Adaptação do livro de William Lindsay Gresham, "O Beco das Ilusões Perdidas", o suspense de Guillermo del Toro é um filme classudo e com um tom noir dos tempos de ouro em Hollywood. A trama gira em torno de um jovem que sabe o que quer e manipula todos a sua volta. O garoto perde o pai e tem uma escalada na vida muito rápida e de forma suspeita logo após entrar em uma trupe de circo e conhecer truques para ludibriar o público.
"O Beco do Pesadelo" é estrelado por um elenco de peso. Entre eles, Bradley Cooper, Cate Blanchett, Rooney Mara, Toni Collette, Ron Perlman, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Tim Blake Nelson, David Strathairn e muitos outros. A história já fora adaptada no passado pelas mãos de Edmund Goulding (leia aqui), mas Del Toro consegue desenhar um tom distinto e assombroso que traz ainda muita reflexão.
A produção chega hoje aos cinemas com distribuição da 20th Century Studios.
Trailer
Título original e ano: Nightmare Alley, 2021. Direção: Guillermo del Toro. Roteiro: Guillermo del Toro e Kim Morgan. Elenco: Bradley Cooper, Cate Blanchett, Rooney Mara, Toni Collette, Ron Pelrman, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Tim Blake Nelson, David Strathairn, Mark Povinelli, Mary Steenburgen, Holt McCallany. Gênero: Drama, Suspense. Nacionalidade: México, Eua. Trilha Sonora Original: Nathan Johnson. Fotografia: Dan Laustsen. Edição: Cam McLauchlin. Design de produção: Tamara Deverell. Figurino: Luis Sequeira. Distribuição: 20th Century Studios. Duração: 02h30min.
Stanton Carlisle (Cooper) inicia uma jornada surpreendente assim que seu pai falece e sua casa pega fogo. Ao espectador, fica a dúvida se o homem é culpado da morte do familiar e também do incêndio, mas todas as respostas necessárias virão no tempo certo. Ao pegar a estrada, em dias chuvosos e escuros, Stanton se depara com um Circo partindo e ali consegue um emprego. Avista também uma linda moça de olhos azuis e cabelos negros que dias depois descobre se chamar Molly (Mara) e é vigiada pelo brutamontes Bruno (Perlman).
No lugar, ele conhece Clem (Dafoe) que é quem lhe dá um chão para dormir e trabalho e também Zeena (Collette) e seu marido Pete (Strathairn). Clem tem um show de horrores onde um homem selvagem é posto a revelar seus instintos e matar animais a sangue frio, já Zeena e Pete vendem ao público a idéia de que são conhecedores do além e advinham histórias sobre as pessoas ou entregam mensagens dos mortos à elas. Atento e esperto a tudo, Stanton logo aprende muitas das artimanhas e quando Pete se entrega a bebedeira, o jovem toma o seu lugar nos shows. Até mesmo Molly ajuda aqui e ali. E a garota começa então a se encantar pelo galanteador rapaz que surgiu da noite para o dia.
Os dois logo se casam e deixam o circo para tentar performar em lugares requintados e ganharem dinheiro sem dividir com ninguém. A idéia, claro, vem muito mais de Stanton do que de Molly e ela não percebe o caminho arriscado em que o marido os coloca quando este inicia uma aliança com a misteriosa psicologa Lilith Ritter (Blanchett) para abocanhar a fortuna de nobres da cidade grande.
O roteiro circula a jornada de um personagem muito ambicioso e que não teme em arriscar tudo o que tem para ter mais e mais e mais. Ganha emprego, uma bela mulher, um lugar para dormir, mas logo se vê podendo ter status e corre atrás do topo. O desafio que Stanton tem é imposto por riscos que ele irá ou não correr, pois aparentemente ele não tem limites e nem escrúpulos. Assim, rapidamente ele ascende, mas, claramente, nada se sutenta se não for de verdade.
Entre o segundo e o terceiro ato surgem conflitos que dizem respeito a necessidade de um homem rico por contatar um amor do passado e se perdoar por erros cometidos. Obviamente que nem as alianças que Stanton forma e muito menos os truques que ele tem na manga o ajudam a resolver os problemas em que se enfia com o nobre e seu destino o faz voltar muitas casas no jogo da vida e encarar sua selvageria como assistira muitos homens antes o fazer.
Com um elenco que exibe suas estranhezas a todo momento e convence em cada escolha de seus personagens, O Beco do Pesadelo é um filme redondinho. Mulheres com suas complexidades e nada rasas e homens ainda mais distintos uns dos outros. Cate Blanchett arrasa com sua ''femme fatale à la Hitchcock'' e Cooper faz um trabalho digno. O longa teve que parar as suas filmagens, pois estava ocorrendo quando a pandemia chegou. Assim, Bladley aproveitou para emagrecer e o vemos em diversas fases com cabelos e corpos diferentes. Nada exagerado, mas que reflete a dedicação do artista.
O diretor não veio exatamente com um terror, mas caminha em terreno conhecido - o ninho dos desajustados e estranhos. Assim, foca em cada um deles pontualmente e não perde a mão. Sua adaptação é belíssima em cores e ambientações e não deixa o espectador sair da sala insatisfeito com o que assistiu.
Avaliação: Três lições de vida e meia (3,5/5).
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See ya!
B-
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