quinta-feira, 28 de abril de 2022

Downton Abbey II: Uma Nova Era | Assista nos Cinemas

A série de sucesso Downton Abbey (leia comentários aqui) chegou aos cinemas em 2019 (leia texto aqui) e agradou bastante a crítica, assim como o show fizera anos antes. O filme, com direção de Michael Angler e roteiro do criador Julian Fellowes, retratava um evento especial na vida dos Duques e Duquesas de Downton com a visita do Rei as propriedades da nobre família - claro, não esquecendo de abordar também a vida daqueles que cercam o clã, os empregados da casa. Assim como a produção da ITV, o longa abria espaço para mais narrativas e Fellowes e seu time tiveram aval para uma segunda rodada cinemática de dramas. 

Downton Abbey II - Uma Nova Era gira em torno não só da manutenção do mega casarão como ainda nos faz conhecer mais sobre o passado da Condessa Violet, papel da estupenda Maggie Smith, e os arcos de personagens importantes também ganham novos desdobramentos com esta continuação. O filme tem direção de Simon Curtis (A Dama Dourada) e texto de Fellowes. O elenco retorna em peso para o trabalho e temos a adição de Hugh Dancy e Dominic West como profissionais da indústria do cinema que vem a Downton para gravar um filme nos espaços da mansão.

O drama tem distribuição da Universal Pictures Brasil.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Downton Abbey II: A New Era, 2022. Direção: Simon Curti. Roteiro: Julian Fellowes — baseado nos personagens criado por Fellowes. Elenco: Hugh Bonneville, Michelle Dockery, Elizabeth McGovern, Maggie Smith, Tuppence Middleton, Allen Leech, Sophie McShera, Laura Carmichael, Joanne Froggatt, Imelda Staunton, Robert James-Collier, Hugh Dancy, Dominic West, Laura Haddock, Samantha Bond, Raquel Cassidy, Penelope Wilton, Brendan Coyle, Jim Carter, Phyllis Logan, Lesley Nicol,Sue Johnston, Harry Hadden-Paton, Kevin Doyle, Michael Fox. Gênero: Drama, época. Nacionalidade: Reino Unido, Estados Unidos. Trilha Sonora Original: John Lunn. Fotografia: Ben Smithard. Edição: Mark Day. Direção de Arte: Mark Kebby. Distribuição:Universal Pictures do Brasil. Duração: 02h02min.

Uma Nova Era parece chegar a Downton quando o viúvo de Sybil, Tom Branson (Allen Leech) finalmente se casa com a amada Lucy Smith (Tuppence middleton), com quem já mantia um relacionamento. A partir do evento, chegam notícias a família de que  Condessa Violet herdou uma casa de veraneio no sul da França de um antigo admirador. Paralelo a isto, Lady Mary (Michelle Dockery) conversa com o pai Robert (Hugh Bonneville) sobre o estado atual da mansão e de como esta necessita de reparos, mas eles não estão bem das finanças. A mulher decide confessar isto ao Duque, pois o mesmo recebeu uma proposta alta de um grande Estúdio de Cinema para alugar o local para a filmagem de uma produção e ele não tinha interesse em aceitar. Porém, os ventos acabam mudando o barco de seu curso original.

Com o aceite do Duque, Lady Mary se propõe a acompanhar toda a realização do filme e não deixar que estraguem a casa enquanto Tom e o Duque seguem para a França ao interesse de tentar entender por que cargas d'água Violet ganhou ''uma villa'' de um nobre francês. As esposas os acompanham, bem como a mãe de Lucy, Maud (Imelda Staunton), e o ex-Mordomo, Carson (Jim Carter). Cora (Elizabeth McGovern), contudo, sabe que tem que contar ao esposo, sobre sua saúde, mas aguarda um pouco mais e ao terceiro ato este é mais um dilema para o casal. Logo, ela não tira o foco de Robert que está ansioso por demais para resolver toda a história do presente dado a sua mãe.

Apesar do medo dos estragos que possa vir a ocorrer com a visita da equipe do filme, Lady Mary realmente se dedica a ajudá-los e encanta o diretor do filme, Jack Barber (Hugh Dancy), já que o marido da senhora de Downton está cuidando de outros assuntos e não deve retornar para o lar nem tão cedo. Os astros do filme (dentro do filme), Guy Dexter (Dominic West) e Myrna Dalgleish (Laura Haddock) chegam com tudo ao lugar. O ator é super simpático e logo se mostra atencioso com quem menos esperamos, o mordomo Thomas Barrow (Robert James-Collie), já a loura de lábios vermelhos está preocupada com as mudanças na indústria do cinema e em como ela pode não estar apta para tais atualizações. Alias, todos os empregados ficam encantados com a possibilidade de servir a equipe e colaborar na produção, mas a convivência pode não ser muito agradável. 

Um roteiro de Julian Fellowes é tudo que um diretor precisa para colocar em prática sua arte visual. Downton Abbey, as series ou os filmes, entregam inúmeras camadas dentro da mesma história e nenhuma delas é entediante. Pelo contrário, Fellowes consegue construir climáx para os personagens se desenvolverem dentro de uma leva de acontecimentos que sempre surpreendem. O público tem aqui a chance de se emocionar, rir, e tem também o prazer de ver mais uma vez os nobres de Downton passar por uma leva de novas ''aventuras''

Não só isso, alguns personagens encontram redenção e conseguem um final satisfatório. Há um gostinho de partida de alguns deles, mas a vida é assim. O que temos de bom não é para sempre, não é mesmo? Os casais que se formaram, ainda na série, tiverem muitos tumultos, mas alguns continuam juntos como Anna e Bates, ou ainda o já casal Robert e Cora que vez ou outra estão provando que são muito apaixonados e cuidam um do outro. Aliás, o romance nesta continuação vem forte e agradabilíssimo. Há a menção de um ou outro personagem que morreu na série, como a filha de Robert e o ex-marido de Lady Mary, mas todos os eventos aqui funcionam além da mesma e o filme é esplendoroso em seu desenvolvimento. 

Edith, a irmã do meio de Mary, volta a escrever e também a tirar fotos, e ambas as mulheres põem em check a posição da mulher na sociedade do pós primeira guerra. Mary, além de ser a gestora da fortuna, encontra algo para se divertir e ajudar alguém, ao passo que Edith foca tudo em seus artigos para revistas femininas. O arco de Thomas Barrow e também de Myrna Dalgleish são talvez um dos mais fortes no filme e se finalizam muito bem. Entre os empregados, vemos Carson voltar a ativa e Daisy empurrar o sogro para Mrs. Patmore para aliviar a tensão em casa. O também ex-Mordomo Mosley encontra uma nova profissão e perde o medo de amar. Além disso, vemos Isobel auxiliar Violet com questões próprias de uma dupla de amigas - quem diria, hein?!

A cena que visualiza a mansão logo ao inicio do longa vem com a música tema de Downton Abbey, o que faz o coração acelerar. E este elenco tão magnânimo e real dá tom a tudo que se pede no texto de forma espetacular. Maggie Smith é sempre o destaque em cena pelas falas que espetam, mas vem mais branda aqui. Smith sempre foi a grande pérola da série chegou até a ganhar prêmios por sua performance. As cenas finais do longa comprovam que a atriz é a Dama do audiovisual inglês e sempre será.

Downton Abbey: Uma Nova Era não entrega nada menos que o filme anterior e a série já entregaram, figurino lindíssimo, direção de arte ainda mais perfeita e uma fotografia digna de prêmios. Não há mesmo o que não gostar aqui - ainda que você seja um punk que odeia a realeza britânica, vai se encantar com os casos de família que verá.

Avaliação: Três intrigas e setenta e cinco romances (3,75/5).

 HOJE NOS CINEMAS

D.P.A 3 - Uma Aventura no Fim do Mundo


A última vez que vimos o trio investigativo e poderoso dos Detetives do Prédio Azul nos cinemas (leia crítica aqui) o mundo era outro. Quatro anos se passaram e eles voltam a encarar novas aventuras e uma que agora vai até o fim do mundo por conta de um medalhão encantado que vem deixando o porteiro do edifício, Severino (Ronaldo Dias), um tanto quanto maléfico. O artefato mágico está repartido ao meio e também é procurado pela Duvíbora (Alexandra ) e por sua filhota Dunhoca (Klara Castanho). Logo, Pippo (Pedro Motta), Bento (Anderson Lima) e Sol (Letícia Braga), aliados a feiticeira Berenice (Nicole Orsini), vão correr contra o tempo para descobrir mais sobre o colar e não só ajudar o homem, mas desfazer também os seus malfeitos. 

O longa tem direção de Mauro Lima e roteiro do próprio e também de Rêne Belmonte e Flávia Lins e Silva. O filme contou com sessões especiais na última semana e entra oficialmente em cartaz nesta quinta-feira (28) para a alegria dos pais e filhos que curtem magia, investigação e muita cantoria. A produção tem ainda no elenco Suely Franco, Debora Ozório, Perfeito Fortuna, Cláudia Neto, Charles Myara e traz as participações mais que especiais de Alinne Moraes, Rafael Cardoso e Lázaro Ramos.
 
A distribuição é da Paris Filmes e da Downton Filmes.
 

Nossa turminha encantada começa sua aventura no alto de um penhasco e é por lá que eles, por acaso, se deparam com um medalhão mágico. O porteiro Severino estava os acompanhando e é quem encontra o objeto quando quase cai do lugar. Não demora e o homem começa a falar em poder, magia e faz de um tudo para saber onde está a outra metade do medalhão. Dali a pouco, as crianças descobrem sobre as armações de Duvíbora e Dunhoca e também sobre a bondade que pode proliferar da outra metade do objeto causador de confusões, já que esta é a maligna. Nesta busca pela solução dos mistérios, conhecem os conflitos passados entre os bruxos da família de Berenice e sobre como talvez os aviadores do lugar tem a ver com a queda do medalhão no penhasco. 

Os pais dos garotos são enfeitiçados por um Severino possuído e ele retorna a si vez ou outra. É quando, o grupo decide ir até o fim do mundo, que fica na Argentina, com a ajuda de um piloto fantasma para tentar encontrar respostas e dão de cara com Elergun (Ramos) e sua fábrica de doces encantados - aliás o personagem lembra muito um tal de Willy Wonka que já vimos na sessão da tarde. O doceiro acaba sendo enfeitiçado, quando Severino se une a Duvíbora e Dunhoca de vez, e as crianças seguem em busca do caminho que poderá salvar a todos e não deixam se abalar pelos percalços.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Detetives do Prédio Azul - Uma Aventura no Fim do Mundo, 2022. Direção: Mauro Lima. Roteiro: Flávia Lins e Silva, Rêne Belmonte e Mauro Lima. Elenco: Leticia Braga, Pedro Motta, Anderson Lima, Nicole Orsini, Alexandra Richter, Klara Castanho, Alinne Moraes, Débora Ozório, Rafael Cardoso, Lázaro Ramos, Perfeito Fortuna, Claudia Netto, Charles Myara, Suely Franco, Ronaldo Reis. . Gênero: Aventura, Família, Comédia. Nacionalidade: Brasil. Direção de Fotografia: André Faccioli. Direção de Arte: Cláudio Amaral Peixoto. Figurino: Ana Avelar. Produção: Paris Entretenimento. Coprodução: Gloob e Globo Filmes. Produção: Marcio Fraccaroli e Sandi Adamiu. Produção Executiva: Patrícia Zerbinatto e Mariana Marcondes. Produção Associada: Juliana Capelini e Rosane Svartman. Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes. Duração: 01h42min.

O filme tem cenas divertidas, mistérios intrigantes, visitas e viagens inesperadas, famílias fofas e muita música para celebrar a resolução dos conflitos. Jovem e dinâmico, apesar da temática ser voltada para pré adolescentes pode fazer também outras idades se entreterem. Cheio de boas referências a cultura pop, DPA 3 entrega um elenco digno e comprometido.

Aqueles que gostam da música tema do grupo vão ouvir aqui uma nova versão com Ivete Sangalo nos vocais.

O texto do filme vem alinhado ao que já se conhece dos detetives e tem acréscimos muito bons como a construção da história em volta do medalhão. O tom de comédia se mantém, apesar da tensão que se constrói. A direção não deixa ninguém parado e todo o elenco é muito bem conduzido. Além de locações no Rio de Janeiro, os takes que se tem de Ushuaia, na Argentina, são belíssimos. 

Para um momento leve em família, o filme cai como uma luva e as crianças vão se amarrar.

Avaliação: Três doces de leites argentinos com muito sabor (3/5).

Sessões a partir de 21 de Abril.

Jujutsu Kaisen 0 | Assista nos Cinemas


Shounen talvez seja o estilo de animes/mangás mais amado pelo público em todo o mundo desde a criação de sucessos como One piece e Dragon Ball. E com o decorrer dos anos os amantes do gênero, que agora são facilmente encontrados em praticamente qualquer lugar do universo, são anualmente bombardeados com os mais diversos conteúdos dos mais icônicos “mangakas”, como é o caso de Jujutsu Kaisen 0, a obra prima de Gege Akutami.

Jujutsu ganhou e vem ganhando enorme visibilidade, um grande exemplo disso é sua estreia como mangá na revista da Shounen Jump, ao decorrer de 2018, e apenas dois anos depois, este já havia sido lançado em sua versão anime em formato de série de tv. Por sua vez, a produção do filme foi confirmada logo após o término da primeira temporada e lançada em 2021.

A adaptação não foge da linha do original e sua história gira entorno dos feiticeiros Jujutsu que buscam por meio de exorcismos livrar o mundo humano das maldições. E para isso é desenvolvido toda uma hierarquia envolta de uma misteriosa escola onde jovens e adultos estudam para aprender a lidar com demônios e maldições. Por fim, neste contexto, somos apresentados a Yuta um jovem com um passado traumático que acaba de iniciar seus “estudos” na escola Jujutsu de Tokyo. 
 

Ao decorrer do longa animado,  que conta com direção de Seong-Hu Park , podemos ver a evolução de Yuta como feiticeiro e como pessoa de uma forma semelhante ao Yuji, o protagonista das obras principais do mangá de Akutami. Jovem, inclusive, que foi acolhido por Satoru Gojo, um dos se não O personagem mais poderoso desta obra.

O poder é sempre um assunto recorrente no enredo e a força de cada um na história faz com que fiquemos boquiabertos com as cenas de luta. A sua versão original é rica em detalhes e traz muita ação. Logo, a animação também consegue se destacar, pois é tudo tão colorido e vívido que somado a uma trilha sonora excepcional permite que o espectador viva uma experiência cinemática fantástica. Até mesmo em momentos de calmaria, que aliás revelam o cuidado que o estúdio teve para com cada frame.
 
Trailer
 

 Ficha Técnica
Título original e ano: Jujutsu Kaisen 0. Direção: Seong-Hu Park. Roteiro: Hiroshi Seko - baseado na obra de Gege Akutami. Elenco: Megumi Ogata , Yûichi Nakamura, Takahiro Sakurai , Tomokazu Seki, Sora Tokui, Kenjirô Tsuda, Koki Uchiyama, Kôichi Yamadera. Gênero: Animação, ação, fantasia. Nacionalidade: Japão. Trilha Sonora Original: Alisa Okehazama, Yoshimasa Terui, Hiroaki Tsutsumi. Fotografia: Teppei Ito. Departamento de Animação: Benjamin Faure  e Tadashi Hiramatsu. Distribuição: Sony Pictures Brasil. Duração: 01h45.
O roteiro não dá ao público cativo do anime nada de novo, visto que a animação é uma cópia quase que exata de sua versão em mangá, o que pode ser bom para uns e desinteressante para outros. E diferente de outras obras que fazem pequenas alterações em cenas muito “pesadas”, Jujutsu não hesita mostrar alguns corpos ou personagens perdendo seus membros. Opção que pode ser considerada um dos motivos pelo público ter amado tanto esta animação quando foi a assistir nos cinemas lá fora (os números informam que na Alemanha mais de 142 mil pessoas assistiram ao filme na telona).

Mas, contudo, pede-se que não se exija muito do anime, pois mesmo aqueles que não acompanham o mundo Geek não teriam dificuldade alguma para resolver o plot que o filme escolhe nos apresentar. Não só isso, percebe-se que o desenvolvimento de alguns personagens poderia ter sido melhor realizado. Algo que talvez venha a ser traduzido em produções vindouras.

Em suma, Jujutsu Kaizen O é uma animação fantástica que certamente vale cada centavo de seu ingresso ao decidir sair de casa e ir no Cinema mais próximo de você para conferir. É um longa perfeito para os fãs e para aqueles que nunca ouviram falar da obra e, que, certamente vão rir, chorar e se empolgar junto dos personagens e seus arcos dentro da narrativa apresentada.

HOJE NOS CINEMAS

Como Matar a Besta | Sessão Vitrine 2022

 

As opiniões de crítica e público sobre Como Matar a Besta não tem sido as mais generosas. Um rápida busca pelo nome do filme em sites de busca e redes sociais voltadas à cinefilia revelam espectadores insatisfeitos com a suposta falta de coesão ou profundidade narrativa no longa-metragem de Agustina San Martín. Parece haver uma incompreensão de que este não é um filme de roteiro.

Com uma fotografia que consegue imprimir nas imagens a umidade  e o calor da região fronteiriça entre Brasil e Argentina, a diretora se debruça sobre uma história muito simples e pouco desenvolvida, mas que evoca tensão, eroticidade e mistério ao brincar com o tom fabulesco. 

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Como Matar a Besta, 2021. Direção e Roteiro: Agustina San Martín. Elenco: Tamara Rocca, Ana Brun, João Miguel, Sabrina Grinschpun, Juliette Micolta. Gênero: drama, terror. Nacionalidade: Argentina, Brasil, Chile. Trilha Sonora: O Grivo. Direção de Fotografia: Constanza Sandova. Direção de arte: Agustín Ravotti. Montagem: Hernán Fernández, Ana Godoy.Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 79 min.

Após perder a mãe, a adolescente Emilia (Tamara Rocca) viaja para uma pequena cidade rural a fim de procurar o irmão mais velho, um rapaz que foi afastado do convívio com a família devido a seu comportamento violento. Hospedada na pensão de uma tia, a jovem deixa mensagens na secretária eletrônica do parente e menciona seu nome a todos que conhece. Mas ninguém parece querer falar de Mateus. Assim, a jovem vai alongando sua estadia e firmando novas amizades enquanto observa a população local caçar noite após noite uma besta humana capaz de tomar a forma de diversos animais. 

 


A única insatisfação que o filme deveria gerar em uma audiência de olhar treinado é a de querer que a câmera mergulhasse na floresta e nós descobríssemos mais sobre a besta e a cidade com aura de realismo mágico tanto quanto a narrativa mergulha no interior de Emília. Neste sentido, esta pode até ser classificada como uma história do subgênero comming of age, visto que a mudança de ares proporciona á protagonista descobertas sobre si mesma, sobre sua sexualidade e sobre sua família. No entanto, vale frisar que é um comming of age latino-americano que exerce toda a sua latinidade em imagem e áudio.

 Trailer da ''Sessão Vitrine''


A coprodução entre Argentina, Brasil e Chile faz parte da nova ''Sessão Vitrine'' e chega hoje aos cinemas após ter sido exibido em diversos festivais, entre eles Toronto e Festival do Rio. 
 
HOJE NOS CINEMAS

Paris, 13º Distrito | Assista nos Cinemas

  

Paris, 13º Distrito é uma comédia romântica francesa, uma ciranda de paixões. Estreando hoje nos cinemas de todo o Brasil, os personagens principais se entrelaçam em gostosas aventuras amorosas na cidade do amor, em um vaivém acelerado de indecisões e descobertas. E faz lembrar bastante a poesia famosa do célebre Carlos Drummond de Andrade ''João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém''. O poeta maior brasileiro sabia de tudo!

O diretor Jacques Audiard é peça carimbada no Festival de Cannes. Seus filmes já ganharam vários prêmios, inclusive a Palma de Ouro por ''Dheepan'', lá em 2015. Dessa vez, ele que também é roteirista, resolveu se debruçar nas relações amorosas contemporâneas, especificamente no 13º arrondissement de uma Paris cosmopolita e multirracial. Então vemos apps de encontros amorosos, exposições íntimas nas redes sociais, etc. Mas o que conta mesmo ainda é o amor, a paixão, o encantamento. E numa bela cidade como a capital francesa, isto é fantástico.


O rapaz negro Camille (Makita Samba) divide apartamento com a moça oriental Émilie (Lucie Zhang). São amantes ocasionais, mas o amor de Émilie assusta Camille e ele sai do apartamento. Gerenciando uma imobiliária, Camille contrata a caucasiana do interior da França Nora (Noémie Merlant). Acabam indo para a cama e Camille se encanta por Nora. Mas Nora tem um segredo, nas suas noites livres flerta com a performer pornô Amber (Jehnny Beth), quase uma sósia dela e pivô de um grande problema no passado para Nora que, confundida com sua paixonite, foi alvo de assédio moral na Universidade, precisando abandonar os estudos. Essas relações que se formam e desfazem por todo o filme acabam tendo um final feliz e encantador: o amor vence! Vive l'amour!

A chegada a esse final feliz é muito divertida! Bonita fotografia em preto e branco, com cenários de uma Paris contemporânea e charmosa, a trilha sonora foi vencedora de prêmio em Cannes. É um filme leve e romântico, diferente dos outros trabalhos do diretor, que prima por dirigir temas mais sérios, de maior impacto social: prisões, imigração, tragédias. Mas isso é estimulante, é bom observar grandes diretores variar seu conteúdo e experimentar novas áreas. Jacques Audiard abre esse novo campo em seus trabalhos. Ansioso por ver seus futuros filmes!

Este longa metragem não está entre seus melhores filmes, é uma obra menor dentro de sua filmografia. Porém, comédias românticas passadas em Paris são irresistíveis. O elenco é muito competente e bonito. Algumas sequências surpreendem pela leveza e encanto, principalmente o final feliz! Assistam, se divirtam e suspirem por um amor em Paris! 

Nota: 7,5/10.
 
Trailer 

Ficha Técnica
 
Título original e ano: Direção: Jacques Audiard. Roteiro: Jacques Audiard, Léa Mysius e Céline Sciamma - com colaboração de Nicolas Livecchi - Baseado no conto de Adrian Tomine. Elenco: Lucie Zhang, Makita Samba, Noémie Merlant, Jehnny Beth, Camille Léon-Fucien, Oceane Cairaty, Anaïde Rozam, Pol White. Gênero: drama, romance, comédia. Nacionalidade: França. Direção de Fotografia: Paul Guilhaume. Desenho de Produção: Michel Barthélémy. Trilha Sonora Original: Rone. Montagem: Juliette Welfling. Produção: Pascal Caucheteux, Grégoire Sorlat. Distribuição:  Califórnia Filmes. Duração: 115 min.
 HOJE NOS CINEMAS