Sergio Leone é uma marca registrada. Conhecido por dirigir filmes de Faroeste, seu nome está atrelado diretamente aos símbolos que se tornaram clichês deste gênero cinematográfico, talvez até mesmo para quem nunca assistiu a seus filmes. Contudo, sua última obra foge da fórmula que marcou sua carreira, mesmo que ainda carregue alguns dos elementos que o consagraram.
Era Uma Vez na América é um épico, isso é inquestionável. Quase que onipresente nas listas de melhores filmes de todos os tempos, a epopeia de Leone se destaca por sua grandiosidade e crueza. Inspirado pelo livro “The Hoods”, autobiografia do escritor e ex-gângster Harry Grey, o longa acompanha não-linearmente em 3 décadas distintas a história de um grupo de amigos que encontraram no crime organizado de Nova Iorque um meio de vida, desde os primeiros delitos na juventude até se tornarem temidos mafiosos. Liderados por Noodles e Max (respectivamente Robert De Niro e James Woods, quando adultos), os personagens nos conduzem por uma representação nada idealizada dos Estados Unidos, tendo suas histórias norteadas e impactadas pela violência e pela corrupção.
O filme se inicia e termina no mesmo ponto: com Noodles, já mais velho, relembrando sua trajetória, sob efeito de ópio num teatro chinês. É sob essa perspectiva que conhecemos seu passado. Cronologicamente, a história começa em 1918, num gueto judeu de Manhattan onde a população vive uma realidade decadente e a juventude rouba e se prostitui para se manter. Noodles comete pequenos crimes com seus amigos, Patsy, Cockeye e Dominic. O grupo aumenta quando Max se junta a eles. Ao sofrerem uma emboscada na qual Dominic é assassinado, Noodles é preso por ferir gravemente um policial. Ao ser libertado, em 1930, ele descobre que seus amigos se tornaram traficantes de bebidas durante a Lei Seca. Os crimes cometidos pelo bando vão se agravando proporcionalmente à sua ambição, o que eventualmente passa a ameaçar a amizade que os une.
Ficha Técnica
Título original e ano: Once Upon a Time in America, 1984. Direção: Sergio Leone. Roteiro: Leonardo Benvenuti, Piero De Bernardi, Enrico Medioli, Franco Arcalli, Franco Ferrini, Sergio Leone, Stuart Kamisky, Ernesto Gastaldi. Elenco: Robert De Niro, James Woods, Elizabeth McGovern, Treat Williams, Tuesdayeld, Burt Young, Joe Pesci, Danny Aiello, William Forsythe, James Hayden. Gênero: Crime, Drama. Nacionalidade: Italia, EUA. Trilha Sonora Original: Ennio Morricone. Fotografia: Tonino Delli Colli. Edição: Nino Baragli. Figurino: Gabriela Pescucci. Direção de Arte: Carlo Simi e James T. Singelis. Duração: 03h49min.
“Certas doenças, é melhor se ter quando ainda se é jovem”, diz Max sobre a maturidade dos Estados Unidos no período histórico em que vivem, com criminalidade, drogas e prostituição. Esta é a visão que Leone nos dá da dita “maior nação do planeta”, uma realidade fora de controle que não oferece a seu povo nada daquilo que promete. É bastante poético (e até irônico) que um dos filmes mais honestos e proeminentes sobre a construção da sociedade estadunidense moderna seja obra de um cineasta de outro país. Nada como o olhar de um estrangeiro para desconstruir a falácia do chamado “sonho americano”.
Leone acerta ao não tentar glamourizar ou romantizar o estilo de vida mafioso, como outros filmes famosos sobre gangsters. Neste sentido, Era Uma Vez na América se assemelha mais a Scarface: A Vergonha de Uma Nação do que a O Poderoso Chefão. Leone não parece querer que o público se identifique com seus personagens, dando a eles tons sombrios e ameaçadores dignos de vilões. Há no longa, por exemplo, duas cenas de estupro: ambas cometidas justamente pelo protagonista, mostrando como ele pode ser desprezível. Entretanto, infelizmente, esta mesma violência sexual acaba sendo banalizada pelo filme devido à forma misógina como as personagens femininas são escritas. Neste sentido, Era Uma Vez na América é realmente um subproduto de seu tempo.
Tanto por suas ótimas atuações quanto por sua excelência técnica, o derradeiro filme de Sergio Leone é o ápice de uma grande carreira, demonstrando o talento e a versatilidade do cineasta e enriquecendo ainda mais seu legado.
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