Uma colcha de retalhos pode ser muito bonita, vai depender da habilidade do costureiro de juntar os pedaços de tecido certos e fazer uma bela composição. Infelizmente, não é caso do “costureiro” desta produção. David Bruckner, diretor aqui, nos entrega uma colcha de retalhos confusa, uma mixórdia de gêneros mal justapostos que viram uma salada de clichês e desembocam num filme de 107 minutos fraco e sem sentido. Nele temos drama, estórias de fantasmas, crimes de psicopatas, mistérios arqueológicos, investigações de adultério, quer dizer, temos tudo e ao mesmo tempo não temos nada, pois o roteiro não consegue costurar as pontas e a trama fica sem sentido, sem tensão.
Beth (Rebecca Hall) perde o marido Owen (Evan Jonigkeit) para o suicídio. Devastada, ao voltar para sua bela casa, as margens de um lago, começa a viver experiências sobrenaturais, sentindo a presença do marido, de quem sente tantas saudades. Nas várias situações por que passa, começa a suspeitar de uma vida dupla do marido, descobrindo nesta investigação várias fotos de mulheres em seu celular. Além disso, a casa, construída pelo próprio marido, está nos moldes de um labirinto grego, talvez um portal para outras dimensões, duplicada no outro lado do lago e sendo habitada por outras mulheres parecidas com Beth. Nas anotações de Owen, a viúva descobre um falecido misterioso e desconhecido. Quem realmente era o marido suicida? Por que ele se matou?
Rebecca Hall é uma boa atriz. Seu papel de mulher confusa com os atos do falecido, ao mesmo tempo desejosa de um contato pós morte, é comovedor. Seus amigos, a professora Claire (Sarah Goldberg) e o vizinho Mel (Vondie Curtis-Hall) são muito mal aproveitados, servindo apenas como escada nos diálogos, consolando Beth ou passando novas informações sobre o passado do marido. Já Owen só faz caras e bocas, aparecendo peladão em algumas cenas. Os personagens do roteiro não são bem estruturados e ficamos todo o filme acompanhando principalmente a jornada da angustiada Beth desvendando o que está ocorrendo e à espera de um encontro com o amado, por quem sente tanto amor.
Mas o filme não tem tensão, nem provoca sustos dignos de menção. Percebe-se uma trama que poderia render muito, mas que ficou confusa pela mistura de gêneros diversos e que, para o cinéfilo mais atento, não deve conseguir segurar atenção nem empatia. Os valores técnicos dessa produção de 2020, com estreia tardia por causa da pandemia, são muito bons, mas a estória é muito fraca.
O filme entra em cartaz em cinemas de todo o país a partir desta quinta-feira, 23. Assistam e voltem aqui para comentar o que acharam.
Nota: 4/10.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: The Night House, 2020. Direção: David Bruckner. Roteiro: Ben Collins e Luke Piotrowski. Elenco: Rebecca Hall, Sarah Goldberg, Vondie Curtis-Hall, Evan Jonigkeit, Stacy Martin, David Abeles, Christina Jackson, Patrick Klein. Nacionalidade: Reino Unido, EUA. Gênero: Terror, Suspense, Mistério. Trilha Sonora Original: Ben Lovett. Fotografia: Elisha Christian. Edição: David Marks. Distribuição: 20th Century Studios. Duração: 01h47min.
A produção passou pelo Festival de Sundance, em 2020. Confira o video da nossa parceria com o Site Razão de Aspecto sobre o filme.
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