Sra. Harris Vai a Paris: Um conto de fadas da terceira idade
Alerta de spoiler: ela realmente foi a Paris! Neste longa-metragem, acompanhamos a jornada da faxineira Ada Harris (Lesley Manville), que cumpre sua rotina diária, sendo uma mulher invisível enquanto faz a vida de todos ao seu redor melhor. Ela é uma nata sonhadora, e depois de receber a triste notícia de que o marido morreu dez anos atrás na guerra, Ada redescobre que ainda tem muito o que viver, graças aos sinais que acredita serem enviados pelo falecido Eddie, amor de sua vida. No seu cotidiano, em Londres, ela é conhecida e querida pelas pessoas que estão à sua volta. Mesmo os mais autocentrados, como uma das patroas de Ada que é aspirante a atriz
Não é a primeira vez de Lesley Manville em um filme que explora o mundo da moda, ela participou de ‘Trama Fantasma’. Mas em ‘Sra Harris Vai a Paris’, longa ambientado nos anos 50, nós seguimos Ada e sua história, até encontrar a motivação certa para tal: um vestido. O vestido Dior. Aqui, temos um filme que romantiza a costura e a arte por trás dela. Ada, além de faxineira, tem mãos habilidosas para trabalho, e ao se deparar com O vestido da patroa, quer alcançar a meta de poder comprar um destes belos modelos. Então, vemos o quanto ela luta e se esforça para juntar o dinheiro das faxinas, e cada trocado suado, para alcançar esse sonho.
Lesley Manville dá vida a bondosa Ada, que pode até ser considerada uma espécie de Cinderela da terceira idade, a atriz faz com que torçamos pela humilde senhora, logo, compramos o sonho dela, e sonhamos junto. E então a mulher consegue o dinheiro necessário para chegar até Paris. Mas chegando lá, nem tudo é o que parece ser, porque a realidade é bem diferente do que esta sonhou. A cidade Parisiense está com lixo espalhado para todos os lados - o pano de fundo na trama é uma greve dos trabalhadores por toda a bela cidade da torre Eiffel.
Créditos: © 2021 Ada Films Ltd - Harris Squared Kft.
O longa foi filmado ao final de 2020 e era previsto lançamento para fevereiro de 2021, mas foi postergado por conta da pandemia.
Nossa protagonista tem como traço principal, além de sonhar alto, a bondade e talvez, uma pureza que por diversas vezes a torna corajosa o suficiente, ou demasiado inocente, para entrar em situações adversas. Ao chegar na Casa Dior, Ada chama a atenção de todos por ser uma figura jamais vista num ambiente onde só modelos, madames da alta sociedade, figuras públicas, chefes e gente endinheirada frequenta.
Na época, Christian Dior era um estilista de uma marca de alta costura, que oferecia modelos exclusivos. Todos os funcionários da Casa Dior se encantaram com Ada, que se fez presente e não deixou a expulsarem do local. Mesmo a contragosto de Claudine Colbert, interpretada pelo grande ícone da atuação, Isabelle Huppert, Ada foi acolhida por André Farrell, o tímido e desajeitado contador da empresa, interpretado por Lucas Bravo (Emily In Paris). Lucas consegue, finalmente, interpretar o mocinho que ele nasceu para interpretar, já que seu personagem é apaixonado pela modelo que representa a Dior, Natasha (Alba Baptista). Ambos dão vida a personagens que se afeiçoam a Ada, e mesmo sendo secundários, conseguem entregar para o público, química e carisma com o pouco tempo que ambos têm de tela. Alba interpreta uma modelo que não se vê naquele lugar de glamour e festas, nos holofotes. E acaba descobrindo que tem muito em comum com o contador.
Em Paris, Ada se diverte, tira um tempo das faxinas, e percebe que ainda há espaço para novas paixões. Ela também aprende que tem valor, e não é uma mulher invisível. Seu trabalho como faxineira é importante, e sem sua ajuda, as pessoas ficariam perdidas Em sua jornada pela cidade Luz, Ada aprende mais sobre o significado e a importância da Casa Dior, bem como a valorização de cada etapa do trabalho dos funcionários da marca. A protagonista agita as coisas por lá, afinal, somente com a sua chegada e ajuda, eles conseguem transformá-la em algo maior do que somente alta costura. A mulher também retorna de Paris mais segura de si. Segura de que as pessoas precisam sonhar, principalmente em tempos difíceis.
Créditos: © 2021 Ada Films Ltd - Harris Squared Kft.
O palco do filme é situado em 1957, o mesmo ano em que o estilista Christian Dior faleceu devido a um ataque cardíaco.
O filme nos encanta com o tom leve de abordar os acontecimentos. Suas reviravoltas acabam soando um pouco dentro do comum, sem inovar. Mas a película não busca trazer uma nova fórmula de nada para o cinema, e às vezes, se redescobrir assistindo uma comédia dessas, é a melhor maneira de continuarmos sonhando também. Além de tudo, seguindo as regras da boa ''costura'', a atuação de todo o elenco, carrega uma química encantadora, onde todos tem sua função bem executada. Incluindo Jason Isaacs (Harry Potter), sempre conhecido por seus vilões. Aqui nós o vemos menos caricato e mais leve. O ator britânico tem até mesmo um tom de mocinho daqueles dignos de um bom romance.
Trailer
Ficha Técnica
- Título original e ano: Mrs. Harris Go To Paris, 2022. Direção: Anthony Fabian. Roteiro: Antony Fabian, Carroll Cartwright, Keith Thompson e Olivia Hetreed - baseado no livro homônimo de Paul Gallico. Elenco: Lesley Manville, Lucas Bravo, Isabelle Huppert, Lambert Wilson, Alba Baptista, Jason Isaacs, Ellen Thomas, Christian McKay. Gênero: Drama, Romance. Nacionalidade: Reino Unido, Canada, Hungria, França e Belgica. Trilha Sonora Original: Rael Jones. Fotografia: Felix Wiedemann. Figurino: Jenny Beavan. Edição: Barney Pilling. Design de Produção: Luciana Arrighi. Distribuição: Universal Pictires Brasil. Duração: 01h55min.
A obra é uma adaptação homônima de Paul Gallico, de 1958, com uma única versão publicada em 1992, chamada de ’Um Sonho em Paris’. A adaptação é dirigida por Anthony Fabian, que assina o roteiro junto de Carroll Cartwright, Keith Thompson e Olivia Hetreed. Lesley Manville, também assina a produção, além de ser a protagonista. Mas o figurino e a trilha sonora são os verdadeiros protagonistas da obra. O figurino é assinado por Jenny Beavan, responsável por filmes como ‘Mad Max Estrada da Fúria’ (2016) e ‘Cruella’ (2021). As peças de alta costura são belas de se ver, e os figurinos do dia a dia também. Já Rael Jones assina a trilha sonora, que nos faz entrar no universo deste filme, e sentir todas as emoções, conforme o plot se desenvolve.
E assim como a Senhora Harris, nós conseguimos ir a Paris, junto a ela, nesta comédia “Feel Good”. E quando o filme acaba, somos inspirados a encontrar motivações para sonhar, mesmo com todos os percalços pelo caminho.
HOJE NOS CINEMAS
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