Atenção: esta review será extremamente EMOCIONAL, pois acabei de terminar o livro e estou simplesmente borbulhando de PALAVRAS e SENTIMENTOS.
Às vezes me bate um desespero ao pensar em quantos livros e filmes existem no mundo, e como eu nunca conseguirei alcançar todos. A angústia é de acabar nunca conhecendo uma obra de arte que poderia me transformar - porque a arte é sim poderosa a essa ponto. E não, nunca conseguirei ler todos os livros do mundo. Mas tudo bem, pois sinto que – felizmente - essas obras que transformam a gente acabam dando um jeito de nos encontrar.
Com “Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo” foi assim. Eu li o livro antes que ele se tornasse uma febre no mundo do booktwitter/ booktube. Não lembro exatamente de como cheguei até ele. Acho que estava começando a ficar confortável em me enxergar como gay, e procurava histórias que me representassem. Lembro que só tinha uma cópia na livraria quando fui comprar e fiquei com vergonha da vendedora saber o conteúdo e me julgar. Paguei, levei pra casa, li e escondi na estante, esperando que minha mãe não ficasse curiosa o suficiente para ver sobre o que era o livro. Ah... a vida no armário (graças a deusa esses dias ficaram para trás). Enfim, se era me enxergar que procurava, definitivamente encontrei nesse livro! Toda a melancolia de Ari, suas dores e conflitos - embora com raízes muito diferentes das minhas - me soaram extremamente familiares.
Aristóteles é o tipo de menino que pertence à chuva. Sua mente e seu coração são cativos de uma tempestade eterna.
Mesmo assim é durante o verão que o menino encontra Dante. Dante, que não é norte-americano o suficiente e nem mexicano o suficiente. Mas é Dante o suficiente. Um jovem inteligente, com um universo de palavras dentro de si, gentil, emotivo, sincero, que odeia sapatos e não tem vergonha de dizer que ama os pais.
Ao encontrar Dante, a palavra amizade passa a morar dentro de Aristóteles. Usando uma metáfora do próprio livro: cada pessoa possui dentro de si um país. E construímos muralhas para proteger-nos. Porém, precisamos ser visitados. Afinal, conexão é uma condição fundamental do ser humano. Então, emitimos vistos. Aristóteles não dava passagem a ninguém, mas Dante consegue penetrar suas muralhas. E juntos eles vão desvendar não só os mistérios do amor, mas também os mistérios da família, da amizade, do ódio... E do amor.
No começo, fiquei bastante cético. Até achei que não gostaria do livro por hoje não estar numa posição tão semelhante a do Ari, como estava quando li o primeiro livro, há uns seis anos. Felizmente, com o virar das páginas, o receio foi se dissipando e fui completamente acolhido pelas palavras majestosas de Benjamin Alire-Sáenz.
A continuação começa exatamente de onde o primeiro livro parou.
A linguagem é a mesma.
Outra coisa que contrasta com o primeiro é que ao invés da batalha de Ari ser com ele mesmo, nesse o maior conflito é habitar um mundo hostil para pessoas como ele. Como ser o seu eu mais autêntico e ter autoestima, quando ao seu redor, tanta gente diz que você não tem lugar no mundo? Por isso é preciso criar um sistema de apoio e nesse livro essa importância fica mais claro que nunca.
Enfim, estou muito contente em dizer que “Aristóteles e Dante Mergulham nas Águas do Mundo” faz jus ao primeiro e que agora ele também mora dentro de mim. O livro tem defeitos, claro: algumas falas soam um tanto palestrinhas demais e o final é mal desenvolvido e um tanto clichê demais. Porém, Benjamin criou personagens muito especiais. Não estou pronto para dizer adeus e fico aqui torcendo para que a história de Ari e Dante não tenha terminado.
Love, Vitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)