E, claro, não podia faltar os livros favoritos do Vitor nesse ano de tanto aprendizado. E o Marcelino também se animou em contar o que mais curtiu ler esse ano.
Eu precisava muito ler uma história como essa. Em meio a tanta insensibilidade, egoísmo e preconceito, é bom ser lembrado de que o ser humano também é capaz de bondade. Ser lembrado de que estamos todos em uma jornada, cometendo erros, batalhando demônios internos; procurando amor, entendimento e pertencimento.
A história acompanha 8 pessoas que se tornam reféns em um apartamento a venda após uma pessoa tentar roubar um banco (que não tinha dinheiro) e invadir o local para se esconder. O livro tem uma estrutura muito dinâmica, expondo de forma não linear o que aconteceu no apartamento, a investigação da polícia e os dramas pessoais de cada personagem. Descobrimos que as coisas são sempre mais complexas do que parecem. É um livro que, ao te fazer se importar com os personagens, te desafia a examinar sua própria vida e refletir o quão empáticos conseguimos ser em nosso dia a dia.
Fredrik escreve com imensa sensibilidade, mas também um humor que surpreende. Em alguns momentos eu estava rindo e logo depois parecia ter aquele nó na garganta e uma vontade de chorar. A narrativa também guarda surpresas, com pequenos plot twists que só aumentam o engajamento na leitura. Foi uma leitura que me emocionou e inspirou.
Eu sempre lia comentários sobre este livro e este ano finalmente decidi parar de adiar a leitura. Que livro bem escrito e emocionante. Cada palavra é mágica. Consegue atingir sua alma com profundidade. Me fez muito a pensar sobre solidão, amor, família e felicidade. A obra é centrada na formação de uma família improvável composta por Crisóstomo, um pescador solitário que sempre quis ter um filho, o órfão Camilo e Isaura, uma mulher manchada aos olhos da cidade.
Este ano consegui ler toda a bibliografia da Taylor. É incrível o talento que essa mulher tem para construir personagens que parecem reais. Malibu Renasce tem uma construção dinâmica, além de personagens marcantes. Ele é divido em duas partes. Na primeira, conta a história de vida dos irmãos Riva: Nina, Hud, Jay e Kit. Abandonados pelo pai famoso e tendo perdido a mãe em situação trágica, eles foram obrigados a se virarem para superar as dificuldades. A narrativa flui com facilidade e logo você se vê envolvido pela trama e cria afeição pelos personagens. Na segunda parte, a narrativa muda. Se foca em apenas uma noite. A ação vai se desenrolando quase como em um capítulo de novela. Você sente como se houvesse uma câmera passando pelos cômodos, conferindo o que cada um está fazendo e os conflitos que estão surgindo. As coisas vão se desenrolando como dominós caindo. É uma leitura fluida e muito envolvente.
Saga de duas irmãs quilombolas unidas por uma grave tragédia da infância. Protagonistas femininas nas terras da Chapada Diamantina, onde escravização, luta por terra, religiões espiritualistas de matriz africana são o recheio de linda estória de amor à terra e à vida. Livro que já nasceu clássico da literatura brasileira.
Transplante a luta por controle de uma droga poderosa para o futuro, isto é o resumo de Duna. Junte uma pegada ecológica de vida no deserto, monstros terríveis em um planeta árido, impérios e lutas pelo poder e crie um mundo completamente novo, ao mesmo tempo familiar, onde o leitor facilmente se identifica.
Mangá japonês de altíssima qualidade! Assuste-se com um terror refinado e impactante, onde uma linda Tomie leva homens, mulheres e crianças a assassinatos, suicídios e mutilações. Os desenhos são terríveis, realmente causam medo! O terror tem um novo mestre!
Para fechar nosso post de livros, não esqueçam que temos um Clube do Livro voltado para clássicos e ano que vem estaremos em formato hibrido - com encontros virtuais e presenciais. Mais informações no Instagram do Clube (cliqueaqui).
Chegou a minha vez (Barbara) e a do Petterson. Vamos listar abaixo o que mais curtimos esse ano do mundo da música, filmes e séries.
BARBARA
Se 2021 foi ainda mais árduo que 2020, a nossa produção de texto para vocês por aqui pode ter certeza que não parou. Tentamos cobrir muitas das estreias, um ou outro festival de cinema e trouxemos também algumas dicas literárias. Confesso que de música falamos pouco, mas sempre estamos deixando listinhas musicais aqui no wbn, espero que as aproveitem de algum jeito. E simbora com os meus destaques para o mundo cultural este ano.
MÚSICA
• Half Drunk Under a Full Moon, The Fratellis - (Album - Lançado em Abril de 2021, 10 músicas,42min10s)
A banda escocesa ''The Fratellis'' ficou conhecida pelos hits ''Henrietta'' e ''Chelsea Dagger'' ou ainda a adorável ''Whistle For The Choir'', ambas do disco ''Costello Music'', de 2006. De lá pra cá lançaram mais alguns trabalhos e se mantiveram na cena indierock, porém sem necessariamente chegar a fazer um sucessão como The Killers ou Arctic Monkeys. Este ano, nos deram ''Half Drunk Under a Full Moon'', o sexto álbum da banda. Não chegou a ser um tremendo sucesso, mas as canções ''Need a Little Love'' e o título que nomeia o disco chegaram a se destacar. Particularmente, sempre curto acompanhar bandas britânicas e não vejo a hora de assistir os Fratellis ao vivo num Lollapalooza da vida.
• Fun Tonight (Pabllo Vittar Remix), Lady Gaga - (Single - Lançado em setembro de 2021, 2min20s) - Do Album ''Dawn of Chromatica'' (14 canções, 49min49s).
Escute em todas as plataformas digitais
Mother Monster, ou melhor, Lady Gaga, nos deu o presente de lançar o dançante e fenomenal ''Dawn of Chromatica'', seu terceiro disco de remixes e convidou diversos artistas para reviverem as canções do seu álbum ''Chromatica'' (2020). Entre eles, Charlie XCX e a nossa Pabllo Vittar. O Brasil claro surtou e fez a música com a participação da Drag brasileira ser a mais bombada em todas as redes chegando a ter mais de quatro milhões de views no youtube - três mil são meus, aliás. Infelizmente não rolou vídeo, mas o orgulho foi demais e quem sabe numa próxima rola um feat glamuroso.
• 30, Adele - (Album - Lançado em novembro de 2021, 12 músicas,58min18s)
Escute noSpotify
No inicio de outubro, alguns lugares dos Eua e do Reino Unido começaram a expor banners misteriosos e eles estavam conectados ao próximo disco da cantora Adele. Assim, em 5 de outubro, ela postou em seu instagram um teaser do que viria a ser o clipe da canção ''Easy On Me'', programada para ser lançada oficialmente dez dias depois. O vídeo, dirigido pelo parceiro de Adele de longa data Xavier Dolan, atingiu mais de 200 milhões de visualizações, um número bem menor que o primeiro Single de ''25'', ''Hello'', que teve mais de um milhão de views somente no primeiro dia e atualmente já bateu quase três bilhões. Bem, saindo dos números, no novo trabalho Adele decidiu exibir uma fase que muita gente prefere deixar debaixo do tapete, o divórcio e a vida de mãe solteira. Se em ''Easy On Me'' ela pede calma e paciência, na canção dedicada ao filho Angelo ''My Little Love'' a artista fala de sua solidão, mas de como ama o pequeno garoto. 30 é daqueles discos que você vai escutar sem pular uma música e, se puder, assista os especiais que Adele gravou para o lançamento do disco em novembro. Um deles, ''Adele - One Night Only'', pode ser assistido no Globoplay, e o outro, ''An Audience With Adele'', você encontra pelos sites da internet, pois ainda não teve lançamento oficial no Brasil.
CINEMA
• Shiva Baby, de Emma Seligman (EUA, Canada, 2020 - Comédia/Drama) Disponível naMubi
''Shiva'' é o evento de velório para as famílias judias. E na produção a cineasta e roteirista Emma Seligman nos apresenta os momentos constrangedores e embaraçosos por quais a universitária Danielle, papel de Rachel Sennott, passa em um funeral não só com o questionamento repetitivo dos parentes e amigos sobre sua vida, mas também porque encontra de surpresa o seu ''sugar daddy''. O homem que mantem um relacionamento sexual com Danielle aparece ali com a esposa e filho pequeno e a jovem acaba descobrindo que ele conhece a família inteira dela. Ademais, uma amiga do passado e que parece ter vivido um romance tórrido com a garota também a encontra durante o evento.
Essa lindeza de filme leva o espectador a sentir um emaranhado de sentimentos (ansiedade, agonia, raiva, alivio) e ficar embasbacado pela inteligência não só da escrita como da condução de Seligman. A interpretação de Rachel é outro dos pontos positivos. A atriz está perfeita e nos faz entrar em seu eu ''tão perseguido'' e ter vontade de se jogar dentro do vaso e dar descarga. Danielle é questionada sobre tudo, o que come, o que faz, o que vai fazer e a cada cena que assistimos entendemos como famílias controladoras são tóxicas e tendem a ter esse tipo de comportamento muito mais com as mulheres. Quando ela é posta frente a frente com a esposa do seu amante surgem conflitos ainda maiores e uma auto-avaliação de si toma conta e ela sequer consegue controlar o ciúme/raiva que está sentindo do amante. A trilha sonora também tem um papel muito eficiente aqui.
• Plan B, de Natalie Morales (EUA, Canada, 2021 - Comédia) Não estreou no Brasil ainda.
Sunny e Lupe são duas adolescentes de origens distintas e são amigas. Sunny tem ascendência Indiana e Lupe Latina. Na escola, cada uma age a sua forma e tenta escapar do que os pais querem que elas façam. Querem se integrar ao grupo escolar e viverem sua juventude. Um dos assuntos comuns na idade delas é a questão sexual que começa a surgir e ser o tema do momento. Sunny tem um crush no menino popular da escola e acredita que tem zero chances. E Lupe aparenta ser mais curiosa e aberta quanto as questões sexuais. Na produção, as meninas são interpretadas por Kuhoo Verma e Victoria Moroles.
O filme tem uma baita virada quando Sunny decide fazer uma festa em sua casa e chamar todo mundo. Com medo de não ter chances com o crush, tenta perder a virgindade e algo sai errado durante o ato. Assim, o espectador vai acompanhar a aventura dessa duas tentando a todo custo encontrar uma farmácia e comprar uma pílula do dia seguinte, evitando assim uma gravidez indesejada.
O roteiro é cômico, jovem, dinâmico e mais que isso abordando o controle pelo patriarcado dos corpos femininos com um exemplo claro. Ademais, por trazer diversidade em todos os aspectos do filme, ''Plan B'' se torna uma comédia adolescente inteligente, divertida e necessária.
• O Último Jogo, de Roberto Studart (Argentina, Brasil e Colômbia, 2021 - Comédia) Disponível no Telecine
Nesta jóia do cinema nacional - em coprodução com a Argentina e Colômbia - assistimos a rivalidade BrasilxArgentina ganhar palco de forma leve e divertidaça. Temos romance, comédia e causos inusitados.
Os conflitos do filme se dão quando o jogador principal do time da pequena cidade de belezura está acamado e um jovem e sua amada chegam ao local. O rapaz é bom de bola e conquista o técnico para enfrentar o rival no lugar do jogador debilitado. Logo, o time se prepara para duelar em um jogo com o time da cidade fronteiriça de Guapa, Argentina. Meio ao torneio, acontecem frustrações amorosas e a população também começa a ficar preocupada com o fechamento de uma das fabricas que emprega todos ali.
• Ted Lasso, dos criadores Brendan Hurt, Joe Kelly e Bill Lawrence (EUA, Reino Unido, 2020 - Comédia/Drama - 2 Temporadas) Disponível na Apple TV
Nós brasileiros sabemos que na Europa as pessoas gostam de futebol tanto quanto nós, mas é difícil ver os norte-americanos falando do esporte. Afinal, eles tem o jeito deles de jogar. Em Ted Lasso, Jason Sudeikis vive o protagonista da série, um técnico de futebol americano contratado por um time inglês para elevar o status do clube. Ted não necessariamente sabe muito do esporte, mas aceita o trabalho para fugir dos problemas no casamento - temática que é explorada pouco a pouco em ambas as temporadas.
O show se torna grande não só pela irreverência do personagem, mas pela naturalidade com que ele lida com as situações horríveis que acontecem à ele e a sua volta. Desta maneira, os roteiristas abordam inúmeros assuntos que vão além da questão futebolistica dando a série não só um tom de comédia como de drama. Assim, espere muita consistência e não algo de graça. Temos a oportunidade de falar de términos de relacionamentos, machismo, racismo, saúde mental e ainda ver a mistura de um elenco formado por atores de diversas nacionalidades e onde todos se destacam. A série foi premiada no Globo de Ouro e no Emmy deste ano e já perambula por inúmeras listas de outras premiações.
• Mare of Easttown, do criador Brad Ingelsby (EUA, 2021 - Drama - 1 Temporada) Disponível na HBO Max
Não é a primeira vez que encontramos a atriz Kate Winslet em uma série de tv. Nos anos 90, ela esteve em Shrinks, Dark Season e Get Back. Com uma carreira de sucesso no cinema, a atriz voltou a tevê nos anos 2000, após ter ganho um Oscar, para ser protagonista da minissérie ''Mildred-Pearce'', produção que também a rendeu prêmios. Em 2019, emprestou sua voz a personagem Mrs. Fillyjonk da série animada ''Moonimvalley'' e este ano Winslet deu o que falar como a Detetive Mare Sheehan. Na série, a detetive está devendo a população local não só o paradeiro de meninas dali como a prisão de seu possível assassino. Conhecemos então o dia a dia de Mare com a família, com os amigos, vizinhos, com o ex-marido, os filhos e os colegas de trabalho. Sentimos como ela é real e complexa e também temos personagens coadjuvantes que nos ajudam a compreender as situações de mistério em que Mare tem trabalhado. Ademais, um detetive jovem é enviado a cidade e passa a acompanhar nas investigações. O final da série é daqueles de te deixar no chão e Kate já abocanhou prêmio no Emmy deste ano. Aparecem no elenco ainda Evan Peters, Julianne Nicholson, Guy Pearce e Jean Smart.
• Loki, do criador Michael Waldron (EUA, 2021 - Aventura, Scifi, Fantasia- 1 Temporada) Disponível no Disney Plus
Com a reviravolta no mundo do showbusiness, feito pela Netflix, quase todos os estúdios tiveram que se reinventar e fazer parcerias com plataformas de streaming ou até criar a sua própria para exibirem suas produções. No caso da Disney, ela foi lá e fez. No Brasil, o streaming do ratinho da fantasia só veio chegar em novembro de 2020 e desde então séries do mundo Star Wars e Marvel tem estreado por lá.
Bem, o irmão do deus nórdico Thor, Loki estreou sua primeira temporada em junho deste ano e conquistou aqueles fãs que amam scifi e tudo relacionado a viagem no tempo - os whovians até compararam algumas das escolhas da produção ao que já foi visto em ''Doctor Who'' (BBC), ainda assim o show tem sua valia. Em detalhes, a série trouxe Tom Hiddleston junto a um elenco maravilhoso (Owen Wilson, Sophia Di Martino, Jonathan Majors, Richard E. Grant, Gugu MbathaRaw) para nos apresentar as travessuras do deus da mentira ao tentar mudar a linha do tempo e alterar certos acontecimentos, porém Loki não esperava ser pego, julgado e condenado pelos agentes da Autoridade de Variância Temporal a mando dos Guardiões do Tempo. Assim, no enredo o assistimos tentar escapar da condenação e se salvar. O interessante é que o vilão ganha camadas e consegue não só achar um ''amor'' como ''acordar'' os agentes que trabalham junto aos guardiões para a realidade na qual realmente vivem.
É raro que falemos de produções Marvel no WBN, mas o show é, além de grandioso, repleto de boas referências da cultura pop e como Wandavision (2020), série também do Disney Plus, ultrapassa o que se é imposto para acontecer na ''jornada do herói'' em produções cinematográficas ou televisivas. Owen Wilson e Richard E. Grant são uma baita surpresa na série e se você não compra a idéia de séries de super heróis/vilões, assista para ver os dois darem um show. Hiddleston é sim o protagonista e divide seu palco aqui com a variante vivida por Di Martino, Sylvie. Um ótimo ângulo do personagem e talvez um que não conhecíamos. Com muita ação, romance e pitadas de humor, Loki nos diverte do seu piloto até a season finale.
PETTERSON
Num ano tão doido e absolutamente desgastante, o entretenimento foi o escapismo que todo mundo precisava pra lidar com... bom, tudo que tem acontecido. Eis aqui uma singela listinha com minhas obras favoritas de 2021 no Cinema, na TV e na Música.
MÚSICA
• “Logo Ali”, de Bemti - (Album - Lançado em setembro de 2021 - 12 canções, 40min 8s)
O cantor e violeiro mineiro Bemti já havia conquistado meu coração com seu disco de estreia, “Era Dois”. Com “Logo Ali”, ele se aprofunda ainda mais em sua estética Folk/Indie-Pop que combina a sonoridade tradicional da viola caipira com instrumentos de sopro e sintetizadores. A grandiosidade dos arranjos de atmosfera cinematográfica contrasta com a sutileza de suas letras sensíveis que falam sobre amor, solidão e o processo de seguir em frente. Destaque para a canção “Habitat”, que transforma em poesia o isolamento e a frustração, ecoando sentimentos tão familiares da realidade durante a pandemia, apesar de ter sido escrita em 2019, o que prova a universalidade da obra deste representante do movimento “queernejo”. O disco tem participações especiais de Jaloo, Fernanda Takai, Murais, ÀVUÀ e Josyara.
• “MONTERO”, de Lil Nas-X (Album - Lançado em Setembro de 2021 - 15 Músicas, 41min17s)
Quando Lil Nas-X dominou o mundo em 2017 com seu insuperável hit “Old Town Road”, temia-se que ele se tornasse um artista de um sucesso só, como acontece com tanta frequência na indústria da música. Esse receio logo se dissipou quando algum tempo depois a canção “MONTERO (Call Me By Your Name)” chegou ao topo das paradas musicais por todo o mundo, junto com seu videoclipe debochado e provocador. O lançamento do disco “MONTERO” (nome real do rapper) revelou que Lil Nas-X é não apenas um hitmaker como também um artista versátil e criativo. Com canções divertidas e outras reflexivas, Lil vai da farofa dançante ao emo contemplativo num piscar de olhos sem soar forçado. É louvável que um disco comercial de estreia seja tão pessoal como “MONTERO”, tratando de questões familiares e amorosas do artista e, principalmente, os desafios de sua carreira por ser um homem negro e gay numa indústria que resiste a dar espaço a pessoas como ele. Num caleidoscópio de sonoridades musicais embaladas numa roupagem Pop, “MONTERO” prova que Lil Nas-X é um artista completo. Destaque para “MONTERO (Call Me By Your Name)”as lentinhas “LOST IN THE CITADEL” e “TALES OF DOMINICA”.
• “Happier Than Ever”, de Billie Eilish (Album - Lançado em Julho de 2021 - 16 músicas, 56min15s).
Ela não precisa de apresentações. Billie Eilish é um dos maiores fenômenos recentes da indústria musical e já conquistou seu espaço no coração do público. Seu disco de estreia “When We All Fall Asleep, Where Do We Go” mostrava bastante personalidade com seu Pop barulhento, vocais distorcidos e maneirismos divertidos. Seu sucessor, “Happier Than Ever”, é muito mais contido e polido. Nele, Billie mostra um amadurecimento musical e um nível de vulnerabilidade surpreendentes. Produzido novamente pelo irmão e parceiro criativo da cantora, Finneas O'Connell, “Happier Than Ever” tem arranjos um tanto quanto sombrios que oscilam entre o imponente e o minimalista, com letras que tratam temas como autoconhecimento, abuso emocional, misoginia e as desventuras do estrelato. Destaque para a pulsante “NDA” e a balada Soul/opera Rock “Happier Than Ever”, facilmente uma das melhores canções de 2021.
CINEMA
• A Lenda de Candyman, de Nia DaCosta (EUA, 2021 - Terror/Thriller)
(Disponível para aluguel e compra em plataformas digitais ou em mídia física - Blu-ray e DVD)
O promissor artista Anthony McCoy expõe numa galeria obras inspiradas numa antiga lenda urbana, inadvertidamente causando uma sucessão de acontecimentos terríveis. O filme de Nia DaCosta resgata o legado de “O Segredo de Candyman”, de 1992, reivindicando o protagonismo negro tanto na frente quanto por trás das câmeras. O filme debate temas como racismo estrutural, violência policial e gentrificação sem tentar ser didático ou expositivo demais. Narrativa e esteticamente impecável, ‘A Lenda de Candyman’ renova a mitologia do filme original e subverte as problemáticas do filme de Bernard Rose, transformando Candyman e seu universo em algo novo, revigorante e contestador.
Madison é assombrada por visões de assassinatos brutais enquanto eles realmente ocorrem. Logo, ela descobre que os crimes têm ligação com fantasmas de seu passado que ela julgava já ter superado. James Wan não se tornou um grande nome de Hollywood à toa. Após fazer carreira no Horror (“Jogos Mortais”, “Sobrenatural”, “Invocação do Mal”) e se aventurar em blockbusters multimilionários (“Velozes e Furiosos 7”, “Aquaman”), ele retorna às suas raízes num dos filmes de estúdio mais satisfatórios e inacreditavelmente surtados dos últimos anos. Referências de várias obras do Horror se misturam nesse pesadelo imensamente divertido. É ultra-violento, é camp, é maravilhoso. Obrigado por fazer um filme especialmente pra mim, James Wan.
A equipe do WBN comentou sobre o filmeaqui e aqui.
• Barb and Star Go to Vista Del Mar, de Josh Greenbaum (EUA, México, 2021 - Comédia) Disponível na HBO Max
Duas amigas planejam uma viagem fabulosa para fugir da frustração de suas vidas monótonas e acabam vivendo as mais imprevisíveis aventuras. Com o imperdoável e inexplicável título brasileiro “Duas Tias Loucas de Férias”, esta comédia frenética quase não oferece tempo pra respirar! Piadas e gags impagáveis, uma edição ágil e caótica e um elenco excelente tornam este um clássico imediato. Um estilo de humor tão particular e sem-vergonha que definitivamente não agrada todo mundo, mas que com certeza vai conquistar legiões de fãs (eu sou um deles).
TV
• Missa da Meia-noite, do criador Mike Flanegan (EUA, 2021 - Terror - 1 Temporada) Disponível na Netflix
O retorno de um filho pródigo e a chegada de um padre misterioso sacodem a rotina de uma ilha pacata, enquanto os conflitos de sua pequena população encobrem os acontecimentos misteriosos que começam a acontecer na cidade. Após duas minisséries extremamente bem-sucedidas na Netflix (“A Maldição da Residência Hill”, “A Maldição da Mansão Bly”), o cineasta Mike Flanagan cria uma obra original e pessoal, sem deixar de lado os elementos de Horror já consagrados de sua filmografia. Construindo uma história emocional e personagens profundamente humanos, Flanagan finalmente traz ao mundo a obra que há tempos vivia em sua cabeça. Há tantas camadas desenvolvidas, tantas tomadas preciosas! O diretor ama o gênero do Horror, mas é também um romântico incurável que simplesmente não consegue evitar dar um significado profundo e cheio de beleza a suas obras. Esta “mania” do autor pode ser considerada por algumas pessoas um grande acerto, mas pode desagradar quem espera por violência ininterrupta e muitos sustos. Um conto ao mesmo tempo grotesco e sublime que reflete sobre redenção, família e os limites da fé.
• Succession, do criador Jesse Armstrong (EUA, 2018 - Drama - 3 Temporadas) Disponível na HBO Max
Desde antes mesmo do fim de ‘Game of Thrones’ a HBO tenta emplacar outro blockbuster para substituir o drama de fantasia inspirado nos livros de George R.R. Martin., investindo rios de dinheiro em séries como ‘Westworld’ e ‘His Dark Materials’. Quem imaginaria que a obra mais próxima de alcançar um efeito remotamente semelhante ao épico, não necessariamente em audiência, mas em narrativa e relevância cultural, seria um drama com toques cômicos passado no mundo dos negócios? Bom, talvez o sentido do título ‘Succession’ seja mais abrangente do que se imagina. A série acompanha as intrigas da família Roy, dona de um multibilionário conglomerado de mídia. Quando o patriarca do clã apresenta problemas de saúde, inicia-se uma verborrágica e desleal disputa de manipulação e jogo de influência para definir quem herdará o Trono de Ferro, digo, o comando da empresa familiar, a Waystar RoyCo. “Succession” triunfa por inúmeros motivos. A excelência técnica e o design de produção acima da média são um show por si só. Mas a trama atrai pela agilidade de seus diálogos e a estruturação dos conluios que resultam nas mais absurdas reviravoltas. Trata-se de uma obra muito honesta quanto às pessoas que retrata: a família protagonista é composta por seres humanos desprezivelmente privilegiados que zombam da realidade social que os beneficia. Mas estes mesmos personagens também podem ser encantadores, mesmo sendo frequentemente imorais e asquerosos. E é uma delícia se envolver por estas pessoas horríveis! Particularmente, não trocaria as tramas capitalistas dos Roy por dragão nenhum.
• Nove Desconhecidos, dos criadores John-Henry Butterworth e David E. Kelley (USA, 2021 - Drama/ Mistério, 1 temporada)
Nove pessoas se hospedam num retiro para fugir de suas realidades caóticas e acabam se deparando com métodos controversos que as fazem confrontarem seus medos. Depois de “Big Little Lies” o showrunner David E. Kelley presenteia o mundo com mais uma novelinha gourmet baseada num livro best-seller. Um thriller cheio reviravoltas melodramáticas que não tem pretensão de ser muito profundo ou mirabolante, mas que consegue construir um enredo interessante e causar empatia por seus personagens. É um entretenimento divertido, emocionante, envolvente e por vezes bizarro, cheio de pessoas bonitas e problemáticas, presas num barril de pólvora com o pavio aceso. Além disso, conta com ótimas atuações de seu elenco estelar que inclui Nicole Kidman e Melissa McCarthy.
Com o sucesso tremendo de ''Laços'' (leia resenha do filme aqui), a Turma da Mônica ganhou embalo para voltar aos cinemas em uma segunda aventura. ''Lições'', também é baseada no graphic novel de Vitor e Lu Caffagi e contam com os personagens criados por Mauricio de Souza. A produção trata da temática de amizade dentro do grupo de uma forma singela e faz todos perceberem o quão são importantes uns aos outros. Claro, vem por ai umas liçõeszinhas e um baita apredizado para eles, mas tudo com muita relevância. O legal é que não só as crianças saem mais maduras dos acontecimentos, mas também seus pais. A direção é novamente de Daniel Rezende.
O filme tem o retorno do elenco principal, que é formado por Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali), Gabriel Moreira (Cascão), Monica Iozzi (Dona Luísa), Luiz Pacini (Seu Sousa), Paulo Vilhena (SeuCebola) e Fafá Rennó (Dona Cebola). Traz ainda participações especialicimas de Gustavo Merighi (Rolo), Camila Brandão (Pipa), Fernando Mais (Zecão), Emilly Nayara (Milena), Lucas Infante (Humberto), Laís Villela (Marina), Vinícius Higo (Do Contra), Malu Mader (Professora), Isabelle Drummond (Tina), Augusto Madeira (Professor de natação), Eliana Fonseca (Professora de culinária). E o Ator Leandro Ramos (o Julinho do Choque de Cultura) volta para mais uma cena engraçadissima também.
A produção conta com distribuição da Paris Filmes e produção da Biônica Filmes e a nossa dica é correr com a criançada para os cinemas para assistir.
Nesta sequência para o filme de 2019, a Turma da Mônica vem falar de crescimento e de como a amizade que o grupo sempre nutriu pode tomar rumos distintos.
Logo no ínicio da trama, o espectador descobre que Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão não fizeram a lição de casa e não vão ter como colar um do outro. Para não fazerem feio em sala de aula, bolam um plano de sair da escola, mas Mônica acaba se machucando e os pais dela e dos outros garotos ficam muito bravos e acreditam que eles não devem mais andar juntos. Cada um deles, aliás, acaba sendo levado a fazer uma atividade distinta para preencher o tempo e não sentir falta de estar com os amiguinhos, além de desenvolverem a si mesmos. Mônica é mudada de escola, Cebolinha começa a fazer fonoaudiólogo, Magali inicia um curso de culinária e Cascão é matriculado na aula de natação. Ademais, prévio a isso tudo, a turminha também estava tentando ensaiar uma peça para apresentar no Festival do Lemoeiro e os planos da peça voam pelos ares.
Meio a turbulência desses novos dias separados, eles sim começam a sentir falta um do outro, mas também tomam tempo para conhecer novas pessoas. Magali conhece a meiga Milena e Mônica a fofa Marina. Já Cebolinha conhece o ''Hummmberto'' e Cascão o ''Do Contra''. Esses novos amigos vão com certeza fazer muita diferença na vida das crianças, ainda assim, também vão lembrá-los de como a antiga turminha tem o seu valor. Cebolinha e Cascão mesmo passam a ser perseguidos na escola diariamente e sabem que se a Mônica estivesse ali, isso não aconteceria, pois além de serem amigos, eles se protegiam mutuamente.
Todos os conflitos da turma, e também do arco dos adultos, vão se resolvendo ao seu tempo e é uma graça ver a entrada de personagens como Dudu e os casais Tina e Rolo, Zecão e Pipa. Ambos acrescentam muito e dão mais graça do que o esperado. Do contra e Hummberto também estão incriveis e no ponto. Por termos a inserção da história de ''Romeu e Julieta'' dentro do filme acabamos sentindo a superação da turminha e quando eles tem que correr atrás do tempo perdido e ajudar a salvar algo precioso para a amiga Mônica entendemos que a amizade entre eles nunca esteve tão forte.
Trailer
Ficha Técnica
Título orignal e ano: Turma da Mônica - Lições, 2021. Direção: Daniel Rezende. Roteiro: Thiago Dottori e Mariana Zatz - Baseado na Obra de Mauricio de Sousa Inspirado na Graphic Novel "Lições” de Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi. Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Luiz Pacini, Gustavo Merighi, Camila Brandão, Fernando Mais, Emilly Nayara, Lucas Infante , Laís Villela, Vinícius Higo, Malu Mader, Isabelle Drummond, Augusto Madeira, Eliana Fonseca. Gênero: Aventura, Familia, Fantasia. Nacionalidade: Brasil. Música: Fábio Góes. Som direto: Jorge Rezende. Edição de Som: Miriam Biderman e Ricardo Reis. Mixagem: Toco Cerqueira. Montagem: Marcelo Junqueira. Direção de Fotografia: Azul Serra. Figurino: Fernanda Marques e Manuela Mello. Caracterização: Gabi Britzki. Direção de Arte: Mariana Falvo. Produção Executiva: Bianca Villar. Produção: Bianca Villar, Daniel Rezende, Fernando Fraiha, Karen Castanho. Coprodução: Marcio Fraccaroli. Consultora artística: Rosane Svartman. Produção: Biônica Filmes. Coprodução: Mauricio de Sousa Produções, Paris Entretenimento, Paramount Pictures e Globo Filmes. Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes. Duração: 01h37min.
Com um roteiro bem direcionado, Turma da Mônica - Lições ganha facilmente os nossos corações. Temos um filme para toda a família e que traz simbologias muito necessárias, pois ter um amigo é muito importante, mas todos tem que crescer e nem sempre eles vão seguir nas mesmas direções. No entanto, o longa de Rezende nos ensina que o sentimento verdadeiro nunca deixa de existir e tudo e todos sempre acham um jeito de voltar para os que amam.
Temos uma cena pós-crédito digna de ansiedade para a próxima aventura da turminha. Não esqueçam de ficar na sala do cinema até acenderem as luzes. Até porquê desta vez a trama ganha uma canção tema, cantada pela ótima Flor Gil, em parceria com Duda Beat. Escute já ''Que Som é Esse?''
Avaliação: Quatro abraços apertados de amigos que não podem ficar longe um do outro (4/5).