A desigualdade social é uma realidade quase que universal no nosso momento histórico. Mas em certos casos, não é apenas questão econômica ou social, mas também cultural. O sistema de castas da Índia, com uma crescente expansão das divisões e subdivisões de seus grupos, é particularmente cruel com as pessoas na base de sua pirâmide. As pessoas conhecidas como Dalit, párias, vivem à margem da sociedade e são tratadas com desprezo total pelas demais pessoas, sendo relegadas a condições de vida precárias. Como em qualquer contexto social, quem mais sofre dentro desta realidade são as mulheres. Vítimas de agressões, estupros e constantes humilhações de homens de todas as castas, as mulheres Dalit têm negado seu direito à educação e são silenciadas todos os dias.
Como resposta a este silenciamento, surgiu o Khabar Lahariya, um jornal feito por um coletivo feminino do estado de Utar Pradexe, no interior da índia. O nome do periódico significa “Novas Ondas” e busca dar vozes não apenas a mulheres, mas todas as comunidades pobres ignoradas pelo Estado. Problemas que antes eram varridos pra debaixo do tapete, como impunidade e falta de infraestrutura, passaram a ser expostos na Internet para o mundo inteiro ver. Aos poucos, o barulho feito por estas corajosas jornalistas começou a fazer a diferença.
Como resposta a este silenciamento, surgiu o Khabar Lahariya, um jornal feito por um coletivo feminino do estado de Utar Pradexe, no interior da índia. O nome do periódico significa “Novas Ondas” e busca dar vozes não apenas a mulheres, mas todas as comunidades pobres ignoradas pelo Estado. Problemas que antes eram varridos pra debaixo do tapete, como impunidade e falta de infraestrutura, passaram a ser expostos na Internet para o mundo inteiro ver. Aos poucos, o barulho feito por estas corajosas jornalistas começou a fazer a diferença.
O documentário de Sushmit Ghosh e Rintu Thomas registra o dia-a-dia destas mulheres contestadoras contra uma sociedade patriarcal que tenta podá-las e diminui-las, correlacionando os desafios da publicação com as mudanças que a evolução da Tecnologia, principalmente a popularização da Internet, trouxeram à Índia. De forma efetiva e honesta, a dupla de cineastas apresenta o universo destas personagens reais, trazendo camadas quase que melodramáticas a esta história inspiradora e, ao mesmo tempo, indigesta. A leveza e simpatia de suas protagonistas contrasta com a dura realidade vivida por elas. E quando a Política se mistura a esse caldeirão já efervescente, tudo pode acontecer.
Escrevendo com Fogo reconhece o valor da história que conta, assim como sua responsabilidade ao contá-la. Talvez por isso, Ghosh e Thomas optem estética e narrativamente por uma abordagem convencional, que não tenta tornar o filme maior do que suas protagonistas. As jornalistas que recebem mais destaque, Meera Devi, Suneeta Prajapati e Shyamkali Devi, são o coração do longa. Junto com suas colegas de redação, sintetizam as adversidades sofridas pelas mulheres Dalit, tanto por serem da casta considerada “intocável” pelo resto da sociedade, quanto por simplesmente serem mulheres. Enquanto acompanhamos suas aventuras e desventuras profissionais, vemos também a pressão que estas mulheres sofrem para largar seus empregos para cuidarem de suas famílias ou para que possam arranjar um marido (já que a empreitada das repórteres não é bem-vista pela comunidade tradicional onde vivem). Por isso, é tão significativo o movimento de resistência destas mulheres que se mantém firmes não apenas por si, mas também pelas demais, oferecendo workshops e treinamentos para que se integrem à equipe. O longa ressalta a importância da educação na construção da autonomia individual, e o impacto coletivo que ela pode ter numa sociedade que teme o letramento e a alfabetização digital de seu povo, em especial das mulheres.
Indicado ao Oscar de 'Melhor Documentário de Longa-Metragem' em 2022, Escrevendo com Fogo apresenta ao mundo uma questão relevante e atual, ousando soar sonhador e otimista, mesmo em tempos tão assustadores.
Escrevendo com Fogo reconhece o valor da história que conta, assim como sua responsabilidade ao contá-la. Talvez por isso, Ghosh e Thomas optem estética e narrativamente por uma abordagem convencional, que não tenta tornar o filme maior do que suas protagonistas. As jornalistas que recebem mais destaque, Meera Devi, Suneeta Prajapati e Shyamkali Devi, são o coração do longa. Junto com suas colegas de redação, sintetizam as adversidades sofridas pelas mulheres Dalit, tanto por serem da casta considerada “intocável” pelo resto da sociedade, quanto por simplesmente serem mulheres. Enquanto acompanhamos suas aventuras e desventuras profissionais, vemos também a pressão que estas mulheres sofrem para largar seus empregos para cuidarem de suas famílias ou para que possam arranjar um marido (já que a empreitada das repórteres não é bem-vista pela comunidade tradicional onde vivem). Por isso, é tão significativo o movimento de resistência destas mulheres que se mantém firmes não apenas por si, mas também pelas demais, oferecendo workshops e treinamentos para que se integrem à equipe. O longa ressalta a importância da educação na construção da autonomia individual, e o impacto coletivo que ela pode ter numa sociedade que teme o letramento e a alfabetização digital de seu povo, em especial das mulheres.
Indicado ao Oscar de 'Melhor Documentário de Longa-Metragem' em 2022, Escrevendo com Fogo apresenta ao mundo uma questão relevante e atual, ousando soar sonhador e otimista, mesmo em tempos tão assustadores.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Writing with Fire, 2021. Direção: Sushmit Ghosh e Rintu Thomas. Participações de: Meera Devi, Shyamkali Devi e Suneeta Prajapati. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Índia. Distribuição: Synapse Distribuition. Produção: Black Ticket Films. Duração: 01h32min.
Com distribuição da Synapse Distribution, no Brasil e na América Latina, o longa está disponível nas plataformas digitais (Claro Now, iTunes/Apple, Google/YouTube e Vivo Play) para compra e aluguel.
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