Um dos fatores cruciais para o crescimento pessoal é a percepção que se tem de si. E não se deixar corromper por pensamentos medíocres e corrosivos pode ser essencial para que sua auto-avalição tenha, de fato, algum valor. E é talvez isto que nosso protagonista em @Arthur.Rambo, Ódios Nas Redes tem certa dificuldade em o fazer. A produção francesa dirigida por Laurent Cantet (A Trama) nos apresenta o jovem escritor e youtuber Karim D., papel de Rabah Nait Oufella, no ato de entrevistas e promoção do lançamento de seu primeiro livro.
A obra que conta um pouco da jornada da mãe do garoto como una mulher pobre e imigrante na França é aclamada e a todo instante elogiada neste inicio de divulgação. Contudo, na noite da celebração do sucesso do youtuber, postagens racistas, homofóbicas e desumanas chegam a superfície do twitter e estas são assinadas por um pseudônimo de Karim chamado ''Arthur Rambo''.
De start, ele acha graça que todos estão reagindo àquelas falas de cinco anos atrás somente agora e nada faz para limpar sua barra. Porém sua editora o chama para conversar e receber uma justificativa plausível dele, porém Karim não percebe a burrada que fez e se explica porcamente quando revela "que fez aquilo como uma experiência para ver a reação dos outros e que os seus amigos até riam ou ajudaram". Obviamente, a atenção do rapaz é chamada pela empresa que decide parar as publicações do livro até que tudo se acalme.
Todos solicitam ao jovem que exclua os textos ofensivos, mas ele sequer se propõe a fazer tal remediação. Sai dali confuso e sem apoio algum e não encontra nos amigos ou na namorada. A mãe fica espantadissima com o que o filho fez e seu irmão até certo ponto o defende. Todavía, também se dá conta de que o problema não é somente uma postagem ou outra ou o tom de politicamente incorreto que o dito personagem criado por Karim tem, mas sim o próprio que não percebe que tem problemas em lidar com quem é e de onde vem. Logo, o crescimento e a lição que ele precisa tirar disso tudo não exatamente chega.
A película joga luz não só em atitudes nefastas como a do protagonista que, inclusive, nos lembra acontecimentos da realidade brasileira com certos influencers de certos podcasts, como também toca na questão do cancelamento e de como pessoas quebradas muitas vezes não tem nenhum tipo de acolhimento para então sentar e colocar a cabeça no lugar. Karim se assimila a uma barata tonta após absorver veneno. Não sabe para onde correr e muitas vezes dá voltas e voltas e nada sai do ponto de confusão em que está.
Trailer
Título original e ano: Arthur Rambo, 2021. Direção: Laurent Cantet. Roteiro: Laurent Cantet, Fanny Burdino e Samuel Doux. Elenco: Rabah Naït Oufella, Sofian Khammes, Antoine Reinartz. Gênero: Drama, Suspense. Nacionalidade: França. Direção de Fotografia: Pierre Milo. Trilha Sonora: Chloé Thévenin. Montagem: Mathilde Muyard. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 87 min.
Apesar de ter uma estrutura dinâmico e uma narrativa que se move com a força dos dedos apontados a Karim, o filme não tem um roteiro equilibrado. Ainda que toda a situação decorrida tenha sua potência, perde-se o espaço de apresentar até mais camadas para a história.
Dito isto, não pode se esquecer que a temática é relevante e deve tomar o tempo da sociedade em discussão crítica como ferramenta para a análise do comportamento humano e, principalmente, para que seja reiterado que ideias que menosprezam a vida de minorias são criminosas.
Avaliação: Três tweets reflexivos (3/5).
12 de Maio nos Cinemas
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