Eu sofro de depressão e ansiedade desde que
era adolescente e por muito tempo eu me senti um ET, isolado e único em meu
sofrimento. Hoje, é ainda muito difícil separar onde acaba a doença e eu
começo. Por isso, é muito importante ter obras que tragam uma representatividade
real, que façam você se enxergar e perceber que não está só. Elas também podem
ajudar pessoas que tenham um ente querido que enfrente uma luta com a saúde
mental a entenderem como essa pessoa se sente, para assim saber como ser de
auxílio.
Trouxe aqui uma listinha com
alguns livros que lidam com saúde mental e que eu super indico!
Observação: como os livros lidam
com temas delicados, fica aqui o aviso de gatilhos!
Redoma de Vidro (Sylvia Plath)
A história é centrada na personagem Esther Greenwood, que vai participar de um estágio em uma revista de Nova York. A vida na cidade nova trás grandes oportunidades, um ciclo social badalado e muitas expectativas. Porém, enquanto as colegas de Esther parecem se encaixar, ela começa a sentir um grande vazio. Ela, então, começa a questionar sua posição e seu futuro, o que gera uma grande uma crise existencial.
"Para a pessoa dentro da redoma de
vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho
ruim."
Os Sofrimentos do Jovem Werther (Goethe)
O livro é organizado em cartas que Werther manda para seu amigo Wilhelm.
Werther é um artista e ele muda para uma pequena vila em busca de uma vida mais
simples. Ele se encanta não só pela vila, mas também pela jovem Charlotte. Só tem um
problema: a moça não retorna os sentimentos e acaba noiva de Albert. A angústia
do amor não correspondido leva Werther a afundar cada vez mais em um poço de
dor e sofrimento (você fica: meu deus homem, para com isso. É só um crush! Mas
ao mesmo tempo se identifica profundamente com a dor e o vazio que ele
descreve).
"E tu, boa alma, que sentes o Ímpeto da mesma forma que ele sentiu, busca consolo em seu sofrimento e deixa que o livreto seja teu amigo se, por fado ou culpa própria, não puderes achar outro mais próximo do que ele."
Pessoas Normais (Sally Rooney)
Connell é filho de mãe
solteira. Na escola, ele é aquele garoto popular, que todo mundo gosta e todas as
garotas querem. Porém, ele tem um lado sensível e inseguro que esconde. Quando
se apaixona por Marianne, a garota esquisita do colégio, ele tenta esconder o
relacionamento, pois tem medo do que as pessoas vão dizer. Mais tarde, Connell
vai estudar em uma cidade grande. O que ele não esperava era ter tanta
dificuldade para formar laços com os novos colegas. A solidão começa a ficar
pesada. Na série tem uma cena em que o Connell desabafa para a terapeuta que é
simplesmente de quebrar o coração. O ator Paul Mescal arrasou.
Já Marianne é vivida pela igualmente talentosa Daisy Edgar-Jones na série (disponível na Starzplay). A personagem tem muitas camadas. Marianne vem de um lar abusivo, com pais ausentes e uma mãe agressiva. Por isso, ela cresceu aprendendo que amar e sofrer são indissociáveis. Além disso, ela não acha que merece afeto real. Ela sempre se mete em cada roubada! O livro debate muito sobre relacionamentos tóxicos e auto estima através da personagem da Marianne.
“Marianne tinha a sensação de que sua
vida real estava acontecendo em algum lugar distante, acontecendo sem ela. E
ela não sabia se algum ia iria encontra-la ou mesmo fazer parte dela.”
O Lado Bom da Vida (Matthew Quick)
O protagonista é Pat Peoples, um professor que após flagrar a esposa o traindo teve um surto psicótico e foi admito em um hospital psiquiátrico. O livro começa após seu tempo no hospital, quando ele vai morar com os pais. Ele acredita que sua vida é como um filme, onde há conflitos antes de chegar ao final feliz, que seria conseguir reconquistar a esposa, Nikki. Ele conhece Tifanny, uma jovem que também mudou de volta para a casa dos pais após a morte de seu marido. Tiffany conhece Nikki e promete que vai ajuda-lo com a ex se ele aceitar ser seu parceiro de dança em uma competição. É uma história mais leve, que mostra como você pode encontrar alguém que realmente enxerga quem você é como um todo.
“A vida é escrota, aleatória e
arbitrária, até que se encontre alguém que faça tudo isso fazer sentido, mesmo
que apenas temporariamente.”
The Charm Offensive (Alison
Cochrun)
Dev é produtor de um reality
show, Ever After. Claramente inspirado em The Bachelor, o programa coloca 12
mulheres para disputar um “príncipe”. Dev sempre acreditou na fantasia de
finais felizes para sempre, mas não é o que ele tem encontrado na vida pessoal.
Mesmo assim, ele continua certo que o programa é uma grande oportunidade para
as pessoas acharem o amor da vida delas. Imagina o quão incomodado ele fica ao
descobrir que o novo “príncipe” da temporada, Charlie, está ali só por causa da
publicidade.
Charlie é um empreendedor da área
de tecnologia lindo e rico. O que ninguém sabe, no entanto, é que ele sofre de
TOC e ansiedade. Por causas de suas
crises, os membros do conselho da empresa em que ele criou decidem que ele não
está mais em condição de comandar o negócio e, por isso, votam para que ele
seja dispensado do cargo de CEO. Charlie vê no programa a chance de
recuperar sua imagem e voltar a trabalhar no campo de tecnologia. Ele não está
lá para achar o amor. Porém, à medida que Charlie e Dev vão se conhecendo,
Charlie percebe que talvez o amor tenha o achado. O problema é que ele deveria
se apaixonar por uma das participantes, e não pelo seu produtor.
(ainda indisponível no Brasil)
“Eu aprendi que é possível estar tão
apaixonado com a idea de algo, que você fca cego para a realidade. E eu
aprendi que quero algo real”
Brave Face (Shaun
David Hutchinson)
Em “Brave Face”, Shaun conta como foi crescer no armário, acreditando que por ser diferente ele não teria um futuro. O livro deixa claro o quão vital é a representatividade. Tem uma passagem em que ele diz: “eu era só um garoto confuso, que aprendeu o vocabulário de ser gay em um mundo que odiava bichas”. Como isso ficou comigo. Como não ter sua auto estima sabotada vivendo assim? Qualquer um que cresce sendo “diferente” sofre um abuso psicológico gigantesco, que deixa marcas profundas, devastadoras e muito difíceis de ser superadas. Há uma razão para as taxas de suicídio entre a população LGBT serem tão altas. Durante a maior parte da minha vida, eu mesmo não tinha nenhuma referência do que era ser gay. E assim como o Shaun, sofri muito por isso. Tenho certeza de que se eu tivesse livros como esse, minha história seria diferente. Me sentiria mais validado e confiante. Fico muito feliz que os jovens de hoje tem essa representatividade e enxergam “possibilidades” em ser quem são!
(ainda indisponível no Brasil)
“Fica melhor. As vezes não rápido como
queríamos, mas eventualmente. Você melhora. Você aprende e cresce e aceita quem
você é e sabe que isso é o suficiente. Dá trbaalho. Exige paciência
e, muitas vezes, exige ajuda. Mas fica e vai melhorar. E você não está só. Você não precisa fingir
estar bem e que tudo vai ser perfeito. Tudo bem sentir dor, tudo bem pedir por
ajuda. Você pode mostrar para as pessoas quem você realmente é e que você ainda
é digno de ser amado.”
Tartarugas Até Lá em Baixo (John Green)
"A questão da espiral é que, se a
seguimos, ela nunca termina. Só vai se afunilando, infinitamente."
Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo (Benjamin Alire Sáenz)
A narrativa é contada pela
perspectiva de Dante, um garoto solitário e deprimido que conhece Aristóteles
em um clube e formam uma forte amizade. Amizade essa que vai abalar o mundo de
ambos os meninos, levando-os a uma profunda jornada de autodescoberta.
"Pensei em falar que a felicidade
era difícil para mim. Mas ela já sabia disso."
Uma História Meio Que Engraçada (Ned Vizzini)
“O seu problema é que você tem uma visão
de mundo totalmente moldada pela depressão.”
As Vantagens de Ser Invisível (Stephen Chbosky)
O livro é estruturado em cartas
que Charlie manda anonimamente (ou seja, Charlie não é o nome verdadeiro dele)
para alguém que ele nem mesmo conhece pessoalmente. Ele decide mandar a primeira carta depois de
seu melhor (e único) amigo se suicidar e ele ficar com medo de enfrentar o
começo do High School sozinho. Depois, o garoto continua a mandar os relatos contando o
que acontece com ele durante aquele ano.
"Então, eu acho que somos o que somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas."
Se sua saúde não vai bem e você está sofrendo, não hesite em pedir ajuda! Ligue 188 para o centro de valorização da vida. Ademais, muitas faculdades por todo o país oferecem atendimento psicológico a preços acessíveis! Clica nesse link!
Isso é TUDO!
Espero que tenham curtido e adicionado alguma das obras as listas de vocês. ah, e se gostaram ou já leram algum dos livros que citei, comenta aqui em baixo.
Love, Victor.
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