quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Listão 2021 - Parte I


Já tem um tempinho que resolvemos fazer listinhas para enaltecer as melhores produções que vimos durante o ano aqui no WBN. A idéia é dar destaque a séries, livros, ou filmes e o ponta pé inicial de 2021 ficará por conta da Helen, do Marcelino e da Luana que trazem indicações sobre o que mais gostaram de assistir no ano que vai terminando...

HELEN

Eu que pensava que 2021 seria diferente. Foi mais um 2020 plus, na real, e aqui estou eu novamente pensando em minha lista dos melhores filmes. Vistos em casa mesmo! Ainda sem coragem para voltar às salas de cinema, os streamings e apps me salvaram do tédio. Não teve todo glamour da telona, não tive também a companhia dos amigos queridos, mas ao menos consegui me manter por dentro de tudo que rolou. Mesmo que a sensação que eu sempre tenha seja ''que por melhor que tenha sido o filme, nada me marca profundamente, quando visto em casa''. Talvez pela quantidade. Assim que termino de assistir já passo para o próximo, sem grande impacto emocional.

De toda a forma, aqui estão dicas, dos muitos assistidos em cabines online ou não:

    • O Mauritano, de Kevin Macdonald (USA e Reino Unido, 2021 - Drama).
Disponivel no Telecine 


Situado em 2002, pouco tempo após ,os atentados de 11 de setembro, o filme se baseia no livro autobiográfico "Diário de Guantanamo", escrito por Mohamedou Ould Slahi, enquanto esteve na prisão americana em Cuba. Preso injustamente, acusado de ter ligações com Bin Laden, o rapaz aguarda sua execução. Assim, passamos a acompanhar a luta da advogada Nancy Hollander tentando provar sua inocência.

O que torna a produção diferente é que não teremos um filme clássico de tribunal. O enfoque fica no lado pessoal do prisioneiro e na narrativa de todas as atrocidades que ele enfrentou. Bem emocionante.
Super indico!! Disponível no Telecine.

    • O Homem Que Vendeu Sua Pele, de Kaouther Ben Hanis (Tunisia, Bélgica e França, 2020 - Drama).


Definitivamente, o indicado pela Tunísia para concorrer ao Oscar de Melhor Longa Metragem Internacional em 2021, é um filme que vale a pena conferir. Em 2012, a diretora Kaouther Ben Hanis, ao visitar o Museu do Louvre, presenciou uma retrospectiva do artista belga Win Deloye e, entre as obras havia um homem de dorso nu sentado em uma poltrona, exibindo o desenho de uma tatuagem em suas costas. Essa "peça de arte" foi vendida em um leilão para um colecionador em 2008 e o homem (Tim Steiner) fora obrigado por contrato, a permanecer um certo tempo exposto em museus e galerias pelo mundo, como um objeto de arte.  

O filme narra a história deste homem fictício, o sírio Sam Ali (Yahya Mahayni) e os absurdos que ele se vê obrigado a fazer por amor à Abeer (Dea Liane) e questiona o fato de um ser humano ser visto como um objeto. 

    • Summerland, de Jessica Swale (Reino Unido, 2020 - Drama).
Disponível nas plataformas digitais


Estamos em 1975. A srta. Alice Lamb (Penelope Wilton) é uma escritora idosa, irritada com sua máquina de escrever e as frases de seu livro. Nitidamente, ela não gosta das crianças que atrapalham o sossego de sua casa isolada na montanha. Em um flashback, vamos encontrar Alice jovem (Gemma Aterton), irritada com as crianças que enchem sua caixa de correio de gravetos e detritos, no mesmo casebre em Kent, interior da Inglaterra, agora nos anos 1940, período da 2ª Guerra Mundial. O lixo na caixa de correio impediu Alice de perceber uma correspondência avisando da chegada de um garoto evacuado de Londres, filho de um piloto da RAF que está em combate e de uma mãe trabalha para o governo. Era costume na época enviar os filhos para lares temporários no interior da Inglaterra, longe dos perigos dos bombardeios. Destaque para a fotografia nas cenas das ruas de Londres destruídas, em plena guerra, e o abrigo antiaéreo. O cenário de guerra está impressionantemente real e impactante.

O filme é meigo e consegue reunir o amor do passado e a solidão de uma vida com toques de mitologia, em uma narrativa envolvente e gostosa de assistir. Summerland entrega uma história de amadurecimento, um amor lésbico que sobrevive ao tempo e à distância, reencontros emocionantes e um desfecho comovente. Tudo isso embalado por uma trilha sonora deliciosa e uma bela fotografia. Se você gosta de romance de época, esse filme é para você!! 

     
MARCELINO

    • Meu Pai, de Florian Zeller (Inglaterra e França,/2020- Drama).
Disponível no Amazon Prime Video


Com uma atuação primorosa de Anthony Hopkins como um senhor de 81 anos de idade, também chamado Anthony, que apresenta sinais de senilidade e se confunde entre a realidade e o imaginário, entre o passado e o presente, entre o que é verdadeiro e o que é resultado de sua doença, o filme é mostrado através deste ponto de vista dúbio, confundindo o tempo todo o espectador com mudanças de cenários, de atores, com a passagem do tempo, com situações repetitivas, como se estivéssemos na mente deste idoso senil.


    • Nove Dias, Edson Oda (EUA,2020 - Drama/Fantasia).
A produção ainda não está dísponível no streaming


Linda e reflexiva fábula espiritual, Nove Dias, dirigido pelo brasileiro Edson Oda, surpreende pelo roteiro em estado de graça. Que belo filme! Suas duas horas são uma verdadeira lição sobre a vida, suas maravilhas e suas dificuldades. É daquelas películas que reverberam na sua cabeça e te deixam refletindo sobre vários aspectos de sua jornada.

Resenha completa disponível em Nove Dias, de Edson Oda | wanna be nerd

    • A Crônica Francesa, de Wes Anderson (EUA,2021 - Drama/Romance/Comédia).
A produção ainda não está dísponível no streaming


A Crônica Francesa é uma joia de tão bonita que é. Fotografia em preto e branco que alterna com a palheta de cores suaves tão característica de Wes Anderson. Cenários deslumbrantes e pitorescos de uma cidade provinciana francesa fictícia ganham luz com atuações propositadamente anti-naturais de um elenco estelar. O filme deslumbra pela sua criatividade e originalidade.


LUANA

Talvez tenha passado batido...

Abaixo, indico três grandes lançamentos de nomes grandiosos do cinema mundial e que renderam nomeações em festivais e premiações, mas acabaram ofuscados por seus concorrentes e/ou tiveram seu lançamento prejudicado por terem estreado na época em que os cinemas ainda estavam fechados. São eles:

    • Uma Noite em Miami, de Regina King. (USA, 2021 - Drama)
Disponível no Amazon Prime Video


Após ampliar sua fama e reconhecimento ao viver a protagonista da série Watchmen, Regina King lançou-se na direção de seu primeiro loga-metragem. Uma Noite em Miami imagina como teria sido o encontro dos maiores nomes negros do entretenimento estadunidense com Malcom X. Se reúnem com o ativista político em um quarto de hotel Muhammad Ali, o atleta Jim Brown e o cantor Sam Cooke. Passada quase que exclusivamente neste único cômodo, a narrativa remete ao teatro e segura bem a tensão durante toda sua duração. Infelizmente, o filme chegou sem fôlego ao Oscar. Até figurou entre os indicados a melhor canção e roteiro originais e levou Leslie Odom Jr. a concorrer a melhor ator coadjuvante. No entanto, boa parte da crítica considerou afrontosa a falta de uma indicação a melhor filme ou a melhor direção.


    • Quo Vadis, Aida?, de Jasmila Žbanić (Bósnia e Herzegovina e Romênia, 2021 - Drama).
Disponível no Telecine


Outro indicado ao Oscar 2021 que acabou não levando o prêmio. Foi o filme bósnio dirigido pela veterana Jasmila Zbanic. A obra se passa durante o que foi o início da Guerra da Bósnia, mas passa longe de ser um filme de guerra. O mote gira em torno dos conflitos pessoais da tradutora e professora Aida. Após meses trabalhando junto a soldados associados à ONU, a mulher vê suas preocupações com a política interna de seu país desaparecerem para darem lugar a preocupações de ordem imediata envolvendo sua família. A intérprete de Aida, Jasna Duricic, foi um dos grandes nomes da temporada, conferindo à sua atuação um caráter que ao mesmo tempo exprime firmeza e desespero, além da ambiguidade que constrói lindamente a tensão do filme.


    • First Cow - A Primeira Vaca da América, de Kelly Reichardt (EUA, 2019 - Drama/Faroeste).
Disponível na MUBI


Em sua mais nova obra, Kelly Reichardt consegue fazer um épico sobre a formação de um país a partir de uma história simples e sem grandes arroubos sobre amizade e a sobrevivência cotidiana no início do século XIX. É sintomático que o olhar feminino seja o que consegue retratar com maior fidelidade as relações de afeto genuíno entre dois homens. A construção final da ação e tensão do filme funcionam apenas por esse afeto estar tão bem estabelecido. Personagem igualmente importante, a vaca leiteira também tem sua relação com o cozinheiro Cookie concebida de forma autêntica que de fato é capaz de tocar a audiência. O ritmo contemplativo, algo que muitos desprezam, aqui não é empecilho algum para a apreciação do longa-metragem, uma vez que as cenas lentas casam perfeitamente com a natureza virgem e a vida pacata do novo continente.


Continua...


Editado por
Barbara Kruczynski

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