Venom: Tempo de Carnificina abre a porta das expectativas para o retorno do grande público aos cinemas. O filme faturou nos Estados Unidos, em seu primeiro fim de semana, 90 milhões de dólares, ultrapassando seu antecessor. Mas o apreciador de audiovisual que se preze sabe bem que bilheteria e qualidade nem sempre caminham juntas. Se o primeiro filme, lançado em 2018 (leia os comentáriosaqui), se apresentou de forma altamente espalhafatosa nas telas, ou seja, ganhou público, mas não funcionou para todo ele. Sua sequência, que não tem nenhuma intenção de ser séria, apresenta o mesmo formato.
Nesta nova caminhada, o simbionte Venom vem tentando seguir as regras estabelecidas por seu parceiro, Eddie Brock (Tom Hardy), e não tem se alimentado de cérebros humanos. Enquanto eles tentam se acertar na caçada a marginais (novamente a ideia 'Dexter' de ser entra aqui), Anne Weing (Michelle Williams), a ex-namorada de Brock, o avisa que está realmente seguindo em frente e tem planos de se casar com o atual homem de sua vida, o doutor Dan (Reid Scott). Como jornalista, Eddie tenta reviver seus tempos de glória e é avisado que um temido serial killer, Kletus Cassady (Woody Harrelson) vai ser levado ao corredor da morte, mas aceita falar com Brock e Brock somente. Assim, quando os dois entram em contato na cadeia, Kletus acaba ganhando também o seu simbionte pessoal e para piorar tudo, quer ir em busca da sua namoradinha perdida, Frances Barrison (Naomi Harris) e se vingar de todos que os fizeram mal, inclusive o detetive Mulligan (Stephen Graham) e Eddie.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Venom — Let There Be Carnage, 2021. Direção: Andy Serkis. Roteiro: Kelly Marcel — com argumentos de Tom Hardy baseado no personagem criado por David Michelinie e Todd McFarlane. Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Naomie Harris, Stephen Graham, Michelle Williams, Reid Scott, Peggy Lu. Gênero: Ação, Comédia. Nacionalidade: Reino Unido, Canada e EUA. Trilha Sonora Original: Marco Beltrami. Fotografia: Robert Richardson. Edição: Maryann Brandon e Stan Salfas. Direção de arte: Troy Sizemore. Distribudora: Sony Pictures Brasil. Duração: 01h37min.
As primeiras cenas de Venom nos informam que conheceremos o passado de dois importantes personagens para o filme, Frances e Kletus. Ambos viviam em um casarão medonho e eram mantidos acorrentados por conta de seus surtos e atos estranhos. Quando voltamos ao futuro, entendemos que a relação entre Venom e Brock está desandando. Se Brock tenta domesticar seu parasita simbionte, Venom quer se libertar e fugir dessa vida medíocre. Ainda assim, o 'protetor letal' até que reage a sua domesticação e tenta agir como um infantilóide. Mas tudo tem limite.
Venom - Você sabe quão sortudo você é por eu o ter escolhido?
Eddie Brock - Você me escolheu?
As HQ's ''Venom Protetor Letal'' e ''Homem-Aranha e Venom: Maximum Carnage'' são com certeza as bases para a construção do enredo aqui e nem assim chega-se a algum lugar. Sim, continuamos com personagens que não mostram muitas camadas e mesmo os novos, pouco convencem de seus dramas e backgrounds.
Se na HQ Venom luta com Carnificina e tem a ajuda do Homem-Aranha, na telona não se teve tempo para tal acontecimento. Kletus e Frances entram e saem da mesma forma e não causam tanto impacto quanto outros vilões grandiosos que já vimos no universo do spider.
Uma das cenas mais medonhas do filme é o desfecho da relação entre os protagonistas e a ida de um deles a uma balada a fantasia. As falas tem zero conexão e pouco conseguem fazer rir.
Se o filme é inteiramente de Tom Hardy, ele não só teve o texto que quis, como ajudou a escrevê-lo e o time e elenco tem seus amigos no grupo. A direção ficou por conta de Andy Serkis, e Rubem Fleischer, condutor do primeiro longa do Sebionte, não aparece aqui, pois o estúdio o deixou dedicado a Zumbilândia 2 (o que foi uma escolha mais acertada para Fleischer). Stephen Graham, ator britânico que esteve em O Irlandês e outros ótimos filmes de gângsters/punks e etc, foi uma das adições ao elenco junto com Naomie Harris e não vemos nada grandioso, mas também não estragam em nada a receita estranha que Venom já é. O retorno de Michelle Williams é visto, mas não necessariamente será algo muito lembrado. E Woody que vimos logo aos créditos do primeiro filme tem tempo de sobra pra ser um vilão apaixonado. Nada como o maravilhoso 'Assassinos por Natureza', onde o ator vivia um maníaco psicopata junto de sua amada, Mallory Knox, personagem de Juliette Lewis, e tocavam o terror. Comparação que cabe e seria até uma falha de caráter não lembrar dessa referência clássica do cinema produzido nos anos 90.
Em suma, a produção joga na cara do espectador algo muito claro, 'o que não funciona para você, pode ser incrivelmente divertido para outra pessoa', ainda assim, é ter um pouquinho de bom senso e entender que Venom e sua sequência não agregam nada de novo ao gênero amado pelos geeks ou sequer tem algum destaque que não seja seu elenco.
Ps: o longa tem cena pós-créditos conectando o personagem ao menino-aranha e também a um possível novo vilão em uma terceira aventura que pode vir por ai.
Avaliação: Dois uniformes malditos e meio coração de galinha (2,5/5)
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