A realidade norte-americana onde a população tem acesso a armas com facilidade nos armazéns, mercados ou até bancos próximo de suas casas acabou gerando uma triste estatística para aquela sociedade. Desde 1970, o país já teve mais de 2000 ataques a tiros dentro do ambiente escolar. O quantitativo aparece em dados publicados pelo Centro de Defesa e Segurança Interna da Escola de Pós Graduação Naval, em Monterrey, na Califórnia (veja aqui). A temática já foi amplamente abordada no documentário ''Columbine'', de Michael Moore, lançado em 2002. O filme jogava luz na tragédia ocorrida na Columbine High School, em 1999, e buscava mostrar como o país lida com o uso das armas em diversos aspectos.
O suspense dirigido por Philip Noyce, "A Hora do Desespero'', que está entre o cardápio de estreias desta semana nos cinemas brasileiros, nos revela os momentos de tensão vividos por uma mãe ao saber que a escola de seu filho está sob ataque e ela está sem notícias alguma do estado do garoto. A mãe em questão é vivida pela atriz Naomi Watts (Vice) e a mulher que acabara de sair para uma manhã de corrida pelas redondezas tenta de todas as formas retornar as proximidades e chegar até a escola para saber se seu filho conseguiu sair vivo de todo aquele caos. A produção debutou no Toronto Film Festival, em 2021.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: The Desperate Hour, 2021. Direção: Philip Noyce. Roteiro: Chris Sparling. Elenco: Naomi Watts, Colton Gobbo, Andrew Chown, Sierra Maltby, Michelle Johnston, Wooddrow Schrieber, David Reale, Jason Clarke, Debra Wilson, Christopher Marren Jacqueline King Schiller, Josh Bowman. Gênero: Suspense, Drama. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora Original: Fil Eisler. Fotografia: John Brawley. Edição: Lee Haugen. Distribuição: Paris Filmes. Duração: 01h24min.
Amy Carr (Watts) ficou viúva recentemente e ainda está tentando se recuperar da perda do marido. O filho mais velho, Noah (Gobbo), tem uma relação distante com a mãe e ainda está muito abalado pela ausência repentina do pai. A mulher também é mãe da pequena Emily (Maltby) e decide ao acordar certo dia que não irá ao trabalho e que vai correr e se distanciar um pouco dos problemas. Tenta manter o filho acordado para que ele vá a escola, mas o jovem também se recusa a sair da cama. Ela então segue seus planos e vai se exercitar e o informa que vão conversar quando voltarem. Assim, somente Emily pega o ônibus escolar.
A cada minuto que passa Amy está mais longe de casa, mas não sabe ao exato o que ouvir na playlist, pois apesar de estar se exercitando se sente aflita e ansiosa. Os pais a ligam e pedem que busque um veículo, pois estão em viagem e ela confirma que fará o solicitado. Em seguida, uma mensagem de alerta a comunidade local é disparada e Amy é notificada de que as escolas da região estão em lockdown devido a um ocorrido em uma delas. Nada mais é informado.
Em posse de seu celular, e apenas dele, a mulher inicia uma corrida maluca para saber o paradeiro do filho e também se Emily está bem. Consegue resposta sobre a garotinha, mas zero informações do filho e ela está há mais de 50 minutos de distância do local do possível tiroteio. Começa então a receber muitas ligações e fica sabendo que sim houve uma perturbação grave e é na escola de Noah. No retorno da corrida, machuca o pé na floresta, o que a deixa ainda mais lenta para chegar em casa e também não está perto de nenhuma rodovia.
A mulher se desespera quando o telefone de Noah só cai na mensagem pré gravada e policiais fazendo a investigação do que está ocorrendo começam a ligar para ela e fazer perguntas do garoto. E é ai que seu mundo cai, pois ela entende que ele foi para a escola e procura então motivações não só para que ele esteja envolvido no que está acontecendo como também para defender o filho. Pede ajuda a um funcionário de uma loja que está perto do local e ele consegue ficar enviando notícias para o celular dela sobre o que está acontecendo, mas ainda não tem nada concreto sobre o paradeiro do menino. É angustiante todo o percurso dela até as proximidades do colégio e também até a resolução de todo o caso. Basicamente, um momento de desespero que nenhuma mãe gostaria de viver.
O filme se passa em uma hora e vinte e poucos minutos e quase todo ele é baseado nas atuações de Watts ao telefone com amigos, familiares, professores, estranhos e policiais. Seu maior parceiro de cena é o telefone que ela usa para receber e fazer ligações enquanto tenta sair da selva que se embrenhou para correr dos problemas - a estrutura aqui até lembra a película estrelada por Tom Hardy, em 2013, ''Locke''.
Dúvidas sobre o bem estar dos filhos são atreladas ainda a possibilidade de um deles estar envolvido no ataque a escola e o momento se torna ainda mais aterrorizante para ela que, longe e sem qualquer noticia do filho mais velho, só tem uma única saída: pedir socorro e informações pelo seu telemóvel.
Os diálogos, ao passo que vão sendo informativos, vão a deixando com mais e mais medo, mas ela busca de todas as formas possíveis entender o que está acontecendo e chega em algumas respostas compensatórias.
Essa tensão e angústia na produção é muito bem instaurada e o filme não se propõe a trazer debates em si sobre o controle de armas nos Estados Unidos, mas revelar a condição dos pais perante acontecimentos do tipo e como não importa quem você seja, você ainda estará sem qualquer controle ou poder para defender os seus de situações assim.
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