Sanguessugas - Uma Comédia Marxista Sobre Vampiros | 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


Competição de Novos Diretores - Exibido na seção Encontros do Festival de Berlim e no Festival de Roterdã 

Sabemos que a vida seria extremamente melhor aproveitada se as horas de jornadas de trabalho dos indivíduos em todo mundo não funcionasse de acordo com a ótica capitalista, além de outros pontos que são bastante criticados por Karl Marx em "O Capital" (1867). Usando então como base as ideias do filosofo, "Sanguessugas" - Uma Comédia Marxista Sobre Vampiros" desenvolve uma metáfora incrível e hilária sobre um tema que se pensarmos muito a fundo, não rimos nem um pouco, mas choramos.

Na trama, que se passa em 1928, um soviético (Alexandre Koberidze) foge de seu país e, a partir do sonho de se tornar ator e ir para Hollywood, começa a viver como um misterioso Barão em outras terras. O homem tem um encontro com uma mulher da alta sociedade chamada Octavia (Lilith Stangenberg) que praticamente altera seus planos, pois ele se apaixona por ela. Mas ele sequer imagina que ao se fantasiar de nobre começa a se relacionar com aquela classe e eles são todos vampiros. 

A produção tem direção e roteiro de Julian Radlmaier e o diretor ganhou prêmio por sua condução no "Moscow International Film Festival" ainda no primeiro semestre do ano.


Ficha Técnica
Título original e ano: Blutsauger, 2021. Direção e roteiro: Julian Radlmaier. Elenco: Alexander Koberidze, Lilith Stangenberg, Alex Herbst, Corinna Harfouch, Andreas Döhler. Gênero: Comédia, fantasia. Nacionalidade: Alemanha. Fotografia: Markus Koob. Edição: Julian Radlmaier. Figurino: Sara Wendt. Duração: 125min.
Octavia é uma mulher de opinião e está sempre acompanhada de seu assistente pessoal Jakob (Alexander Herbst), um trabalhador fiel e que como muitos homens na história, sente atração pela riquíssima e bela mulher. Este núcleo só é conhecido depois de alguns minutos de filme, na realidade, pois para construir a metáfora vampiresca do capitalismo o espectador é apresentando primeiramente a um grupo de pessoas comuns que mantém um clube do livro próximo a praia e o livro do momento em discussão é "O Capital".

Se alguns entendem perfeitamente a crítica que é feita ao sistema econômico na obra, alguns o percebem como fantasioso. Ironicamente, naquela reunião estão trabalhadores de uma fábrica que tem como principal produto uma pomada para curar "picadas de insetos/pulgas". Aliás, as manchas em si lembram bastante a "mordidas de vampiros" e ao longo da produção haverá discussões sobre essas manchinhas que vários dos habitantes e trabalhadores tem. Isto se deve ao fato de que a classe nobre as assimila a "má higiene" para sobrepor a ideia de que possam estar sugando a vida de seus subordinados. Outro ponto bastante assertivo sobre a metáfora é que a pomada sequer pode ser comprada pelos trabalhadores, por ter um valor alto. Assim eles tem que criar a sua própria e se virar nos 30 para continuar sobrevivendo meio a tanta exploração.


O filme convence facilmente por dar tempo para desenvolver e sustentar toda a teoria citada, como revela e expõe a vida das vítimas e as situações a que são precisam vivenciar. Debochadamente, a elite do lugar sempre se safa, pois é quem detém o poder de tudo e quem realmente precisa se alimentar da vida dos mais humildes. São espertos e pomposos, enquanto a classe trabalhadora sequer percebe que está desunida e pouco consegue conversar sem se ofender. Se relacionar então, impossível, pois não conseguem enaltecer a si mesmos. É sutil ainda a crítica feminista de que a dama cobiçada, independente e inteligente, também passe por pressões para se casar e que tenha que se manter dentro de sua classe, algo que ela parece também querer que aconteça.

O tom cômico do filme é maravilhoso e nos faz entrar de cabeça na história. A condução de Julian, que está em sua quarta direção, é esplêndida. Um diretor perspicaz e que não necessariamente explica tudo, mas intriga e não deixa o espectador dormir. Seu texto é brilhante tanto quanto o clássico popular "Bom Xibom".


Vinheta da 45ª Mostra


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SERVIÇO:
45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 
De 21 de Outubro a 03 de Novembro.
Presencial e Online

MOSTRA PLAY

São inúmeros títulos confirmados na Mostra Play, cada um deles terá um limite de visualizações então, corra para escolher o seu e assistir logo!

Serão oferecidos três pacotes exclusivos (não são válidos para nenhuma exibição presencial) e devem ser solicitados via e-mail (pacote_mostraplay@mostra.org). O pagamento deve ser realizado via transferência bancária. Quantidade e valores: 5 ingressos (R$ 57,00), 10 ingressos (R$ 105,00) ou 15 ingressos (R$ 150,00).

A programação da Mostra Play e das salas tem outro formato, isto se deve porque nem todos os filmes que estão disponíveis nas salas poderão ser assistidos também virtualmente. O ingresso individual para cada título da Mostra Play estará disponível a partir do domingo, 17 de outubro, custa R$ 12,00 e pode ser comprado diariamente no site https://mostraplay.mostra.org (pagamento por cartão de crédito das bandeiras visa ou mastercard). Após a compra, os filmes ficam disponíveis por 72 horas e, após o play, por 24 horas.

Escrito por Bárbara Kruczyński

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