quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Na minha lista STAR+ | Manchester À Beira Mar


Textpostado na época da estréia nos cinemas, cobertura para o blog Nem Um pouco Epico.

Longa escrito e dirigido por Kenneth Lonegan, traz Casey Affleck totamente entregue ao papel do zelador Lee que após receber a notícia da morte do irmão Joe (Kyle Chandler) tem de retornar a sua terra natal para preparar o funeral e dar apoio ao sobrinho Patrick (Lucas Hedges). A volta, contudo, coloca o homem em choque com as memórias do passado e com o verdadeiro motivo que o fez partir, anos antes. 

O drama teve exibição no Festival de Sundance de 2016 e é um dos primeiros filmes a ser distribuídos pelo estúdios Amazon, lá fora. No Brasil, a produção foi lançada pela Sony Pictures, em 2017, e está disponível na STAR+ (clique aqui para assistir). 

Com produção do ator Matt Damon que, inicialmente, iria estrelar e dirigir a película, ”Manchester à Beira Mar” ainda tem Michelle Williams, Tate Donovan, Heather Burns e Matthew Broderick no elenco.

O pequeno Patrick (O’Brien), Lee (Afleck) e Joe (Chandler) nas cenas iniciais da película.

A narrativa do filme é muito bem transcrita para as telas, pois se dá de forma não-linear e atrai a atenção em todas as suas mudanças de tempo. Há explicações para diversas situações, mas há também cenas que dão ao espectador a chance de refletir sobre o que ficou subentendido.

O conflito inicial, a morte do irmão de Lee, personagem de Afleck, constrói um patamar para todos os outros acontecimentos do filme, mas o seu papel é, na verdade, fazer com que o público saiba o porquê o zelador mora em outro Estado, longe da família. Tal revelação já ocorre com quase uma hora de filme e, depois daquele momento, Lee ganha um ar ainda mais sofrido.

O direcionamento de Lonegan, além do roteiro bem redigido, aproxima aquela história do espectador e não usa do melodrama para fazer a película crescer. Pelo contrário, ele busca o auxilio de outros elementos como a comédia para assegurar que a trama se desenvolva bem, o que realmente acontece. Além disso, os rumos que tio e sobrinho tomam acabam chegando a lugares legítimos.

Lucas Hedges vive Patrick na adolescência e contracena com o ganhador do Globo de Ouro, Casey Afleck.

O inverno adentra a tela com força e sua dureza se alia as dificuldades captadas. Michelle Williams interpreta a esposa de Lee e tem poucas cenas, mas se faz valer. Kyle Chandler é outro que aparece pouco e o interessante é que seu sobrenome no filme é idêntico ao que ele carrega na vida real (ironias do cinema), Heather Burns vive a mãe de um dos muitos interesses amorosos do jovem Patrick e até tenta flertar com o tio do garoto, porém, aquele não aparenta estar muito a fim. Matthew Broderick está na película como o padrasto do órfão e conduz as cenas de reencontro do garoto com a mãe de forma altamente conflituosa. Lucas Hedges é perfeito para o papel. O ator conseguiu ter um ótimo tom cômico e dá um show quando o seu personagem se dá conta de que sua vida mudou drasticamente. O bate bola que ele tem com Casey é um dos grandes destaques do longa.

Casey, aliás, está sempre muito concentrado e ele mantém um olhar carregado de tristeza e culpa Dando a quem assiste a chance de se emocionar inúmeras vezes. Sua interpretação vai ao ponto certo e se retira. Não traz exageros e nem é diminuta. O ator é sim o favorito para ganhar grandes prêmios nessa temporada de ouro: Baftas, SAG Awards, Oscars – e já levou o Globo de Ouro de melhor ator na categoria drama, mas chega indicado a talvez todos estes prêmios com a ajuda dos produtores e do irmão abafando casos do seu passado, onde fora acusado de ‘assediar sexualmente’ colegas de trabalho.

A polêmica ficou ainda mais em voga devido ao ator Nate Parker, protagonista e diretor de ‘O Nascimento de Uma Nação‘ (filme com grande potencial para estar entre os melhores do ano), ter sido completamente bombado pela mídia e esquecido pelos críticos, já que Parker também fora acusado por atos do mesmo tipo dos que Casey ‘aparentemente cometera’. Assim, não há em si uma explicação para o favorecimento de um e o esquecimento de outro, a não ser a mão branca de Hollywood se fazendo valer mais uma vez.

Robert Downey Jr. represente nossa cara de insatisfação com Hollywood, por favor! Afinal, Casey ganhou OSCAR de ''Melhor Ator'' pelo longa. O roteiro também foi premiado. 


Ademais, vale glorificar o bom trabalho da trilha sonora de Barber que acompanha todos os momentos e sabe simbolizar bem cada um deles dramatizando-os com corais e sons singelos de piano. A fotografia revela com muito cinza os ambientes frios e nublados que são palcos da história. A edição é certeira e,apesar de ser um filme de duas horas e alguns minutos, não chega a ser cansativo.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Manchester By The Sea, 2016 Direção e Roteiro: Kenneth Lonergan. Elenco: Casey Afleck, Kyle Chandler, Lucas Hedges, Tate Donovan, Michelle Williams, Matthew Broderick, Chloe Dixon, Ben O’Brien. Nacionalidade: Eua. Gênero: Drama. Trilha Sonora Original: Leslie Barber. Fotografia: Jody Lee Lipes. Edição: Jennifer Lame. Distribuidora: Sony Pictures Brasil. Duração: 02h18min.

AvaliaçãoQuatro  baldes de lágrimas e meio (4,5/5).

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See Ya!

B-

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