O documentário Belchior é pura paixão e tem estreia mundial no 27º Festival Internacional de Documentários ''É Tudo Verdade 2022''. Que grande artista esse cantor e compositor era! Neste filme de uma hora e meia toda sua trajetória é apresentada, desde seu nascimento em Sobral, no Ceará, em 1946, até os seus últimos anos de recolhimento e exílio voluntário, que culminou na morte em 2017.
Os diretores Natália Dias e Camilo Cavalcanti optaram, em boa parte dos minutos do longa-metragem, em deixar o artista falar, resgatando suas entrevistas, depoimentos e shows na mídia televisiva e impressa da época. O entrevistado era sempre muito loquaz e articulado. É muito gratificante acompanhar nas próprias palavras do artista a gênese de seu trabalho musical, o que o motivava, qual era seu propósito! E, quando há o contraponto do ator Silvero Pereira declamando suas composições em uma estrada sem fim, é arrepiante!
Um dos grandes artistas da música popular brasileira na década de 1970, a vida de Belchior é muito rica de significado político. Ele foi um símbolo e, ao mesmo tempo, guia de toda a juventude brasileira daquela época. Com composições viscerais, de uma intimidade comovente, suas letras falavam de sua vida e do momento em que o Brasil vivia. De grande popularidade em vida, até hoje seu rico trabalho poético encanta, atraindo as atenções de quem gosta dos raps de Emicida, da MPB de Ana Cañas e de vários outros artistas que bebem dessa fonte poética e musical.
Título original e ano: Belchior, 2022. Direção: Natália Dias e Camilo Cavalcanti. Roteiro: Paulo Henrique Fontenelle, Camilo Cavalcanti e Natália Dias. Pesquisa: Isabela Mota. Participação Especial: Silvero Pereira. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Montagem: Paulo Henrique Fontenelle. Direção de Fotografia: Milena Seta. Desenho de Som: Waldir Xavier. Mixagem: Bernardo Adeodato. Produção: Clariô Filmes. Produção: Camilo Cavalcanti. Produção Executiva: Camilo Cavalcanti. Produção de Licenciamento: Leticia de Souza Barbosa. Duração: 90min.
Ver Elis Regina cantando Como Nossos Pais é um dos pontos altos do documentário. Aquela emoção, aquela intensidade, comovem e relembram o espectador de que a grande arte é perene e inesgotável, adquirindo novos significados e nuances a cada geração que passa. A voz do grande artista Belchior é perfeitamente ouvida: as canções são o núcleo do roteiro e, como elas são muito íntimas e sensíveis, através delas desvendamos a trajetória desse cearense de Sobral que conquistou o Sul Maravilha.
Há muitas cenas de arquivo. A montagem faz um trabalho muito ágil em costurar as cenas. Essa edição rápida faz uma imersão profunda nesta vida tão aventurosa. Termina-se a película com uma compreensão um pouco melhor dessa personalidade tão importante. Apenas um pouco melhor porque Belchior, como grande artista, era uma esfinge. Seus enigmas continuam, mas sua obra está aí, para usufruto de todos.
Este filme é para os fãs e para os não iniciados na sua obra. Suas canções falam por si só! De antemão, pode-se dizer que temos a melhor trilha sonora de 2022. As poesias e melodias que ditam o roteiro do documentário são um dos grandes tesouros da música popular brasileira. Não deixem de assistir e conhecer mais sobre esse grande artista!
SESSÕES É TUDO VERDADE:
Belchior - Apenas um coração selvagem
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