O Caminho Para Moscou | Belas Artes À La Carte

 

A produção suíça ''O Caminho Para Moscou'' conta com direção de Micha Lewinsky e roteiro de Plinio Bachmann, Bárbara Sommer e do próprio Lewinsky. O filme se ambienta no contexto histórico-político do país como pano de fundo para a trama principal. 

Entre o período de 1950 até o final dos anos 80, o governo suíço monitorou ativistas, políticos e organizações, espionando a própria população. Agentes do Estado colhiam informações sobre cidadãos comuns, além de estrangeiros, grupos subversivos ou suspeitos tidos como espiões ou possíveis inimigos, e as armazenavam em pastas (fichen). Atividades socialistas, comunistas ou anarquistas eram seguidos com rigor.

No final de 1989, o chamado "Escândalo das Fichas" provocou uma crise institucional no país, quando mais de 900 mil pastas foram descobertas nos arquivos. A história se passa no outono daquele ano, época da Queda do Muro de Berlim. O espectador logo é posto a acompanhar o metódico e ansioso policial Viktor Schuler (Phillippe Graber) trabalhando em um destes monitoramentos. Ele está investigando as atividades dos atores no Teatro "Schauspielhaus" de Zurique.

Viktor não é nada discreto e foi percebido pelo grupo. Ele já coletou várias fotos e um extenso dossiê ligando nomes a fatos suspeitos. Há salas imensas com pastas a mais pastas. O empenhado policial passa noites trabalhando, o que não é bem visto pelas leis suíças. Por extrapolar o limite do horas extras, Viktor é convidado a tirar férias como forma de compensação. 

Uma vez afastado das atividades, seu superior Marrog (Mike Muller) lhe dá uma missão confidencial. O diretor alemão Heymann (Michael Maertens) irá levar uma nova peça no dito teatro e está à procura de figurantes. Viktor será um agente infiltrado na montagem. Sua nova identidade será Walo Hubacher, um marinheiro que quer se aventurar no teatro. Estas cenas são bem divertidas, já que o rapaz é um verdadeiro peixe fora d'água na companhia de teatro. Como figurante, ele teria o papel de um policial, entretanto, quando o ator principal se acidenta e sai da trupe, Viktor é promovido ao papel principal como Antônio, um espião que tem sua identidade descoberta. A arte imita a vida, coincidentemente!


Ficha Técnica

Título original e ano: Moskau Einfach!, 2020. Direção: Micha Lewinsky. Roteiro: Plinio Bachmann, Bárbara Sommer e Micha Lewinsky. Elenco: Philippe Graber, Miriam Stein, Mike Müller, Michael Maertens, Stefan Schönholzer.Gênero: Comédia. Nacionalidade: Suíça. Edição: Bernhard Lehner. Trilha Sonora original: Ephrem Lüchinger. Fotografia: Tobias Dengler . Produçao: Langfilm. Duração: 01h39min.
Os ensaios e a convivência com aquele grupo cheio de energia e dinamismo, totalmente diferente de seu ambiente de trabalho burocrático e monótono, o leva a ter uma nova visão dos fatos e perceber que nem todos são inimigos. O policial solteiro e inteligente, porém "completamente permutável e totalmente esquecível" nas palavras de seu chefe, acaba se apaixonando por uma das atrizes, a bela ativista Odille Jola (Miriam Stein), que também esconde seu sobrenome real. 

Ao ser acusado de estar desenvolvendo Síndrome de Estocolmo, uma doença psicológica na qual a vítima cria um laço emocional com seu agressor, ele se questiona se já não fazia isto como policial. Viktor terá que fazer escolhas, ao se conscientizar que há vida além das paredes do escritório e nem todos são subversivos. A conclusão é um pouco previsível, mas consegue prender a atenção. O roteiro é feliz ao embarcar a público em um importante evento histórico mundial, despertando o olhar sobre o panorama político e econômico da época de uma forma bem sutil e divertida. 

A atriz Miriam Stein recebeu o Swiss Film Prize 2020 por sua atuação. Ademais, o filme fez parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e já está dispnoível no cardápio do Petra Belas Artes à la Carte.


                                                Cardápio Semanal: 10.02.22 - Programa 110

 


Serviço:

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Escrito por Helen Ribeiro

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