Desde "Nosferatu" e "Drácula", os vampiros tomaram o imaginário coletivo como criaturas da noite, sedutoras e perigosas. Mas diferente do careca pálido e dentuço ou do próprio Conde da Transilvânia, o que vemos em Morbius não é um vampiro clássico. Ao estilo homem aranha, Dr. Michael Morbius (Jared Leto) se transforma em uma criatura com habilidades do morcego vampiro após um experimento perigoso dar errado, na tentativa de se curar de uma doença degenerativa.
Essa distinção é importante pois se você conhece Blade, você sabe que vampiros habitam o lado místico do Universo Marvel. Morbius é diferente, é animalesco, não tem poderes de hipnose nem pode transformar outros através de sua mordida. Isso dá um aspecto de lobisomem ao Vampiro Vivo, que é visualmente interessante, mas não chega a assustar. Contudo, algo que este e seus antecessores têm em comum é a sede por sangue. Para o alívio de todos que gostam de manter seu sangue dentro do próprio corpo, Michael também criou acidentalmente um substituto sintético para o material genético, um sangue azul. Conveniências como essa estão espalhadas pelas quase 2 horas de filme. Se elas te incomodam, talvez esse não seja o vampiro para você, mas só ignorá-las talvez não seja o suficiente. Logo, o filme será mais agradável àqueles que as encararem com o bom humor de uma história Pulp, aos moldes de A Mosca.
Quem encara tudo com bom humor é Matt Smith. O ator britânico se diverte com o papel, fazendo um personagem novelesco, sem se levar muito a sério, o que é um bom contraponto para Jared Leto, que entrega algo um pouco mais dramático e sério, mas sem exageros. O que mais impressiona na performance de Leto é a fisicalidade. Seu personagem vai de um debilitado a um super humano que precisa, por um breve momento, fingir que ainda está debilitado. Com ajuda de maquiagem e CGI, o ator convence como alguém fraco e próximo da morte. E ainda encontra espaço para alguns momentos cômicos.
Porém, é preciso muito sangue frio para não se irritar com algumas decisões do roteiro. A personagem de Adria Arjona, interesse romântico do protagonista, é um dos maiores casos de fridging dos últimos anos. Fridging é um termo criado por Gail Simone e trata do padrão narrativo de ferir física ou psicologicamente uma mulher, ou até matá-la de forma horrenda, para motivar um personagem masculino. Além disso, temos alguns problemas menores como alguns aspectos dos poderes de Morbius. Ao pesquisar sobre morcegos vampiros, é improvável que se encontre, por exemplo, a habilidade de anular a gravidade. Pode parecer um detalhe pequeno, mas como dito antes, um dos aspectos mais interessantes do personagem é o fato de ele apenas “parecer” um vampiro em um universo onde vampiros são reais. Outra questão que de inicio é atraente é a estética do poder de ecolocalização do personagem. Inicialmente pode-se acreditar que estamos apenas vendo a forma como o personagem enxerga o mundo, mas em alguns momentos é possível ver que não é o caso e passa a ser mais uma vez algo estranho. Sobre a trilha sonora, é básica e esquecível. E infelizmente descartou a versão de Für Elise que havia chamado a atenção nos trailers e facilmente poderia ser um tema marcante para o personagem.
No entanto, colocando esses detalhes de lado, o visual do filme agrada. A fotografia de Oliver Wood (Identidade Bourne) traz uma boa mescla entre ação e terror. O CGI tem tropeços, todavia, na maior parte da projeção entrega um bom trabalho. A montagem de Pietro Scalia (Gladiador) dá um bom um ritmo ao filme, tornando-o leve e fácil de consumir. Daniel Espinosa passa rápido pelas explicações “científicas” e uma decisão sua a respeito do vilão, demonstra respeito a inteligência da audiência.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Morbius, 2022. Direção: Daniel Espinosa Roteiro: Burk Sharpless, Gil Kane, Matt Sazama, Roy Thomas II. Elenco: Jared Leto, Adria Arjona, Matt Smith, Tyrese Gibson, Jared Harris, Michael Keaton, Charlie Shotwell. Gênero: Ação, Terror, Suspense, Aventura, Ficção Científica. Nacionalidade: Estados Unidos. Trilha Sonora Original: Jon Ekstrand. Fotografia: Oliver Wood. Edição: Pietro Scalia. Figurino: Cindy Evans. Design de Produção: Stefania Cella. Direção de Arte: Nigel Evans . Distribuição: Sony Pictures Brasil Duração: 1h48min.
Se você gostou dos demais filmes desse universo, é bem provável que goste desse. E as cenas pós-créditos (que são duas) vão gerar algumas teorias interessantes sobre possibilidades futuras.
Se quiser saber mais sobre o Vampiro Vivo, confira Morbius. Mordendo os cinemas a partir de 31 de março.
HOJE NOS CINEMAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)