quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Na minha lista STAR+ |Logan, de James Mangold

Textpostado na época da estréia nos cinemas, cobertura para o blog Nem Um pouco Epico.

Há dezessete anos, o fruto do projeto arma-x, bem como os demais membros dos X-Men, foram levados ao cinema pela primeira vez pelo realizador Brian Singer. Desde sua primeira aparição, Wolwerine, personagem criado para os quadrinhos por Len Wein e John Romita com desenho de Herb Trimpe, é interpretado pelo ator australiano Hugh Jackman. 

Incontestavelmente um dos mutantes mais adorados do universo, a demanda crescente exigia que a jornada de Logan fosse contada a parte, ou ainda, paralela as aventuras da turma poderosa do professor Xavier e lá em 2009, com o desestruturado ”X-Men Origins: Wolwerine”, o projeto foi engatilhado, voltando depois a ser revisitado em 2013 com o mediano ”Wolwerine: Imortal”. Agora, chega-se a conclusão desta caminhada com o definitivo ‘Logan‘. Película dirigida por James Mangold (Johnny & June e Garota Interrompida) que nasce em um mundo pós ‘Deadpool’, personagem dos quadrinhos também levado aos cinemas pela 20th Century Fox que ampliou o leque de possibilidades ao modo de se fazer cinema. 

O filme constrói uma linguagem que vai além do que já se viu antes sobre o personagem. É muito mais violento, denso, e com problemáticas reais. Afinal, ele se desliga de uma temática supérflua de heróis lutando contra o mal e abusa das impossibilidades daqueles seres em situações comuns.

Com Hugh Jackman e Patrick Stewart retornando aos seus papéis usuais de Wolwerine e Xavier, o longa tem a estreante Dafne Keen, o ator em ascensão Boyd Holbrook e os maravilhosos Stephen Merchant e Richard E. Grant.

O enredo nos leva ao ano de 2029, onde Logan (Jackman) está ganhando a vida como um motorista classudo de limousine, no sul dos Estados Unidos. Cansado e ainda mais isolado do mundo, ele precisa cruzar vez ou outra a fronteira com o México para encontrar Charles Xavier. O professor não é mais o homem equilibrado que costumava ser e está dependendo de altas doses de medicamentos para controlar seu poder. Resta então ao ex-pupilo prover tal ajuda. A parte disso, Logan é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma enfermeira mexicana que está responsável por uma menina chamada Laura Kinney/X23 (Keen) e necessita de abrigo, pois elas estão fugindo do mercenário Donald Pierce (Holbrook). 

Em essência, a trama capta muito das aventuras escritas para Wolwerine em ”Velho Logan”, quadrinho de Mark Millar, lançado em 2008, que ganhou inúmeras edições ao longo dos anos – a última datando de 2015 só que com Brian Michael Brendis como responsável. No filme adapta-se, em principal, a debilidade e o estado físico de Logan (agora incapaz de se regenerar). E se distancia em alguns aspectos, como detalhes da vida íntima do personagem e ainda o fato de que os mutantes existem sim em grande quantidade – premissa que é exibidade forma diferente no longa, mas que apresenta um conflito sensacional. 

O roteiro escolhe mostrar o fundo do poço desses personagens. Os humaniza e faz com que eles vivam dolorosamente os seus demônios. A construção deles é, inclusive, tão mais acertada que leva ao espectador não uma historinha de quadrinhos, mas, finalmente, um drama da vida real. Seja pelo destaque das crises de identidade de cada um, ou da chegada do tempo ou até pelo crescente sentimento de incapacidade de continuar vivendo. 

Nas palavras de Jackman, ''Logan é um roadmovie complexo à la miss sunshine'' e faz muito sentido. Ainda acrescenta que por termos uma adaptação tão magistralmente cinematográfica, o uso de referências de três filmes aqui são importantes: ”O Lutador”, de 2008, ”Os Imperdoáveis”, de 1992, e o clássico ”Os Brutos Também Amam” – que aliás aparece em alto e bom som em algumas das cenas e se integra a trama com muito significado. 

Os alicerces da trama erguem um vinculo muito ‘família’ entre os três protagonistas e, por mais que nosso lobo solitário tente não se abrir, fica evidente que ali pulsa um coração velho e com espaço o suficiente tanto para ser pai como para ser filho.




”Temos aqui uma fã de quadrinhos dos X-men”

Mangold é um bom condutor de dramas e conseguiu com Logan ministrar também ótimas cenas de ação. Se o personagem tem a necessidade de mostrar fúria ou raiva, ou o que seja, ele mostra, contudo, mostra sem aquela vitalidade de antes, algo visto como uma adequação a vida atual de Logan. A movimentação da câmera tem o tempo certo nesse quesito e dali o diretor extrai de um tudo de seu elenco. Ademais, ele consegue desconstruir um personagem que parecia perdido em sua trajetória audiovisual e nos dá uma versão muito mais robusta. 

Momentos brutais, um jantar em família ou uma corrida pela floresta, além de diversos outros pormenores, jogam a versatilidade do diretor em campo e ele mantém o tom complexo do filme, mas que não perde nada quando pitadas de comédia são eventualmente usadas.






O elenco tem um ciclo pequeno e muito complementar. Despedidas a parte, Jackman faz sim o seu melhor Logan. Rústico, preocupado, cansadíssimo, paternal e com o mundo nas costas. Stewart, como o primeiro, vem pela primeira vez como um homem e não um herói e suas nuances são ótimas. A estreante Dafne Keen é um achado sem igual! Isto porque a atriz tem a dificílima missão de atuar sem proferir palavras por grande parte de tempo no filme e dessa missão ela se sai incrivelmente bem. Stephen Merchant interpreta um papel que apareceu no último X-Men, porém não com ele na função. E a troca valeu mesmo a pena. Richard E. Grant, para alguns, é sempre repetitivo quando interpreta vilões, mas há de se concordar que ele o faz com competência. Boyd Holbrook, mais conhecido por seu papel na série da Netflix ‘Narcos’, aparece para provocar e chama a atenção em diversas cenas.

A fotografia de John Mathieson tem o auxilio dos tons quentes do deserto do Texas como também a escuridão dos lugares em que o trio protagonista precisa percorrer. O figurino do filme não traz uniformes como vestimentas oficiais e isto dá a história ainda mais veracidade. Os cortes não são abruptos e a edição corre no ritmo certo.

A composição da trilha sonora é de Marco Beltrami que também esteve em ‘Wolwerine: Imortal’. Há ainda trechos de músicas de Johnny CashJim Croce e da banda Kaleo nos trailers que chamaram bastante atenção pela combinação perfeita com a trama.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Logan, 2017. Direção: James Mangold.  Roteiro: Scott Frank, James Mangold e Michael Green – adaptação dos personagens criados por John Romita Sr, Len Wein, Roy Thomas, Herb Trimpe, Craig Kyle, Chirstopher Yost e trama de David James Kelly. ElencoHugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Elizabeh Rodriguez, Richard E. Grant. Nacionalidade: Eua. GêneroAção, Aventura, Scifi. Trilha Sonora Original: Marco Beltrami. Figurino: Daniel OrlandiFotografia: John MathiesonEdição: Michael McCusker e Dirk Westervelt.  Distribuidora: 20th Century Fox. Duração: 02h17min.

AvaliaçãoQuatro clones e meio (4,5/5).

O filme chegou aos cinemas em 02 de Março de 2017 e agora está disponível na STAR+!

Vejo vocês por ai!

B-

***postagem e cobertura de cabine de Imprensa realizada em 2017 para o Blog NEMUMPOUCOEPICO. #TextoReciclado

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