Gigi e a Lei, de Alessandro Comodin | 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


                                                                                                          PERSPECTIVA INTERNACIONAL
Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno, e exibido no Festival de Nova York.

Esta coprodução da Itália, França e Bélgica do diretor Alessandro Comodin é uma ousada proposta de documentário surrealista. Seguindo as andanças do policial Gigi numa pequena cidade da Itália, é uma sequência ininterrupta de conversas do Pier Luigi Mecchia, o Gigi, onde às vezes vemos seus interlocutores, outras não.

Essas conversas não têm muita lógica. Podem ter como tema quintais que se transformaram em florestas; suicídios em linhas de trens; suspeitos que andam sem parar nos arredores da cidade; parceiras belíssimas; vultos entre as árvores. O que se faz entender é que Gigi não é um protagonista confiável, sua conversação muito simpática pode ser apenas um monólogo.

Essa indefinição e suspeita na veracidade do protagonista ora nos faz pender para uma explicação mística, ora para um diagnóstico de saúde mental. Como o roteiro opta por não dar uma explicação definitiva, o documentário não esclarece, apenas provoca mais dúvidas. Então podemos ter um vilarejo extremamente comum, com um policial com problemas mentais, extrapolando suas funções; ou uma cidade mágica, onde florestas crescem nos quintais e os trilhos do trem são um reino mágico, de andanças intermináveis e suicídios inexplicáveis. 


Ficha Técnica
Título original e ano: Gigi la Legge, 2022. Direção e Roteiro: Alessandro Comodin. ElencoPier Luigi Mecchia, Tomaso Cecotto, Annalisa Ferrari, Mario Fontanello, Rebecca Martin, Ezio Massarutto, Massimo Piazza, Ester VergoliniMario Pizzolitto. Gênero: Documentário, drama. Nacionalidade: Itália, França, Bélgica. Fotografia: Tristan Bordmann. Edição: João Nicolau. Production Design: Tiziana De Mario. FigurinoTiziana De Mario. Duração: 102min.
O policial Gigi é o típico italiano. Conversa demais o tempo todo, muito simpático e agradável. Por causa do suicídio ocorrido na linha do trem, cria toda uma investigação paralela, perseguindo incessantemente um suspeito escolhido por ele a dedo, que no caso vem a ser o rapaz que achou o cadáver do suicida. Em paralelo, temos sua escaramuça com um vizinho por causa do tamanho das árvores do seu quintal. E, para coroar tudo, suas cantadas na atendente da central de chamados da delegacia, a quem convida para jantar certa noite. Se é verdade ou mentira qualquer uma dessas aventuras, não sabemos. Cada espectador vai criar sua teoria. 

Independente da dubiedade, o diretor impõe sua visão com eficiência, o filme ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Locarno de 2022. Porém não é para todos os públicos, é uma proposta ousada essa de criar um documentário sem um encadeamento lógico e nem todos conseguem embarcar no projeto. No entanto, cabe a licença poética. 

Nota: 4/10.

Vinheta da Mostra SP



Horários de exibição

27/10

14:00

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - AUGUSTA ANEXO 4

29/10

21:20

CINE MARQUISE Sala 2

30/10

18:30

ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 2

02/11

16:00

CINE SATYROS BIJOU


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Escrito por Marcelino Nobrega

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