Em quase duas horas, este filme, que é uma coprodução suíça, portuguesa e inglesa de 1983, trata de procuras numa cidade branca. O importante diretor suíço Alain Tanner homenageia Lisboa com esse título e o maquinista de navios Paul, vivido pelo ator Bruno Ganz, perde-se entre as ladeiras da cidade, procurando amor, sexo e uma razão de viver.
Estes anseios o marinheiro suíço satisfaz na bela portuguesa Rosa, interpretada por Teresa Madruga, faz-tudo da pensão onde ele se hospeda, depois de desertar do navio onde trabalha. Paul é um eterno angustiado, abandona a suíça Elisa (Julia Vonderlinn), suas obrigações no navio, sua vida antiga, e vira um desocupado, perambulando pela cidade branca, arranjando brigas em prostíbulos e bares de sinuca, seduzindo e se apaixonando por Rosa, a que nasceu perto do castelo.
Ficha Técnica
Título original e ano: Dans La Ville Blanche, 1983. Direção: Alain Tanner. Elenco: Bruno Ganz, Teresa Madruga e Julian Vondelinn. Nacionalidade: Suiça, Portugal e REino Unido. Gênero: Drama. Duração: 108min. Idiomas: Inglês, Alemão, Português e Francês. Disponivel no áudio original com legendas. Faixa Etária: 14 anos.
Cheio de metalinguagens, o roteiro apresenta Paul utilizando cartas e vídeos caseiros para mostrar sua visão do mundo a Elisa, mulher que abandonou na Suíça. E que visão de mundo angustiada! Não sabendo exatamente o que deseja, o marinheiro deixa suas duas mulheres em suspenso, com vidas fragmentadas, numa espera angustiada por uma decisão. Decisão esta que acaba sendo tomada pelo próprio destino.
Essas esperas e procuras pontuam e margeiam o filme. Os atores são excelentes! Bruno Ganz, como sempre, brilha em qualquer papel que pegue. Lisboa é mostrada em toda sua beleza e brejeirice, com suas ruelas com roupas penduradas nas janelas, azulejos e bondinhos subindo as ladeiras. Mas é um filme de personagem que poderia ter aprofundado mais essa questão da angústia. Fica aquele gostinho de quero mais, de tentar entender o porquê dessa procura, dessa indecisão na vida.
Filmes com personagens em crises existenciais existem muitos e cada um mostra sua perspectiva e sua originalidade. Talvez a Alain Tanner tenha faltado esse toque próprio que nos fizesse ter interesse pelas andanças do Paul. Dá a impressão do personagem ser apenas um abusador dos sentimentos femininos, o que provoca uma certa antipatia. Mas assistam e tirem suas próprias conclusões.
Nota: 6/10.
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