sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Sol, de Lô Politi | Assista nos Cinemas


Filmes brasileiros que se desdobram sobre temáticas familiares onde houve o abandono de um filho e a fuga de um pai são sempre bem vindos visto que em nosso país tem-se uma estatística enorme do dito ''aborto paternal'' e ainda que mães e mulheres guerreiras ganhem muito mais representações nas telas, deixar de lado o papel masculino dentro das formações das famílias faz com que a audiência não pense tanto no assunto. Em ''Sol'', longa com direção de Lô Politi que chega esta semana aos cinemas, apresenta-se a trajetória de Theo (Rômulo Braga) que é forçado a reencontrar um pai que nunca antes tivera contato, mas quando este (Everaldo Pontes) cai doente, são para ele que as ligações são direcionadas. O homem é pai da sabida Duda (Manu Landim) e não exatamente sabe como se conectar com a filha, afinal, ele não passou por tal momento na  própria infância.

Recém separado, Theo vem tentando ficar perto da filha, se comunicar, mas tem um grande desafio, ele mesmo. Quando decide viajar para encontrar esse pai ausente, leva a menina em uma roadtrip pelo interior do país. A sua ideia é tentar resolver de alguma forma rápida a situação do seu progenitor e retornar para casa com a menina a tempo de seguir com sua vida, mas este pai de primeira viagem não está preparado para o que o caminho a ser percorrido o trará. Seu velho, um senhor frágil de cabelos brancos, calado, assim como ele, teve uma perda recente e sua casa também está sofrendo o risco de ser tomada por outros. A vizinha, a mesma que liga para Theo, faz de tudo para acomodá-lo com a filha e informa que é bom que eles estejão ali, depois de tantas ligações não atendidas ou negativas de parentesco com o doente.

O pai de Theo e avô de Duda está muito debilitado. Quando ganha a visita, ainda no hospital, tem um olhar seco, vazio, longínquo e sem qualquer afeto por aqueles que estão a sua frente tentando entender porquê ele está ali e se teve algum quadro de melhora. Os visitantes seguem então para a casa vazia do velho senhor. A vizinha traz explicações sobre a vida no lugar e orientações da casa enquanto a porta se abre e o enfermo adentra seu lar. Consternado, ele fugiu do hospital e pretende fazer de tudo para não perder a moradia. Por ser agora tido como responsável pelo homem, Theo então quer levá-lo a uma casa de idosos onde poderá ficar por um tempo e será bem cuidado. Inicia então outra viagem e uma que envolve não só a companhia da filha, mas deste pai que pouco conhece ou sente amor. 


Com um roteiro que tenta esmiuçar as relações e as conexões entre três gerações de uma família que teve laços cortados em certo momento de suas vidas, Sol não tem um resultado perfeito de suas tentativas, mas entrega uma forte atuação de Rômulo Braga. O ator foi, inclusive, premiado pelo papel no Festival do Rio e outros. A pequena Malu Landim se esforça para não soar muito robótica e até que convence. Seu bate bola com Braga faz o espectador pensar em como muitas vezes os homens tentam ser protetores, mas não conhecem suas fragilidades. Everaldo Pontes nos traz um personagem perturbado, com estrada e que mais observa do que tenta construir alguma conexão. Este papel quem faz no trio é Duda. A menina se apega ao avô muito rápido e faz o pai perceber a imensidão e a força dos laços de sangue, ainda que a superação de mágoas seja algo necessário, se é que isto é possível em situações do gênero.

Trailer

Ficha Técnica
Título original e ano: Sol, 2022. Direção e Roteiro: Lô Politi. Elenco: Rômulo Braga, Everaldo Pontes e Malu Landim. Gênero: Drama. Nacionalidade: Brasil. Trilha Sonora Original: Guilherme Garbato, Gustavo Garbato e Janecy Nascimento. Direção de Fotografia: Breno César. Montagem: Helena Maura, AMC. Direção de Arte: Mariana Hermann. Edição de Som: Beto Ferraz. Mixagem: Paulo Gama. Figurino: Teresa Abreu. Maquiagem: Nayara Homem. Som Direto: Ana Luiza Penna. Pós Produção: Psycho n' Look. Direção de Produção: Cláudia Reis. Produção Executiva: Eliane Ferreira. Produtores: Eliane Ferreira, Pablo Iraola e Lô Politi. Empresas produtoras: Dramática Filmes, Muiraquitã Filmes. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 100min.

Lô Politi dirigiu ''Jonas'' (disponível na menina Netflix) e também co-dirigiu ''Alvorada'' (leia texto aqui do filme que se encontra no Telecine para o play). Tem uma visão cinemática forte e seus filmes não passam batido. Sol tem muito teor de ''roadmovie'' e não é um dramalhão, mas se fortalece nesse olhar diferenciado da diretora em alavancar seus personagens e deixá-los construir um enredo compassado dando tempo e respiro para os conflitos apresentados se resolverem não de uma vez, mas com o tempo justo.

A produção é distribuída pela Paris Filmes e é um bom investimento da mesma, após um ano de lançamentos dos mais diversos, mas com um leque repleto de filmes de terror trash. Produzem o filme a Dramática Filmes e a Muiraquitã Filmes

EM CARTAZ

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)