A morte da qual se fala, não é um spoiler. Logo no início da película, o adolescente Alexis (Félix Lefebvre) quebra a quarta parede, falando diretamente com o espectador, e revela que o filme será sobre um defunto. O desenvolvimento das cenas seguintes vem para estabelecer como se dará o então óbito. Observamos que o ponto de vista narrativo é o de um rapaz de 16 anos, no auge de seus hormônios, com desejos de estudar 'Letras' e com um interesse curioso pela Morte. Não é um narrador confiável, e há uma passagem especifica que dá ao espectador uma pista disto. É quando o professor pergunta a Alexis: ' - isso realmente aconteceu assim? '. Aliás, a literatura e a escrita estão presentes em vários pontos do filme.
Trailer
Título original e ano: Ete, 2019. Direção: François Ozon. Roteiro: François Ozon - adaptação do romance de Aidan Chambers. Elenco: Benjamin Voisin, Valeria Bruni Tedeschi, Félix Lefebvre, Philippine Velge, Melvil Poupaud, Isabelle Nanty, Laurent Fernandez, Aurore Broutin, Bruno Lochet. Gênero:Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Jean-Benoît Dunckel. Fotografia: Hichame Alaouie. Edição: Laure Gardette. Direção de arte: Teddy Barouh. Design de Produção: Benoît Barouh. Distribuidora: Califórnia Filmes. Duração: 01h30min.
Metalinguagens à parte, em um acidente de veleiro, Alexis é salvo por David (Benjamin Voisin), um jovem sedutor de origens judias que, praticamente, em questão de horas se torna o melhor amigo de Alex (que passa a ser chamado assim), também seu amante e chefe do rapaz em uma loja de produtos náuticos, negócio de família. Outro personagem fascinante é a Madame Gorman (Valeria Bruni Tedeschi), mãe de David e que delega ao moçoilo de 16 anos o posto de guardião e protetor do seu filho sedutor que, desde a morte do pai, apresenta um comportamento errático e perigoso.
Começa então uma estória de amor no verão de 1985 nas praias da Normandia, com muito sol, praia e barcos de passeio/esporte. A música pop da década de 80 imprime o ritmo das cenas e o filme se torna uma ode ao prazer e ao amor. Mas tem o subcontexto sombrio da morte. David sofre muito ainda com a morte do pai e o abandono da escola para se dedicar aos negócios da família. Seu hedonismo exagerado, amor pelo perigo e velocidade chega a ser assustador, tal a intensidade com que vive a vida. Em um momento chave, o garoto propõe a Alex um pacto de amizade e morte: caso algum deles morra, o outro terá que dançar no túmulo daquele que já não estiver mais por aqui. E David é o defunto, é ele quem acaba falecendo. Antes do triste evento, há cenas de traição, sofrimento, rompimento de relações, a chegada da inglesa Kate (Philippine Velge) como vértice de um triângulo amoroso e ainda muita angústia adolescente.
Estreando nesta quinta-feira, dia 3 de junho, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Niterói, o longa foi selecionado para Cannes, no ano de 2020, e é uma bela aposta de diversão para se ver na tela grande. Excelentes atores, direção primorosa do diretor François Ozon e um exemplo magnífico do que cinema francês é: surpreendente e inteligente.
Assistam, é um filme instigante e que passa longe de clichês!
Nota: 8/10.
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última edição em 07/6/21
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