O filme "Batata", da diretora síria-libanesa Noura Kevorkian, possui um nome tanto quanto cômico apenas pelo fato de que há espaço para uma comida ser tão protagonista quanto é apresentada inicialmente na obra selecionada pelo festival. Porém acaba que falar sobre batatas é um ato político e enfrenta um contexto mais tenebroso do que o esperado.
O Líbano foi ocupado pela Síria durante quase vinte e nove anos, fruto de escaladas durante a guerra civil no país. Do outro lado, o país sírio enfrenta diversos conflitos, sejam por conta do líder Bashar al-Assad, o “Leão”, ou da guerra civil no t lugar que resultou no fortalecimento por consequência do Estado Islâmico. A partir dessa visão, Noura decide enfrentar a situação do ponto de vista dos refugiados que simplesmente plantam batatas. Uma tarefa tão pacata, mas que representa a ansiedade de estar em território estrangeiro, que não é seu, e é uma das poucas opções viáveis para tentar viver ainda uma vida digna. Para retratar essa visão, a diretora acompanha dez anos da vida de Maria, uma trabalhadora migrante Síria que se tornou uma pessoa refugiada, sem lar e sem terra natal, assim como a maioria dos um milhão e meio de refugiados sírios que se encontram no Líbano.
Maria ama sentar no campo e pensar no passado que a trouxe ao presente. Se sentia feliz e era uma garota animada nos belos campos, como um ponto brilhante nas pinturas de Monet. Aos nove anos, ela sonhava em crescer e se casar, seja com um homem libanês ou sírio, para assim formar uma família. Não queria responsabilidades com o campo, a casa e os trabalhadores. Porém, nada disso aconteceu, e a mulher passou a entender que era o destino de sua vida. Com onze anos, seu pai, Abu Jamil, a levou ao Líbano. Ela achava que iria viajar pelo país vizinho. Pensava também que a Síria e o Líbano eram o mesmo país, porém, percebeu que os sírios vão ao Líbano pelos salários mais altos e as mulheres em busca de libaneses, que dizem serem bons maridos. Logo depois, descobriu o porquê de sua viagem ao país vizinho.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Batata,2022. Direção e Roteiro: Noura Kevorkian. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Líbano e Síria. Produção: Paul Scherzer e Noura Kevorkian. Duração: 02h06min.
Certo dia, Abu andava pelas ruas do Líbano com uma pá no ombro e foi encontrado por Mousa, um libanês que sempre está com uma camisa verde e calça jeans, dono de uma picape vermelha e de uma terra fértil, que o chamou para trabalhar no campo. Jamil aceitou e nos anos seguintes trouxe sua família junto, inclusive sua filha, Maria.
Para Maria, seu pai e Mousa são inseparáveis e eles representam tudo o que há de bom no mundo. A relação dos dois é de puro respeito, apesar de um ser sírio e outro libanês, um ser muçulmano sunita e o outro cristão. Para eles, o que importa é o amor que os une e não o que os torna diferentes como indivíduos. Em 2009, Maria e sua família chegam ao Líbano para a temporada de plantação. A família vive em uma base de trabalhadores migrantes, conhecida como "Acampamento Mousa", localizada em frente a uma padaria, em uma estrada perto da fronteira com a Síria. Na época, cerca de setenta e cinco pessoas viviam no local em barracas. Quando a temporada acaba, a família retorna à Síria, descansam e as crianças começam a escola. Na próxima temporada de plantações, a família retorna ao Líbano para trabalhar.
Em 2011, em uma temporada de plantações, a família de Maria se depara com uma revolução na Síria que com o passar dos meses, se tornou uma guerra civil, a conhecida Primavera Árabe. No norte do Líbano as batatas estão sendo colhidas mas não há mercado, rotas de exportações fechadas, o que faz com que Mousa tenha um estoque grande de mercadoria. O ápice da situação no acampamento é quando o homem falece. Todos perdem sua esperança e se ficamdesolados passando a se sentir verdadeiramente como refugiados. Ao seu olhar, o acampamento passa a ser feio, bagunçado, sem cor e com apenas tendas brancas da ACNUR.
No decorrer da produção, é possível enxergar amadorismo no cinema de Noura Kevorkian, onde recortes para reflexões entram em momentos inoportunos. O espetáculo em si é perdido em diversos momentos, sua longa duração faz o espectador esquecer em que parte está dentro da obra e se há a necessidade em si de continuar a assistir. Mas é compreensível, devido ao grande material que foi produzido durante os dez anos.
Ao acompanhar a vida dessa família, a diretora Noura demonstra os conflitos étnicos e culturais da Síria e do Líbano, devido a uma guerra civil que durou mais de 20 anos. A trama busca retratar as consequências da guerra na vida da sociedade, a situação precária dos refugiados e os efeitos dos conflitos desde o início da primavera árabe.
Os filmes ficam disponíveis até o limite de visionamentos ou 24 horas.
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