Texto postado na época da estréia nos cinemas, cobertura para o blog Nem Um pouco Epico.
Há dezessete anos, o fruto do projeto arma-x, bem como os demais membros dos X-Men, foram levados ao cinema pela primeira vez pelo realizador Brian Singer. Desde sua primeira aparição, Wolwerine, personagem criado para os quadrinhos por Len Wein e John Romita com desenho de Herb Trimpe, é interpretado pelo ator australiano Hugh Jackman.
Incontestavelmente um dos mutantes mais adorados do universo, a demanda crescente exigia que a jornada de Logan fosse contada a parte, ou ainda, paralela as aventuras da turma poderosa do professor Xavier e lá em 2009, com o desestruturado ”X-Men Origins: Wolwerine”, o projeto foi engatilhado, voltando depois a ser revisitado em 2013 com o mediano ”Wolwerine: Imortal”. Agora, chega-se a conclusão desta caminhada com o definitivo ‘Logan‘. Película dirigida por James Mangold (Johnny & June e Garota Interrompida) que nasce em um mundo pós ‘Deadpool’, personagem dos quadrinhos também levado aos cinemas pela 20th Century Fox que ampliou o leque de possibilidades ao modo de se fazer cinema.
O filme constrói uma linguagem que vai além do que já se viu antes sobre o personagem. É muito mais violento, denso, e com problemáticas reais. Afinal, ele se desliga de uma temática supérflua de heróis lutando contra o mal e abusa das impossibilidades daqueles seres em situações comuns.
Com Hugh Jackman e Patrick Stewart retornando aos seus papéis usuais de Wolwerine e Xavier, o longa tem a estreante Dafne Keen, o ator em ascensão Boyd Holbrook e os maravilhosos Stephen Merchant e Richard E. Grant.
O enredo nos leva ao ano de 2029, onde Logan (Jackman) está ganhando a vida como um motorista classudo de limousine, no sul dos Estados Unidos. Cansado e ainda mais isolado do mundo, ele precisa cruzar vez ou outra a fronteira com o México para encontrar Charles Xavier. O professor não é mais o homem equilibrado que costumava ser e está dependendo de altas doses de medicamentos para controlar seu poder. Resta então ao ex-pupilo prover tal ajuda. A parte disso, Logan é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma enfermeira mexicana que está responsável por uma menina chamada Laura Kinney/X23 (Keen) e necessita de abrigo, pois elas estão fugindo do mercenário Donald Pierce (Holbrook).
”Temos aqui uma fã de quadrinhos dos X-men”
Mangold é um bom condutor de dramas e conseguiu com Logan ministrar também ótimas cenas de ação. Se o personagem tem a necessidade de mostrar fúria ou raiva, ou o que seja, ele mostra, contudo, mostra sem aquela vitalidade de antes, algo visto como uma adequação a vida atual de Logan. A movimentação da câmera tem o tempo certo nesse quesito e dali o diretor extrai de um tudo de seu elenco. Ademais, ele consegue desconstruir um personagem que parecia perdido em sua trajetória audiovisual e nos dá uma versão muito mais robusta.
Momentos brutais, um jantar em família ou uma corrida pela floresta, além de diversos outros pormenores, jogam a versatilidade do diretor em campo e ele mantém o tom complexo do filme, mas que não perde nada quando pitadas de comédia são eventualmente usadas.
O elenco tem um ciclo pequeno e muito complementar. Despedidas a parte, Jackman faz sim o seu melhor Logan. Rústico, preocupado, cansadíssimo, paternal e com o mundo nas costas. Stewart, como o primeiro, vem pela primeira vez como um homem e não um herói e suas nuances são ótimas. A estreante Dafne Keen é um achado sem igual! Isto porque a atriz tem a dificílima missão de atuar sem proferir palavras por grande parte de tempo no filme e dessa missão ela se sai incrivelmente bem. Stephen Merchant interpreta um papel que apareceu no último X-Men, porém não com ele na função. E a troca valeu mesmo a pena. Richard E. Grant, para alguns, é sempre repetitivo quando interpreta vilões, mas há de se concordar que ele o faz com competência. Boyd Holbrook, mais conhecido por seu papel na série da Netflix ‘Narcos’, aparece para provocar e chama a atenção em diversas cenas.
A fotografia de John Mathieson tem o auxilio dos tons quentes do deserto do Texas como também a escuridão dos lugares em que o trio protagonista precisa percorrer. O figurino do filme não traz uniformes como vestimentas oficiais e isto dá a história ainda mais veracidade. Os cortes não são abruptos e a edição corre no ritmo certo.
A composição da trilha sonora é de Marco Beltrami que também esteve em ‘Wolwerine: Imortal’. Há ainda trechos de músicas de Johnny Cash, Jim Croce e da banda Kaleo nos trailers que chamaram bastante atenção pela combinação perfeita com a trama.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Logan, 2017. Direção: James Mangold. Roteiro: Scott Frank, James Mangold e Michael Green – adaptação dos personagens criados por John Romita Sr, Len Wein, Roy Thomas, Herb Trimpe, Craig Kyle, Chirstopher Yost e trama de David James Kelly. Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Elizabeh Rodriguez, Richard E. Grant. Nacionalidade: Eua. Gênero: Ação, Aventura, Scifi. Trilha Sonora Original: Marco Beltrami. Figurino: Daniel Orlandi. Fotografia: John Mathieson. Edição: Michael McCusker e Dirk Westervelt. Distribuidora: 20th Century Fox. Duração: 02h17min.
Avaliação: Quatro clones e meio (4,5/5).
O filme chegou aos cinemas em 02 de Março de 2017 e agora está disponível na STAR+!
Vejo vocês por ai!
B-
***postagem e cobertura de cabine de Imprensa realizada em 2017 para o Blog NEMUMPOUCOEPICO. #TextoReciclado
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