A Médium é um terror em formato de ''falso documentário'' que conta a história de um grupo familiar que carrega a herança de um espírito bondoso e este se incorpora nas mulheres da família. Porém, quando Mink (Narilya Gulmongkolpech) começa agir de maneira estranha, sua mãe e tia começam a temer que algo sombrio tenha chegado antes.
Possessão é um tema clássico do terror. O Exorcista, O Ritual, Iluminado e Invocação do Mal são alguns dos filmes que se utilizam do tropo, mostrando pessoas normais que cometem um erro e acabam tendo seus corpos dominados por espíritos malignos ou demônios. Mas no caso de A Médium, a possessão é apresentada como algo bom inicialmente. Um destes espíritos que possui as mulheres da família agora está em Nim (Sawanee Utoomma) e ele é um espírito de vida e cura. Essa ideia, onde a possessão não necessariamente é temida e que a luta seja entre entidades boas e ruins, é interessante. Porém, o roteiro assinado por Banjong Pisanthanakun (One Day) acaba por não a aproveitar, entregando pouquíssimo além dos clássicos lideres religiosos que realizam exorcismos. Mink, que é a atual avatar do espírito de cura, após sua irmã o recusar, é o ponto de entrada da trama e é responsável pela exposição. Embora seus rituais sejam diferentes do exorcista Cristão, não há muito além disso. O filme poderia brincar com a ideia de que uma das garotas a salvo também está possuída e fazê-la exibir alguns dos comportamentos de Mink, e até uma conversa entre entidades, mas tudo o que temos são versões diferentes de rituais, em momento nenhum fazendo a entidade parecer tão presente e poderosa quanto é falado.
A atuação de Narilya Gulmongkolpech entrega alguns sustos e fisicalidade, mas em vários momentos, parte pela escolha estética do filme que será descrita a seguir, entrega algo digno do Lendas Urbanas do Gugu, arrancando risadas de pura vergonha alheia. O mistério é onde o roteiro talvez consiga prender a atenção do espectador. Não se sabe exatamente o que aconteceu com Mink durante a maior parte do filme e, embora o final possa ser insatisfatório, o terror fornece algumas respostas interessantes além de um desfecho cheio de sangue.
Contudo, o que mais dá um ar brega a película é a estética de falso documentário. A Bruxa de Blair (1999) deu um boom nesse trend de filmes de horror e A Médium é mais uma tentativa de levar uma pobre equipe documental desconhecida a uma morte horrível e sangrenta, deixando apenas um sobrevivente sortudo ou material para ser encontrado. Mas já nisso o filme toma decisões sem sentido e principalmente não faz uso das possibilidades dessa linguagem. A escolha passa, então, a parecer menos sobre estética e mais orçamentária. A produção fica com um ar barato de tv a cabo ou de realização estudantil, mas não tem a inventividade que esse tipo de produção pode ter. Além disso, a dublagem em conjunto com a estética e atuações pouco inspiradas reforçam a imagem de algo feito para se assistir em casa.
Contudo, o que mais dá um ar brega a película é a estética de falso documentário. A Bruxa de Blair (1999) deu um boom nesse trend de filmes de horror e A Médium é mais uma tentativa de levar uma pobre equipe documental desconhecida a uma morte horrível e sangrenta, deixando apenas um sobrevivente sortudo ou material para ser encontrado. Mas já nisso o filme toma decisões sem sentido e principalmente não faz uso das possibilidades dessa linguagem. A escolha passa, então, a parecer menos sobre estética e mais orçamentária. A produção fica com um ar barato de tv a cabo ou de realização estudantil, mas não tem a inventividade que esse tipo de produção pode ter. Além disso, a dublagem em conjunto com a estética e atuações pouco inspiradas reforçam a imagem de algo feito para se assistir em casa.
Os mockumentaries, em geral, são mais interessantes justamente quando não se sabe se o que está assistindo é verdadeiro ou falso até muito mais tarde na projeção. Talvez esse filme tenha muito mais sucesso com um espectador que não sabe exatamente o que está assistindo no começo. Mas até assim, tudo que entrega é uma experiência sem substância e completamente esquecível. O terror, quando bem usado, pode levantar questões sobre temas importantes e medos da nossa sociedade atual. Esse filme emplacada inúmeras causas diferentes ao mal que se apossou de Ming e se torna impossível compreender sua mensagem, se é que existe uma.
A Medium é brega e carece da inventividade que o trash pode trazer. O pouco potencial que tinha, desperdiça sem cerimônia para contentar-se com o fácil e barato. Tem o visual, trama e som de um filme pra tv, mas não um particularmente bom. Tal qual alguns personagens, a fé da equipe no que estavam fazendo parece ter se esvaído com o tempo. E assim também acontece com a audiência, pouco a pouco sendo drenada da esperança de que haja alguma alma para salvar nesse projeto.
A Medium é brega e carece da inventividade que o trash pode trazer. O pouco potencial que tinha, desperdiça sem cerimônia para contentar-se com o fácil e barato. Tem o visual, trama e som de um filme pra tv, mas não um particularmente bom. Tal qual alguns personagens, a fé da equipe no que estavam fazendo parece ter se esvaído com o tempo. E assim também acontece com a audiência, pouco a pouco sendo drenada da esperança de que haja alguma alma para salvar nesse projeto.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Rang-Zong, 2021. Direção: Banjong Pisanthanakun. Roteiro: Banjong Pisanthanakun - com argumentos de Siwawut Sewatanon e Chantavit Dhanasevi. História original de Na Hong-jin. Elenco: Narilya Gulmongkolpech, Sawanee Utoomma, Boonsong Nakphoo, Sirani Yankittikan, Yasaka Chaisorn, Boonsong Nakphoo, Arunee Wattana. Gênero: Terror. Nacionalidade: Tailândia e Córeia do Sul. Trilha Sonora Original: Chatchai Pongprapaphan. Fotografia: Naruphol Chokanapitak. Edição: Thammarat Sumethsupachok. Distribuição: Paris Filmes Duração: 2h10min.
Na escuridão dos cinemas em 19 de maio.
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