que toda a sua aclamação por esta estão nas análises de personagens e suas construções afim de tratar e curar os seus estados.
A classe artística comenta todo o apreço que tem pelo homem e pelo baita professor que ele foi. ''Um gênio com fome de papéis, um ator em explosão'' declaram os colegas. Paulo José e Fernanda Montenegro são alguns dos atores que o homenageiam aqui. Outra que aparece, comentando seu tempo de estreia e toda as orientações de Zimba que recebeu aos 15 anos de idade, é Nicette Bruno.
Sabemos lá pela metade do documentário como Zimba teve contato com os artistas brasileiros e o inicio do movimento teatral ocupando espaço com obras e textos originais da terrinha. Bem, o diretor vai a um evento oferecido pela imprensa a um pianista polaco e tudo se dá a partir dai.
Sem exatamente apresentar sotaque, Zimba comenta que o português não é sua língua materna e por isto faz um trabalho composicional para ter segurança com a língua e dominá-la, já que precisa transformar o que apresenta em verdade. Porém se no Brasil tem plena consciência de seu trabalho, o diretor se quer lembra da primeira peça em que esteve ainda em sua terra natal.
Considerado um ''workaholic'' por aqueles que trabalhavam com ele, o artista era um perfeccionista e agregou ao teatro muito da sua sapiência em diversos departamentos (iluminação, cenários, Mise-en-scène). Até chegou a se unir a Nelson Rodrigues e juntos obtiveram muito êxito nos palcos.
O diretor não deixa de comentar sobre as divas com quem trabalhou, como Cacilda e Tônia Carrero, do seu método fora da caixinha, do inicio da tevê, da perda dos atores amigos, do seu extinto contato familiar com o filho e a mãe, e lembra de como foi crescer após a morte do pai.
Por fim, o espectador sai da sessão tendo a sensação de ter tido uma aula de teatro e de vida.
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