Escola de Quebrada, de Kaique Alves e Thiago Eva | Assista no Paramount +

 
Produções para o público adolescente são sempre vistas em canais fechados ou em horário especifico da grade de algumas emissoras abertas. Com a reviravolta que o streaming causou no mundo, as plataformas tem buscado atingir os mais diversos públicos com obras consistentes. É o caso de Escola de Quebrada, de Kaique Alves e Thiago Eva, que é um original Paramount+ e uma das grandes estreias da plataforma neste mês de março. O filme segue o jovem Luan (Mauricio Sassi) e apresenta ao público o espaço acadêmico em que este vive, a professora (Jéssica Barbosa),os amigos, Rayane (Bea Oliveira) e David (Lucas Righi), e todos os conflitos em volta da sua vida teen numa periferia de São Paulo. Não somente isso, conhecemos a família do garoto, a mãe (Pathy De Jesus), o pai, a avó Dona Anisia (Cleide Queiroz), o primo Willian (Juan Queiroz), a tia Ângela ( Aisha Nascimento) e até o tio Sangue Bom (Hélião) que retorna para casa após um tempo preso. 

Em coletiva de imprensa, no dia do lançamento do longa, na última sexta-feira (03), um dos diretores e criador da produção, Kaique Alves, revelou durante as indagações dos jornalistas, algo muito perceptível no filme, as influências da série ''Todo Mundo Odeia o Chris'' (2005-2009). A equipe jovem por trás de Escola de Quebrada é ainda formada por um dos maiores criadores recentes da indústria de curtas-musicais (os videoclipes), senão o maior, Konrad Dantas, o KondZilla. O produtor também revelou ter auxiliado em referências como ''Turma do Gueto'', dos roteiristas Netinho de Paula e Laura Marlin, que também falava da periferia de São Paulo, e se fez afirmativo na alegria que foi produzir a obra e trazer esse formato cheio de representatividade não só para aquelas pessoas, mulheres e homens pretos, pardos e de origem humilde, como também para evidenciar o palco onde se dá a trama. Afinal, quando falamos em periferia nas telas, sempre vemos o Rio de Janeiro e não especificamente os paulistanos.

Com um elenco que é a cara do Brasil, o filme traz um recorte especifico sobre o momento acadêmico do ensino médio em que Luan está com os amigos Rayane e David, o primeiro ano. O garoto, que só quer conquistar Camila (Laura Castro), decide então passar por uma transformação física e mudar de estilo para começar a ser notado e não ser lembrado apenas como o menino nerd da escola. Em um primeiro momento, a mudança não exatamente surte efeito já que quem o nota são os famosos ''valentões'' e, na realidade, ele inicia um verdadeiro corre para não apanhar dos muitos grupos que querem dar uma coça nele. Enquanto isso, a amiga Rayane tenta a todo custo exigir melhorias da direção do lugar. Para isso, tenta criar um Grêmio Estudantil e vai plantando a semente na cabeça dos colegas para que estes se tornem ativistas educacionais. Luan e David até ficam do lado dela, mas a moça parece lutar muito mais pela escola que qualquer um deles.  

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e Ano: Escola da Quebrada, 2023. Direção: Kaique Alves e Thiago Eva. Roteiro: Kaique Alves. Elenco: Mauricio Sassi, Lucas Righi, Beatriz Olieira, Pathy Dejesus, Rogério Brito, Oscar Filho, Helião, Mawusi Tulani, Jéssica Barbosa, Cleide Queiroz, Aysha Nascimento, Juan Queiroz, Laura Castro, Nina Baiocchi, Hugo Gomes, Felipe Kott, Kekel Souza e Rub Brown. Fotografia: Hélcio Alemão Nagamine, ABC. Direção Musical: Guilherme Gama. Edição: Marcio Canella. Produção: Estudios Paramount e KondZilla. Produção Executiva: Konrad Dantas (KondZilla), Juan 'JC' Acosta, Federico Acuervo, Maria Angela De Jesus e Tereza Gonzalez. Disponível no Paramount+. Duração: 1h03min.
Algo muito relevante da produção, que é curta e tem apenas uma hora de duração, é a proposta de falar da periferia sem trazer a tona os problemas sérios que esta muitas vezes apresenta em outros recortes. Aqui, vemos o colorido das roupas, dos calçados e dos óculos. Algo que realmente é muito visto no jovem de periferia. Um estilo de ''ostentação'' que não é de verdade, pois as roupas não exatamente são de marcas caras, mas sim genéricas - e há piadas muito divertidas sobre essa questão. O texto ainda toma tempo para abordar o uso do pronome neutro dentro da sala de aula e empodera alunos politicamente quando estes tentam cuidar da escola e a melhorar. O protagonismo é todo de Luan e sua quebra da quarta parede, mas há bons destaque para Monique, a mãe do garoto, a amiga Rayane, ou ainda a diretora da escola, Sônia (Mawusi Tulani). Piu-Piu, o inspetor do colégio, personagem de Oscar Filho, também tem seus momentos. Bem como o tio de Luan, Sangue Bom, vivido por Helião. Sempre com um bom conselho na mão, o homem que nem sempre esteve correto na vida, demonstra como as pessoas de periferias podem ter varias nuances. As escolhas para as construções de cada personagem ali fazem uma boa desconstrução dos moradores de favela.  

                                                                                                                        Créditos: Divulgação
As atuações de todo o elenco conversam e convencem. Escola de Quebrada adiciona cor, carisma e brasilidade no catalogo do Paramount+

A inserção da realidade no filme fica por conta de detalhes muito transparentes como quando um personagem pisa no tênis do outro ou quando regras de convivência são potencializadas e explanadas durante as cenas. Tudo isso agrega valor nostálgico a quem nasceu nos anos 90 e inicio dos 2000. Ademais, há um nível cultural e pop muito rico para os personagens que fica muito evidente.

O direcionamento de #EscoladaQuebrada tem tudo para conquistar o público mais jovem e até o mais velho, pois não traz algo batido e evoca referências do universo Hollywoodiano e até brasileiro que fazem muito bem ao conjunto da obra. 

Ao passo que a edição é rápida, o design da produção é como ela, colorida, dinâmica e muito antenada com o audiovisual moderno. A trilha musical é permeada por batidas de funk e até temos uma cena em que os personagens entram em um duelo de rap. O tom de comédia não se quebra e ao final chega-se a um bom resultado.


Escrito por Bárbara Kruczyński

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