Gêmeo Maligno | Terror finlandês com Teresa Palmer Chega aos Cinemas

  
 O Horror é um gênero cinematográfico bastante flexível e abrangente. Junto com os sustos esperados com os filmes desta temática, é possível se ter risos, dramas familiares, crítica social, ficção científica e vários outros potenciais narrativos. Infelizmente, toda essa variedade de nuances também pode acarretar em armadilhas para quem decide se arriscar no gênero com nada além de boas intenções. Isso porque o Horror é feito de um delicado e sensível equilíbrio entre sutilezas e exageros, que podem fazer total sentido a depender da proposta de cada obra. Uma das atitudes mais imperdoáveis de um filme de Horror é se levar a sério demais quando ele mesmo não possui crédito para tal, e, infelizmente, este é o caso de ‘Gêmeo Maligno’.

Rachel (Teresa Palmer) é uma mãe em luto. Após a morte de Nathan, um dos seus filhos gêmeos, num acidente de carro, ela e seu marido, Anthony (Steven Cree), decidem trocar Nova York pelas paisagens idílicas da Finlândia. Ao lado de seu outro filho, o gêmeo sobrevivente, Elliot (Tristan Ruggeri), o casal busca fugir das lembranças dolorosas da perda de Nathan. Contudo, o plano de recomeçar a vida com a família num novo lugar é ameaçado quando Elliot começa a agir de forma estranha. Conforme fantasmas do passado ressurgem e a população da cidade revela ser talvez não muito amistosa, a segurança e a sanidade da família é ameaçada.
 
 
Gêmeo Maligno é um filme ambicioso, isso não se pode negar. Com um conceito promissor, o terror se inicia num tom de trauma familiar intimista que atrai. Mas no decorrer da trama, o longa revela-se uma atordoante montanha-russa de clichês. Cena após cena, itens de uma longa lista de lugares-comuns do Horror vão sendo elencados: crianças bizarras, seitas em comunidades rurais, possessões demoníacas... fica até difícil acompanhar todas as referências que o filme tenta (sem sucesso) costurar em sua narrativa. As inspirações do roteiro ficam explícitas na construção das cenas, que parecem tentar recriar trechos inteiros de filmes consagrados como ‘O Bebê de Rosemary’, ‘A Profecia’ e ‘Hereditário’, porém sem uma boa história ou esmero artístico no qual se basear. O diretor e co-roteirista Taneli Mustonen obviamente conhece e admira o gênero o suficiente para se apropriar dos maneirismos estilísticos dele e tentar sintetizá-los para criar algo seu. Porém, é uma pena que o subproduto de todo este entusiasmo não carregue a originalidade e potência aparentemente almejada por seu idealizador.

O longa se destaca por sua atmosfera assustadora. A ambientação combinada com as peculiares decisões de sua história leva a uma série de situações nas quais o visual e a desorientação narrativa são as palavras de ordem. O argumento da ação parece depender que o público ignore a lógica, uma vez que o próprio filme continuamente se desprende da mitologia frágil e vaga que constrói. O maior enigma talvez seja se estas escolhas são propositais.
 

Teresa Palmer é a grande heroína dessa história. Não apenas por interpretar a protagonista, mas também por entregar uma interpretação honesta e potente que traz credibilidade para um filme que, de outra forma, dificilmente conseguiria se sustentar apenas com sua trama. O restante do elenco entrega performances dentro do esperado, mas parece meio perdido em meio ao enredo confuso e que frequentemente não sabe o que fazer com seus personagens.
 
Gêmeo Maligno é um quebra-cabeça que parece não entender bem quais são as peças que o compõem, mas que pode agradar quem busca um entretenimento assustador descompromissado. Certamente deixará o público despreparado, sem saber qual rumo a história vai tomar. Mas talvez nem o próprio filme saiba. 
 
Trailer
 

Ficha Técnica
Título original e ano: The Twin, 2022. Direção: Taneli Mustonen. Roteiro: Aleksi Hyvärinen e Taneli Mustonen. Elenco: Teresa Palmer, Steven Cree, Barbara Marten,Tristan Ruggeri, Andres Dvinjaninov, Nick Conno, Tiiu Uibo,  Raivo Trass, Liisi Org, Kert Kurist, Raul Talmar. Gênero: Terror. Nacionalidade: Finlândia. Trilha Sonora Original: Panu Aaltio. Fotografia: Daniel Lindholm. Edição: Aleksi Raij, Toni Tikkanen. Design de Produção: Tiiu-Ann Pello. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h48min.
 

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Escrito por Petterson Costa

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