Competição Novos Diretores - Vencedor do prêmio de melhor documentário holandês no IDFA.
O documentário "Lidando com a Morte" (Dood in de Bijlmer), do cineasta Paul Rigter, nos apresenta todo processo de mapeamento cultural e étnico realizado em Bijlmer, um dos bairros periféricos de Amsterdam- Zuidoost, local que abriga quase 50.000 pessoas de mais de 150 nacionalidades. O filme narra a jornada anterior à construção do ''Yarden Amsterdam- Zuidoost'', um espaço para funerais para pessoas de todas as origens, culturas e religiões possíveis. Um empreendimento que pretende ser um ponto de encontro, onde a despedida seguirá de acordo com sua própria religião, tradições e rituais.
De maneira bem fria e direta, seguindo os hábitos culturais holandeses, o local teria a função de ser um ponto de reunião social para eventos fúnebres, que atenderiam a comunidade local. E os funerais são vistos sob uma ótica prática. Quando um ente querido morre, é preciso organizar a cerimônia e o local se propõe a auxiliar nestas questões, com profissionais comprometidos, que ajudam com conselhos pessoais em todos os detalhes, ao mesmo tempo que entendem a importância de permaneceram em segundo plano nas decisões dos familiares, em um momento tão delicado e íntimo.
As obras seriam iniciadas em 2016 e foram adiadas para 2017, levando por fim, quase 7 anos até sua conclusão. Neste meio tempo, a agente funerária Anita van Loon, uma executiva empenhada em seu trabalho de estudo e pesquisa das diversidades culturais e religiosas da região, demonstra seu papel de mapear essa multiplicidade cultural e identificar possíveis aspectos e necessidades que a nova casa funerária deveria focar.
Ficha Técnica
Título original e ano: Dood in de Bijlmer, 2020. Direção e roteiro: Paul Rigter . Gênero: Documentário. Nacionalidade: Holanda. Duração: 74 min.
Como mulher, holandesa, branca, Anita tem uma visão muito prática e direta da sistemática que envolve a morte - funeral e sepultamento. Percebemos isto, na visita que ela faz a seu pai idoso e doente, e ambos conversam naturalmente sob as decisões práticas a respeito da partida deste. Falam de detalhes como, o caixão ficará aberto ou fechado, que música será tocada, que tipo de comida e bebida será servida. Entretanto, como profissional, Anita visita as várias comunidades para aprender sobre seus costumes, suas crenças e rituais de despedida a fim de informar seus superiores que farão as devidas adaptações nos projetos do empreendimento.
Muito intrigante conhecer como cada comunidade e nacionalidade que vive em Amsterdam preserva sua cultura e tradições. Cabe à Anita aprender sobre os aspectos práticos como dimensões do local e banheiros para culturas que recebem até 500 pessoas em um velório e as mulheres usam vestimentas de grandes dimensões, espaço para preparar alimentos, banhar o morto, etc. Ela visita mesquitas, centros religiosos, igrejas e lugares variados, sendo bem recebida por todos.
Temos imagens de simulações de eventos fúnebres de vários povos, com suas danças, cânticos, símbolos de despedida, alimentos e bebidas. Seu papel é tornar a morte um negócio viável e lucrativo. Ela também ouve críticas, pois sendo uma nação predominantemente cristã, as outras culturas se dizem negligenciadas e muitas vezes tem que aceitar as exigências do país.
"Yarden Amsterdam- Zuidoost"
Que desejos você tem para seu próprio funeral? Se você não está mais aqui, é bom para os seus parentes mais próximos saberem quais são seus últimos desejos de funeral. Por exemplo, se você deseja ser enterrado ou cremado. De qual artista você gostaria de tocar a música neste momento? Ou você quer que seus parentes recebam sushi, um croquete ou uma fatia de bolo?" (Nota Extraída da página do empreendimento)
Durante as filmagens, Anita se despede de um ente querido e isto também é documentado. Há uma montagem com um funeral holandês, sóbrio e prático e outro enterro semelhante aos que se dão em Gana, com suas danças e músicas típicas. Quanto mais ela se aprofunda nos costumes de outras sociedades, mais ela aprende e questiona seu papel. Essas culturas realmente precisam deste empreendimento?
Ela que vê a morte como algo incrível e aceita que é preciso se preparar para o momento final, levando em conta até a possibilidade da eutanásia, caso ela não envelheça com saúde e autonomia, percebe que não sabe o que é melhor para todos. O documentário combina a vivência desta mulher de negócios no processo de luto e evento funerário com todo quadro multicultural. E Lidando com a Morte resulta em um filme extremamente mórbido, que nos leva a refletir sobre as decisões e aspectos práticos da morte.
Vinheta da Mostra
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