Além de uma música de Sidney Magal lançada em 1990 em sua fase da lambada, “Me Chama Que Eu Vou” agora também é um filme. Dirigido por Joana Mariani (Todas As Canções de Amor, 2018) e distribuído pela Vitrine Filmes, o documentário se debruça sobre as várias facetas que o cantor teve ao longo de seus cinquenta anos de carreira e como a mídia e o público iam reagindo a sua performance.
O filme constrói seu visual com uma montagem feita a partir de colagens de revista, o que dá o tom da época em que o cantor explodiu. As imagens estáticas e manchetes chamativas, juntam-se as inúmeras imagens de arquivo. Tanto as filmagens domésticas quanto aquelas provenientes de programas de televisão tem uma estética analógica e granulada que agrega a essa concepção.
Ao invés de trazer uma narração ou vários depoimentos de talentos e empresários que conviveram com seu personagem, Joanna deixa que o próprio Magal conte sua história. A desvantagem é justamente a de que não há controvérsias. Não são exploradas polêmicas ou os defeitos do artista. Por mais que ele seja sincero quanto a seu narcisismo e à época de baixa de sua carreira, vemos a história sob o ponto de vista do próprio, que sustenta um ar confiante de quem superou todos os percalços. É como se Sidney Magal tivesse escrito sua autobiografia através de um ghost writer. Não é de surpreender que ao fim do filme, vejamos o nome de seu filho creditado como produtor. O filme parece mais um de seus atos de vaidade. Uma peça para enaltecê-lo, para mostrar a parte de si que ele quer mostrar, para desenhar seu legado.
Créditos: Divulgação
O Multi-artista e ícone da música brasileira Sidney Magal é homenageado no documentário que ganhou prêmio no Festival de Gramado de 2020 na categoria de ''Melhor Edição''.
E embora isso comprometa o aspecto mais jornalístico do documentário, o fator arte e entretenimento não são abalados por essa questão. O filme é tão carismático como seu retratado. E o fato dele se admitir um narcisista só aumenta o apreço que temos por ele, como quando uma criança admite uma travessura inofensiva.
À parte da recapitulação da vida do artista, o ponto mais interessante da obra reside em uma breve discussão sobre preconceitos classistas em torno do consumo de música. A curta duração do longa-metragem deixa no ar um gostinho de quero mais e os maiores sucessos de Magal já ficam grudados na cabeça assim que os créditos terminam.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Me Chama Que Eu Vou, 2020. Direção: Joana Mariani. Roteiro: Joana Mariani e Eduardo Gripa. Elenco: Sidney Magal, Magali West, Rodrigo West. Gênero: Documentário, Biografia. Nacionalidade: Brasil. Direção de Arte: Marina Quintanilha, Anderson Capuano. Montagem: Eduardo Gripa. Trilha Sonora Original: Sidney Magal e Caíque Vandera. Empresa produtora: MAR Filmes. Produção Executiva: Diane Maia e Morena Koti. Produção: Mar Filmes em parceria com a Globo News/Globo Filmes, Canal Brasil e Mistika. Distribuição: Vitrine filmes. Duração: 70min.
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