quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A Acusação, de Yvan Attal | Assista nos Cinemas


Culpado ou Inocente? Qual será o seu veredito após assistir “A Acusação”, longa de Yvan Attal, que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas ? O longa-metragem distribuído pela Imovision perdura por 2 horas e 18 minutos e é baseado no romance “Les Choses Humaines” da escritora francesa Karine Tull. A trama tem tudo para provocar reações e levantar inúmeros debates.

Dirigido pelo israelense Yvan Attal (que para quem não sabe, é o dublador de Tom Cruise nas versões francesas dos filmes “De olhos bem abertos”, “Missão Impossível II”, “Vanilla Sky” e “Minority Report”). Attal assina o roteiro juntamente com Yaël Langmann e no elenco temos: Charlotte Gainsbourg, que fora das telas, é esposa do diretor, vive Claire na trama, Ben Attal, filho de Yvan que interpreta aqui Alexandre Farel, Suzanne Jouannet que dá vida a Mila Wizman. Também Mathieu Kassovitz como professor Adam Wizman, Pierre Arditi como Jean Farrel, Laëtitia Eïdo aparece como Yasmina, e Camille Razat é Quitterie, entre outros.

A obra aborda um tema sempre atual, de vital importância, necessário e extremamente delicado - a agressão sexual. Cada vez mais é preciso enfatizar que “Não é Não!” e mudar comportamentos nocivos arraigados em uma educação baseada na masculinidade onde tudo é permitido. Tanto em casos de abuso como no ponto extremo da agressão sexual e estupro não cabe apenas apontar responsáveis e/ou culpados, mas sim enxergar os danos permanentes causados por tais atos. A primeira parte do filme procura situar cada personagem e sua dinâmica familiar, dando um panorama de suas personalidades e comportamentos.


O protagonista masculino Alexandre Farrel, brilhantemente interpretado por Ben Attal, é um estudante francês que está cursando uma renomada universidade americana. A princípio mostrado como um jovem estudioso e responsável que está voltando para a casa do pai Jean Farrel, um jornalista famoso, que irá receber uma honraria. Por debaixo do verniz social, o público irá conhecer o lado B destes homens e seus comportamentos machistas e nocivos. Alexandre tem uma relação antiga com uma mulher mais velha com quem troca mensagens comprometedoras. Usa um linguajar de baixo calão para com ela, com termos pejorativos. Jean é um mulherengo, oportunista, que se aproveita do status e poder para abusar de jovens estagiárias. O exemplo do pai é refletido nas atitudes do filho.

Trailer

Ficha Técnica
  • Título original e ano: Les choses humaines, 2021. Direção: Yvan Attal. Roteiro: Yaël Langman e Yvan Attal - baseado na obra de Karine Tuil. Elenco: Benjamin Lavernhe, Ben Attal, Suzanne Jouannet, Charlotte Gainsbourg, Mathieu Kassovitz, Pierre Arditi, Audrey Dana, Judith Chemla, Camille Razat, Laëtitia Eido. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Mathieu Lamboley. Fotografia Rémy Chevrin. Design de Produção: Samuel Deshors. Distribuição: Imovision. Duração: 138min.

Jean é separado da mãe de Alexandre, Claire, uma ativista radical que defende as causas feministas, até o ponto em que essas mesmas causas batem à sua porta. A mulher mantem uma relação com o Professor Adam, com quem vive, juntamente com a filha Mila. A mãe de Mila não vê com bons olhos essa nova família de seu ex. Até este ponto da narrativa o público é exposto única e exclusivamente às relações familiares e os dramas psicológicos e comportamentais que os envolvem. Após um jantar na casa da mãe, Alexandre é convidado a levar Mila, que ele acabou de conhecer, para uma festa. É nesta festa que o suposto estupro ocorre. Os fatos serão narrados em flashbacks no decorrer do julgamento. 

O rapaz nega o ocorrido a princípio, mas vai mudando seus depoimentos à medida que fatos comprometedores surgem nas investigações e exames da jovem. Tudo leva a incriminá-lo. Alexandre, inclusive, guardou a calcinha de Mila como prova, para ganhar um desafio proposto por seu grupo de amigos. A segunda parte da trama envereda para um intrigante caso judicial. O público fará parte do júri. Pontos a serem analisados: Foi uma relação consensual? Mila optou pela denúncia como vingança ao tomar conhecimento da aposta de Alexandre com os amigos. Se sentiu ofendida e se arrependeu de ter cedido? Alexandre apresenta uma personalidade machista e predadora, ignorando a negativa da garota? Até que ponto a credibilidade da vítima é respeitada? Seu comportamento está sendo posto em dúvida perpetuando comportamentos machistas? Mila estaria manipulando os fatos a seu favor para incriminar um inocente? 

Ao prestar depoimento, Claire admite que é fácil e oportuno militar por uma causa, desde que não haja ligações afetivas envolvidas. O amor filial muda os fatos. Jean fala sobre “zonas cinzentas” onde cada um acredita naquilo que lhe é conveniente, baseado em seus valores morais, sexo, privilégios de classe, raça, etc. “A Acusação” é uma obra com o propósito de gerar debates na sociedade e estes podem até ser polêmicos. E no fim, é um brilhante drama judicial. A produção foi apresentada na Seção Oficial do Festival de Veneza ano passado e também esteve no Festival do Rio este ano.

HOJE NOS CINEMAS

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