Competição de Novos Diretores - Exibido na seção Perspectivas do Cinema Alemão do Festival de Berlim.
Uma mãe viúva e recém-aposentada, Anke (Anke Bak), decide reunir a família na região onde costumavam morar, à beira do Mar Báltico. Uma ausência não passa despercebida: Max, o filho que se mudou para Hong Kong e está ilhado pelos protestos que tomam as ruas do território em favor da Democracia e da liberdade de expressão. Um álibi perfeitamente razoável, mas que não justifica os 3 anos que ele passou longe da Alemanha. O descaso de Max é notado e criticado pela irmã, Theresa (Theresa Bak), que mora em Berlim e não faltou ao encontro. A natureza amistosa e conciliadora da mãe, contudo, faz com que ela esteja disposta a compreender o afastamento do filho. Não demora até uma solução bastante simples se revelar: se a montanha não vai até Maomé... a matriarca deixa a idílica região da Floresta Negra para visitar o filho na cidade grande. Mas talvez a distância entre eles não seja apenas questão de Geografia.
O primeiro longa-metragem de Jonas Bak é pautado pela contraposição de dualidades. Ao invés de trabalhar a proposta de maneira óbvia, com diálogos expositivos, o cineasta alemão aposta na contemplação e no silêncio. A paisagem verde do cartão-postal vivo onde mora a protagonista é substituída pela imponente e intimidadora arquitetura de Hong Kong, um mar de luxuosos blocos de concreto e vidro com discretas brechas por onde os raios de Sol quase não conseguem passar. A mulher já idosa, agora aposentada e com a família criada, novamente vira criança ao caminhar sem muita convicção pelas intermináveis ruas da metrópole, com sua mochila cor-de-rosa nas costas. A construção lenta e delicada da atmosfera desta história conduz a personagem por uma jornada de vulnerabilidade na qual ela vivencia conexões humanas inesperadas e momentos inesquecíveis, assim como solidão e melancolia. Experiências tão introspectivas e agridoces quanto sua própria trajetória. Na tentativa de se conectar com seu filho, Anke encontra o caminho de volta para si mesma.
Em certos momentos, Madeira e Água poderia ser confundido com um documentário. Inclusive, a acertada decisão de filmar em 16mm traz muita vida às imagens, ricas em texturas e granulações. Tal escolha estética, junto à sensação de espontaneidade de Anke, em seu primeiro trabalho como atriz, dão um gostinho de vídeo-diário particular às majestosas cenas do filme de Jonas Bak. Devido à naturalidade do produto final, é até fácil esquecer que existe um roteiro por trás disso tudo.
O longa não hesita em soar poético e aberto a interpretações. Madeira e Água suscita observações sobre a efemeridade das relações interpessoais e as incertezas da tensa e estremecida situação política de Hong Kong (que contrasta lindamente com o momento de reflexão e paz da protagonista). A obra também aborda temas como a espiritualidade e o senso de unidade humana, além de contar com um certo toque autobiográfico, visto que o próprio Jonas Bak teve Hong Kong como lar por alguns anos e agora dirige sua própria mãe, a estrela do filme, Anke Bak, nesta bela história sobre os ciclos da vida e que é tão sutil e contida, mas, ao mesmo tempo, tão grandiosa e universal.
Vinheta da 45ª Mostra
Ficha Técnica
Título original e ano: Wood and Water, 2021. Direção e roteiro: Jonas Bak. Assistente de Direção: Adriana Praxmarer. Elenco: Anke Bak, Ricky Yeung, Alexandra Batten, Patrick Lo, Theresa Bak. Gênero: Drama. Nacionalidade: Alemnha, França, Hong Kong. Trilha Sonora Original: Brian Eno. Fotografia: Alex Grigoras. Departamento de som: Isaac Bertulis, Michele Braga, Chris Gayne. Duração: 01h019min.
Assista no MOSTRAPLAY, clique aqui.
SERVIÇO:
45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
De 21 de Outubro a 03 de Novembro.
Presencial e Online
MOSTRA PLAY
São inúmeros títulos confirmados na Mostra Play, cada um deles terá um limite de visualizações!
Serão oferecidos três pacotes exclusivos (não são válidos para nenhuma exibição presencial) e devem ser solicitados via e-mail (pacote_mostraplay@mostra.org). O pagamento deve ser realizado via transferência bancária. Quantidade e valores: 5 ingressos (R$ 57,00), 10 ingressos (R$ 105,00) ou 15 ingressos (R$ 150,00).
A programação da Mostra Play e das salas tem outro formato, isto se deve porque nem todos os filmes que estão disponíveis nas salas poderão ser assistidos também virtualmente. O ingresso individual para cada título da Mostra Play estará disponível a partir do domingo, 17 de outubro, custa R$ 12,00 e pode ser comprado diariamente no site https://mostraplay.mostra.org (pagamento por cartão de crédito das bandeiras visa ou mastercard). Após a compra, os filmes ficam disponíveis por 72 horas e, após o play, por 24 horas.
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