"Noite do Fogo" é o filme pré selecionado como representante do México no Oscar 2022. Foi vencedor do Prêmio Especial do Juri, no Festival de Cannes e vencedor do Prêmio de Melhor Filme Ibero- Americano no Festival de San Sebastian.
O drama, com roteiro e direção da mexicana Tatiana Huezo, conta com co-produção brasileira, assinada pela produtora Desvia Filmes. Traz no elenco: Nana Cristina Ordónez Gonzalez (Ana criança), Mayra Membreño (Ana jovem), Camila Gaal (Paula criança), Alejandra Camacho (Paula jovem), Blanca Itzel Péres (Maria criança), Giselle Barrera Sanchez (Maria jovem), Norma Pablo (Luz), Mayra Batalha (Rita), Memo Villegas (Leonardo), entre outros, e é baseado no romance homônimo escrito por Jennifer Clement, publicado em 2014.
O roteiro nos apresenta a rotina real e sofrida em um povoado dominado pela guerra do crime organizado dos cartéis e seu contexto econômico e político, visto pela ótica de três garotas prestes a entrar na adolescência. Filmado na Sierra Gorda, entre os estados de Querétano e Hidalgo, a fotografia nos leva a um ambiente exuberante, rico em áreas verdes, com os animais e insetos das montanhas e predominância das plantações de papoulas; contrastando com as moradias simples de um vilarejo modesto.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Noche de Fuego, 2021. Direção: Tatiana Huezo. Roteiro: Tatiana Huezo - baseado no livro de Jennifer Clement. Elenco: Mayra Batalla, Norma Pablo, Olivia Lagunas, David Illescas, Alejandra Camacho, Eileen Yañez. Gênero: Drama. Nacionalidade: México. Trilha Sonora Original: Leonardo Heiblum e Jacobo Lieberman. Fotografia: Dariela Ludlow. Edição: Miguel Schverdfinger. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 110min.
A cena inicial, com uma criança "provando" o tamanho da cova que servirá de esconderijo, é chocante e nos antecipa a tensão do filme (prepare os lencinhos!). Entretanto, apesar do perigo que ronda, da ameaça que pode vir de qualquer lugar, a vida deve seguir em sua "normalidade". Logo, vamos acompanhar a história de Ana e suas duas melhores amigas. Seus traços típicos e a bela e vasta cabeleira será substituída por um corte mais masculino. Sua mãe mente que é devido aos piolhos. O motivo é bem outro. As lágrimas escorrem pelo rosto da menina.A aparência masculinizada poderá salvar sua vida em breve. A garotinha prestes a entrar na fase mais complicada da vida é alvo fácil para os narcotraficantes. A mãe tenta protegê-la. Mas ela não entende o perigo e só irá descobrir a realidade chocante à duras penas.
Em seu mundo ainda infantil e inocente, as amigas tentam ser felizes como podem. Escondidas nas casas abandonadas, vestem-se de "meninas", pintam os lábios com beterraba e fingem que se comunicam mentalmente. As câmeras mostram detalhes que denotam o clima tenso do lugarejo. A colheita da papoula se aproxima e as autoridades despejam de helicópteros, toneladas de venenos sobre as plantações tentando destruí-las, inutilmente.
Isoladas, as pessoas se acumulam no alto dos morros com os celulares, tentando conseguir algum sinal. O povo humilde depende da colheita como meio de subsistência. O perigo maior está no tráfico de seres humanos. A mãe aceita ser vista pela filha como má, desde que isso preserve sua vida e se submete a trabalhar na colheita do ópio da papoula para conseguir proteção dos traficantes. Os meninos são aliciados pelo cartel e empunham armas tentando impressionar. A escola improvisada e sem recursos é o único elo de ligação com uma outra realidade. Mas até os professores tem que seguir regras. As interpretações das jovens, principalmente Ana, são comoventes. É a violência vista pelo olhar do oprimido em uma realidade que é praticamente impossível sair.
18 de Novembro nos Cinemas
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