Encontros, de Hong Sang-soo

 
Estreia da Pandora Filmes desta semana nos cinemas de várias capitais, o pequeno filme de apenas uma hora, Encontros, trata destes interlóquios que nós, gregários que somos, nos forçamos a ter com os outros seres humanos. Estes contatos delineiam nossas vidas e nos fazem tomar rumos diversos.

É o que acontece com o personagem principal: Young-ho (Seok-ho-Shin), jovem rapaz, que em encontros com o pai, a namorada e a mãe, vai tomando decisões que guiam sua vida. Estas três reuniões tomam os sessenta e seis minutos de exibição, numa trama confusa nas suas idas e vindas, mas que ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim 2021 e também agradou a Associação de Críticos da Coreia e ganhou prêmio na categoria de ''melhores do ano''. A conclusão dos bate-papos é que, após conversar com o pai, com quem ele não se dá bem, viaja para Alemanha de supetão para encontrar sua namorada, que tinha ido para lá no dia anterior. Na volta para Coreia do Sul, tem mais um entrevero, dessa vez com a mãe. Entre mal-entendidos e conciliações, o fiapo minimalista do enredo vai se desenrolando.

O diretor Hong Sang-soo é querido nos festivais e já ganhou muitos prêmios. Seu estilo tem vários admiradores mundo afora. Mas seu minimalismo extremo deixa o espectador desavisado frustrado, especialmente neste filme. Como se consegue contar a jornada de um personagem em três encontros? Ficam muitas lacunas a se preencher. Após uma hora apenas de duração, sente-se que os personagens não foram bem desenvolvidos.
Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Introduction, 2021. Direção e Roteiro: Hong Sang-soo. Elenco: Shin Seok-ho, Park Mi-so, Kim Young-ho, Ki Joo-bong, Seo Young-hwa, Kim Min-hee, Cho Yun-hee, Ye Jiw-on, Ha Seong-guk. Gênero: Drama. Nacionalidade: Coreia do Sul. Direção de Fotografia: Hong Sang-soo. Trilha Sonora: Hong Sang-soo. Montagem: Hong Sang-soo. Produção: Hong Sang-soo. Distribuição: Pandora Filmes. Duração: 66 min.
Além do pai, da mãe e da namorada, temos outros coadjuvantes que cercam o personagem principal, por exemplo o ator famoso, a secretária do consultório, as amigas da namorada, o amigo ator. Todos eles ficam envoltos numa aura de mistério, pois nenhum segmento se conclui a contento. É como se tivéssemos uma grande árvore embrulhada em papel, da qual só vemos alguns galhos ou folhas. Não conseguimos ter uma visão completa.

A fotografia em preto e branco embeleza a película. A atenção nos detalhes da ambientação é cuidadosa, os cenários são milimetricamente montados. O encadeamento da estória é que fica a desejar, tudo muito nebuloso e difuso. É uma junção de pequenos contos sobre o mesmo personagem. Caso tivéssemos mais destes (e com maior duração), compreenderíamos melhor o Young-ho. Avisados desses pormenores, assistam o filme e deixem a imaginação funcionar, preenchendo os vazios.

Nota: 6/10
01 de Setembro nos Cinemas

Escrito por Marcelino Nobrega

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